Rukia encarava a mensagem que havia enviado a Baji há quase meia hora, havia muito dinheiro naquelas malas, dinheiro suficiente para comprar uma casa e viver bem por anos, ela queria comunicar isso ao moreno, mas ele simplesmente deixara de respondê-la.
Manjiro chegou tarde naquela noite, pelo semblante algo parecia incomodá-lo profundamente, no entanto, por mais que tentasse dizer alguma coisa, ele não parecia querer responder. Um clima silencioso e cinza se instalou no quarto, ele imerso em pensamentos e ela em preocupação.
Não tinha mais a ver com falta de confiança, muito pelo contrário, os membros da Toman a aceitaram tão bem que era difícil negar, Mickey apenas sentia que algo dentro dele começara a se quebrar, como se quebrara quando seu irmão mais velho se fora. Um sentimento sombrio que parecia o arrastar para um abismo de dor, onde por muitas vezes encarava o próprio rosto contra o espelho se perguntando onde encontraria novamente a felicidade. Não conseguia demonstrar o próprio sentimento nem mesmo para as pessoas que mais confiava.
Ela ficou encarando-o por horas, não sabia se o comandante dormia ou se como ela estava perdido, a ausência de informação obrigava sua mão a tremer, o estômago revirava procurando uma alternativa para toda aquela escuridão. Há meses seus pais a deixaram assim, imersa nas sombras, e quando finalmente pôde ter uma luz, foi quando se viu sozinha, abandonada a própria sorte. Ela não queria que Mickey se sentisse daquela forma.
— Sei que não está dormindo...
— Por que gosta tanto de se meter onde não é chamada? — a voz dele estava firme, como quando se apresentava diante toda a gangue.
— Consigo ouvir sua respiração daqui, — ela afirmou, moveu lentamente as mãos sobre a barriga descansando os dedos abertos naquela região. — parece gritar silenciosamente por ajuda.
Mickey abriu os olhos, de alguma maneira seu corpo doeu como se tivesse sido apunhalado por uma espada.
— O que você entende disso? — ele perguntou sentando sobre a cama, estava escuro, mas a luz da lua que entrava pela janela era suficiente para fazê-lo enxergar seus olhos. — O que sabe sobre gritar silenciosamente?
— No fundo sei que sempre estive gritando. — ela explicou, os dedos moviam-se fazendo círculos lentos sobre a barriga exposta. — Acho que as pessoas são colocadas em nossas vidas para nos ajudar a viver, Mickey, se guardar tudo para si, uma hora vai transbordar, e talvez não seja possível conter.
Mickey se moveu pelo quarto, os pés descalços fizeram barulho enquanto caminhava para perto da cama dela, sentou-se sobre o chão, ao lado da cama, onde outrora a tinha visto dormir sobre os desenhos, ele queria se sentir perto o suficiente para que pudesse apenas escutá-la, sem a interferência do mundo lá fora.
— Quer que eu compartilhe? — a pergunta era sincera, ele queria saber se estava entendendo corretamente o que ela dizia.
— Olhe para si, — Rukia virou-se a direção do comandante. — a Toman não é apenas uma gangue, é um grupo de amigos, e embora isso pareça loucura, todos matariam e morreriam pelo comandante deles, você não está sozinho.
Mickey repetiu a última frase mentalmente, sentimento seu coração se acalmar, a escuridão de sua mente escorria lentamente para fora, ofuscada pelas palavras da garota.
"Não estou sozinho" ele repetiu para si, os olhos azuis de Rukia agora pareciam uma bússola guiando-o pelo mar da loucura. A garota passou os braços ao redor dele, com cuidado o trouxe para a cama, deitando-os abraçados, Mickey respirou fundo, queria conter a vontade de chorar sem que ela pudesse vê-lo assim, mas foi impossível, a moreno segurou seu rosto entre as mãos e o encarou com precisão.
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Rosa Negra - Tokyo Revengers (CONCLUÍDA)
Fanfic"A morte e o abandono, dois inimigos que ela ainda não sabia enfrentar, diante de seus olhos, ferindo seu corpo sem ao menos lhe tocar, como um rasgo na alma que se tornou impossível de curar, um pesadelo, um sonho. O futuro. Rukia sobressaltou, s...