17 - Andando em círculos

32 5 1
                                    


 — Eu não vou... — a mão de Hanagaki agarrou o braço de Mikey. — Eu não irei te deixar morrer!

— Que idiotice... — os olhos de Manjiro estava levemente fechados, delirando nos próprios devaneios. — Eu tentei te matar, lembra?

A cabeça de Hanagaki girava, a dor e o medo começavam a desampará-lo, obrigando seus sentidos começarem a falhar. Seu peito doía, tanto que não conseguia respirar direito, o sangue sujava a janela enquanto tentava de toda forma puxar o amigo de volta. Lá embaixo as pessoas filmavam e comentavam sobre o que acontecia, não era sempre que uma reviravolta tão horrenda acontecia naquela rua.

Mikey havia atirado em Takemichi, tudo isso começara quando resolvera voltar para o futuro, e embora muita coisa tivesse sido mudada no passado, ainda haviam coisas erradas. Baji e Rukia ainda haviam sido assassinados e Mikey agora fazia parte de uma organização criminosa chamada Boten, que era investigada pela polícia. No entanto, Hinata estava bem, assim como Draken, Emma e os outros integrantes da antiga Toman.

Hanagaki achava que com a morte de Kisaki tudo se resolveria, quem poderia levar Mikey para o mundo dos crimes se não seu rival? Mas a verdade era que, desde que desfizera a Toman, Mikey se aliara há outros delinquentes, condenando-se a continuar a viver toda a angústia de sua vida, mas desta vez sozinho, sem envolver o pessoal da Toman com isso. Embora Takemichi quisesse um futuro em que Hinata estivesse bem, ele não poderia ter um futuro em que Mikey continuasse afundado na escuridão, sofrendo.

— Por que você é assim? — ele gritou, agarrando-se mais forte ao braço do antigo comandante. — Por que escolhe guardar tudo para você? Por que não me deixa ajudá-lo?

— Pare... Takemichi... me deixe descansar...

— Irei te ajudar... por favor, me deixe ajudar, queira minha ajuda!

Era seu fardo, sua dor, mas talvez dividi-la com alguém em quem confia não fosse má ideia. Desde que perder seu irmão as coisas pareciam vazias, lentas, mas tinha seus amigos, que fielmente andavam ao seu lado lhe dando auxílio, e talvez a vida fosse assim, a dor nunca nos vence se podemos compartilhá-la com quem amamos. O vislumbre do corpo de Rukia naquele parque de diversões retornou a sua mente, fria, o coração perfurado e o corpo emergido numa imensa poça de sangue, ele não queria vê-la assim, nenhum deles.

— Me ajude... Takemichi...

[...]

2008

A luz encheu o rosto de Takemichi enquanto os gritos de sua mãe lhe enchiam os ouvidos, era manhã, dia de aula e ele era estudante do ensino médio. Saber que havia retornado era como nascer novamente, seu coração se enchia de esperanças, de vontade de viver, mas ainda não podia se perder nesses sentimentos.

O garoto foi direto até Hina, contou tudo que havia acontecido e depois foi procurar seus amigos, tentando estar a par de tudo que parecia ter a ver com Mikey. Naquele momento haviam três gangues disputando espaço em Tóquio e uma delas era liderada por Mikey.

Rukia e Baji estavam sentados, a frente de ambos xícaras com café fumegavam soltando vapor, quando Takemichi e Chifuyu sugeriram o encontro eles acharam melhor um lugar que pudessem comer e sair de casa ao mesmo tempo, Draken sugeriu aquela lanchonete. O trio de loiros não demorou muito a chegar, e embora parecessem calmos, havia muita coisa para dizer.

— Que o Mikey lidera a Kanto Manji já sabemos, — Baji desabafou depois de tomar um pouco do café da xícara. — mas não conseguimos sequer ver sua sombra...

— Tudo deu errado... — Hanagaki admitiu. — Eu errei, errei em acreditar que ele terminaria a Toman porque seria o melhor para todos, acabei deixando o Mikey pior, foi como se tudo que fizemos não significasse nada no futuro.

Rosa Negra - Tokyo Revengers (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora