7 - Problema

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Rukia encarava a mensagem que havia enviado a Baji há quase meia hora, havia muito dinheiro naquelas malas, dinheiro suficiente para comprar uma casa e viver bem por anos, ela queria comunicar isso ao moreno, mas ele simplesmente deixara de respondê-la.

Manjiro chegou tarde naquela noite, pelo semblante algo parecia incomodá-lo profundamente, no entanto, por mais que tentasse dizer alguma coisa, ele não parecia querer responder. Um clima silencioso e cinza se instalou no quarto, ele imerso em pensamentos e ela em preocupação.

Não tinha mais a ver com falta de confiança, muito pelo contrário, os membros da Toman a aceitaram tão bem que era difícil negar, Mickey apenas sentia que algo dentro dele começara a se quebrar, como se quebrara quando seu irmão mais velho se fora. Um sentimento sombrio que parecia o arrastar para um abismo de dor, onde por muitas vezes encarava o próprio rosto contra o espelho se perguntando onde encontraria novamente a felicidade. Não conseguia demonstrar o próprio sentimento nem mesmo para as pessoas que mais confiava.

Ela ficou encarando-o por horas, não sabia se o comandante dormia ou se como ela estava perdido, a ausência de informação obrigava sua mão a tremer, o estômago revirava procurando uma alternativa para toda aquela escuridão. Há meses seus pais a deixaram assim, imersa nas sombras, e quando finalmente pôde ter uma luz, foi quando se viu sozinha, abandonada a própria sorte. Ela não queria que Mickey se sentisse daquela forma.

— Sei que não está dormindo...

— Por que gosta tanto de se meter onde não é chamada? — a voz dele estava firme, como quando se apresentava diante toda a gangue.

— Consigo ouvir sua respiração daqui, — ela afirmou, moveu lentamente as mãos sobre a barriga descansando os dedos abertos naquela região. — parece gritar silenciosamente por ajuda.

Mickey abriu os olhos, de alguma maneira seu corpo doeu como se tivesse sido apunhalado por uma espada.

— O que você entende disso? — ele perguntou sentando sobre a cama, estava escuro, mas a luz da lua que entrava pela janela era suficiente para fazê-lo enxergar seus olhos. — O que sabe sobre gritar silenciosamente?

— No fundo sei que sempre estive gritando. — ela explicou, os dedos moviam-se fazendo círculos lentos sobre a barriga exposta. — Acho que as pessoas são colocadas em nossas vidas para nos ajudar a viver, Mickey, se guardar tudo para si, uma hora vai transbordar, e talvez não seja possível conter.

Mickey se moveu pelo quarto, os pés descalços fizeram barulho enquanto caminhava para perto da cama dela, sentou-se sobre o chão, ao lado da cama, onde outrora a tinha visto dormir sobre os desenhos, ele queria se sentir perto o suficiente para que pudesse apenas escutá-la, sem a interferência do mundo lá fora.

— Quer que eu compartilhe? — a pergunta era sincera, ele queria saber se estava entendendo corretamente o que ela dizia.

— Olhe para si, — Rukia virou-se a direção do comandante. — a Toman não é apenas uma gangue, é um grupo de amigos, e embora isso pareça loucura, todos matariam e morreriam pelo comandante deles, você não está sozinho.

Mickey repetiu a última frase mentalmente, sentimento seu coração se acalmar, a escuridão de sua mente escorria lentamente para fora, ofuscada pelas palavras da garota.

"Não estou sozinho" ele repetiu para si, os olhos azuis de Rukia agora pareciam uma bússola guiando-o pelo mar da loucura. A garota passou os braços ao redor dele, com cuidado o trouxe para a cama, deitando-os abraçados, Mickey respirou fundo, queria conter a vontade de chorar sem que ela pudesse vê-lo assim, mas foi impossível, a moreno segurou seu rosto entre as mãos e o encarou com precisão.

Rosa Negra - Tokyo Revengers (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora