21- Lute

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Não estava acostumada a andar sobre um salto tão alto, mas prometera a Mitsuya que faria seu melhor. E fizera, desfilara como se fizesse isso para a própria Emma, imaginando-a na plateia prestigiando o desfile, e sabia que onde quer que a amiga estivesse, estaria olhando para ela naquele momento.



A morena encarou Mitsuya enquanto o mais velho discursava, seus olhos cheios de lágrimas, doloridos, mas convictos do que queria. Takemichi havia dito sobre fazer sua própria gangue, e embora outrara tivesse pensando em apenas seguir em frente, nenhum deles concordava com isso de verdade. Todos queriam um futuro melhor, para Mikey, para Hina, para todos, um futuro no qual pudessem estar juntos, que pudessem finalmente desfrutar da felicidade que mereciam ter.



O renascimento da Tóquio Manji se deu ali, no decreto de Mitsuya. Ele voltaria a liderar a segunda divisão com Hakkai de vice-líder, Baji continuaria como capitão da primeira divisão e Rukia seria sua vice, Chifuyu agora seria o vice-presidente, a terceira divisão continuaria com Pah e Peyan, assim como a quinta também teria Smiley e Angry, a sexta divisão seria liderada por Senju, com Inui como seu vice.



Hanagaki fez questão de comunicar ao antigo amigo sobre sua declaração de guerra, sem dar brecha para que pudesse escapar daquilo. Já que Mikey precisava de uma demonstração melhor de força, ele daria isso a ele, o derrotaria e tornaria a Toman novamente a maior gangue de Tóquio, colocando o Sano no caminho correto para que o futuro pudesse ser como todos desejavam.



Hajime sentou-se perto de Mikey, os olhos do presidente estavam baixos, como costumava fazer desde que reconstruira sua gangue com os membros das outras duas divindades. Kokonoi admitia mentalmente que não sentia admiração por aquela formação, e se não fosse pelo dinheiro, ele jamais estaria ali.



— A segunda geração da Toman declarou guerra contra nós. — o moreno informou, procurava não encarar Mikey quando o mesmo mantinha aquela postura.



— Então é isso que ele quer... — Manjiro parecia falar mais para si do que para Koko.



— Será em setembro... — o moreno quis continuar, mas notou o descontentamento nos olhos do superior.



Setembro era um mês muito importante para Mikey, foi quando conhecera Rukia, e desde que a abandonara esse dia era como um pesadelo, perdia-se nas lembranças do sorriso da garota, da ingenuidade de sua existência, e embora agora gostasse de imaginá-la nua, implorando por ele, ele também se lembrava das coisas mais puras que havia vivido ao lado dela.



E enquanto ele passaria os dias apagando cada vestígio dela de si, ela passaria os dias se empenhando para vencê-lo, exatamente como fazia antes, treinando. Todos admitiam que precisavam e até mesmo Inui aceitou participar daquilo, estar o mais forte possível seria pouco para aquele dia e eles pretendiam dar o melhor que tinham.



Viveriam cada dia até lá juntos e se fosse preciso, morreriam juntos também.



[...]



Rukia estourou uma ampola dando alguns petelecos no vidro e em seguida despejou o líquido sobre os dedos, sua mão sempre fora pequena e leve demais, precisaria de uma ajuda para não senti-la doer no meio daquela confusão. Vestia seu antigo uniforme — embora agora tivesse algumas letras diferentes — e o cabelo estava amarrado num rabo de cavalo bem levantado, Baji também tinha amarrado o cabelo antes de sair de casa e vestia o uniforme de capitão da primeira divisão, adornado pela faixa branca que indicava estar pronta para a guerra.



Eles foram de moto até o ponto de encontro — com excessão de Rtin, que preferiu dirigir até lá — e estacionaram mais atrás para esperar pela amiga. Ela estacionou cuidadosamente ao lado das motos e encarou seu reflexo no retrovisor, lutaria contra pessoas que gostava, mas seu semblante ainda estava tranquilo enquanto a isso, quando saiu do veículo levou consigo a bandeira que os garotos pediram para que levasse no carro, ela era um pequeno ponto no meio daqueles garotos, levando em mãos o símbolo da toman.



— Aqui está. — ela esticou o objeto para Hakkai. — Mostre ela pra todo mundo.



O sorriso da menina fez o garoto de cabelos azuis se encher de esperança.



— É bom ter você aqui, Rukia. — Senju se aproximou da morena. — É a primeira vez que tem outra mulher na luta.



— E dessa vez eu realmente posso lutar!



Eles seguiram caminhando para dentro do local, a frente haviam quinhentos membros da Kantou, esperando por uma luta, uma massacre. Rukia estava a frente junto com os capitães, Hanma seguia quase que colado a seu corpo, o moreno havia prometido cuidar de sua irmãzinha naquela luta, e faria isso com a ajuda de Baji.



— Tem certeza que não querem desistir? — aquela voz firme, ela se lembraria mesmo morta, Sanzu. — Já não provamos que somos melhores na batalha das três divindades? Se querem uma brincadeira é melhor procurar crianças para isso.



— Não viemos aqui para desistir. — Takemichi começou um murmuro. — A Toman não é assim, ela não desiste. Se quiserem nos parar terão que nos matar.



Sanzu mostrou um sorriso, não usava a típica máscara de alguns anos, exibia as cicatrizes na boca como um troféu, uma lembrança cruel do que Mikey poderia fazer com quem entrasse no caminho dele.



— Deveria ao menos ter deixado as garotas em casa. — um dos mais altos, com tranças no cabelo, disse sorridente. — Da última vez não foi suficiente, Senju?



Rukia moveu os dedos com cuidado, sentia o líquido que jogara sobre eles fazer efeito, uma dormência que instigava seus instintos de briga.



— Sua mãe que te ensinou a trançar o cabelo antes de ir para uma briga? — a morena perguntou, estava distante demais para encará-lo. — Não se preocupe, não iremos puxar seu cabelo durante a luta, apenas arrastar seu rosto no concreto.



Os membros da Kantou pareceram animais ao ouvir aquilo, murmurando palavrões e ameaças na direção da mais baixa, que sorria exibindo os dentes perfeitamente alinhados. Mikey olhou para sua própria gangue de soslaio quando as intenções sexuais deles começaram a aparecer, os olhos negros apesar de neutros exalavam profunda escuridão, como se desejasse se vingar por cada comentário, cada ofensa.



— Vamos começar isso de uma vez. — Takemichi gritou.



O loiro correu e todos pareceram segui-lo, a Kantou Manji começou a se mover na direção dos inimigos, destilando ódio pela atmosfera. Takemichi e Kakucho começaram uma disputa, e o Hanagaki pareceu ter um pico de coragem que o fez derrubar o amigo de infância com apenas um soco. A luta pareceu começar de fato naquele momento.



Senju lutava sozinha, derrubando todos que entravam em seu caminho; Baji também fazia o mesmo, não pareciam ter freio ou sentir dor. Rukia derrubou seus primeiros oponentes com facilidade, socando-os com tanta força que podia ouvi-los estalar.



Mitsuya e Hakkai começaram uma luta frenética contra Ran e Rindou, e Inui correu abrindo caminhando para chegar até Kokonoi, queria fazê-lo mudar de ideia mesmo que fosse necessário bater em seu melhor amigo.



A luta parecia se encaminhar bem, embora estivesse numa grande desvantagem, onde cada um precisasse derrotar pelo menos dez para vencer, a Toman estava se saindo muito bem, os treinos durante o tempo que tiveram foram importantes para fazê-los ter vantagem em força e união.



Senju perdeu as contas de quantos derrubou, mas sentiu seu coração fraquejar quando foi colocada diante o irmão, Sanzu. Sua mente bagunçava as lembranças de sua infância, infância que só havia revelado a Takemichi, e ninguém ali fazia ideia da dor que ela carregava por seu culpar todos os dias. Cometera um erro quando mais nova e a chance de corrigí-lo estava ali, diante seus olhos. Ao contrário da mais nova, Sanzu não queria uma conversa, segurava na mão direita uma barra de ferro que achara por ali, pronta para usá-la na própria irmã.



E não demorou para que começassem a lutar. Inui, do outro lado, foi cercado por diversos membros da Kantou que queriam impedir que o mesmo chegasse até o amigo de infância. Hakkai e Mitsuya também foram pegos numa armadilha, Baji e Hanma lutavam lado a lado derrubando quem viam pela frente, Takemichi e Chifuyu também lutavam freneticamente para se manter em pé. E Rukia, essa estava cercada por uma roda, derrubando aos socos e chutes todos que tentam derrubá-la, claro que eles também apanhavam um pouco, sangravam igualmente aos membros da Kantou, demonstrando que embora lutassem por motivos diferentes, ainda assim sangravam como humanos.



Sanzu derrubou a irmã mais nova com a barra de ferro, criando uma tensão grande nos membros da segunda geração Manji. Rukia aproveitou a desatenção para se livrar dos que tinham a sua frente, abrindo caminho até onde Inui estava, a garota pegou embalo numa corrida e apoiado o pé num dos contêiner pulou para perto de Hajime, que assustado com sua presença deu dois passos para trás. Não era a primeira vez que estavam cara a cara, e embora ele acreditasse ter vantagem numa luta contra a menina, algo o impedia de atacá-la. Mikey fixou os olhos na morena de onde estava.

Rosa Negra - Tokyo Revengers (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora