Bônus - Emma

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Entrei embaixo do chuveiro quente e deixei a água me lavar por completo. Não sabia com que cara olharia para Hobin no dia seguinte depois daquele beijo. Joonie não falou comigo no caminho para casa e nem quando chegamos, também não dei espaço para isso, fui direto para o quarto tomar banho.

Nunca demorei tanto num banho como naquele dia, eu não queria enfrentar Joonie. Aproveitei o horário e liguei para o meu irmão. Demorou um pouco para que ele atendesse e o vi de cabelos molhados.

– Chegou do jornal agora? – perguntei enquanto ele enxugava os cabelos.

– Agora a pouco, mas fui deixar Loren em casa. Que milagre é esse de você me ligar?

– Sinto sua falta! – era a verdade, eu ficava para morrer por não ter o colo dele quando a coisa fugia do meu controle.

– O que aconteceu? – ele colocou o celular no suporte e sentou-se de frente para tela. – Emma, você não é do tipo que expõe sentimentos assim. Está tudo bem?

– Está Tim! Eu só estou um pouco cansada com as responsabilidades. – joguei os cabelos para trás e os prendi em um coque. – Ser a líder de uma equipe é bem mais cansativo do que pensei. Hoje estávamos finalizando os trabalhos sobre o evento do fim de semana.

– Tenho que te dar os parabéns por isso, acompanhei a cobertura pelas redes sociais, você foi incrível irmãzinha. – eu sorri, sabia que ele estava orgulhoso.

– Eu tento! – ele riu. – Mas não liguei para falar de trabalho. Quero matar a saudade do meu irmão.

– Claro minha bebê. – ele sorriu meigo. – Deixa eu te contar, sabe a vizinha do 307? – eu assenti já sentindo a curiosidade crescer. – Não vai acreditar na confusão que se meteu.

Eu me deitei e coloquei o celular apoiado no travesseiro para continuar vendo o rosto tão familiar do meu irmão. Conversar sobre coisas triviais com ele era o que eu mais amava fazer.

Quando amanheceu, percebi que dormi falando com Tim, meu cabelo estava horrível e pela hora eu não teria muito tempo de arrumar, me arrastei para o banheiro e tomei um banho rápido, vestindo o primeiro vestido que encontrei e prendi o cabelo. Eu ainda tinha que enfrenta Hobin depois da loucura da noite passada. Peguei meu celular e conferi as mensagens e uma delas era de Hobin, céus, eu preferia sumir a responder.

Hobin: Quando chegar vem direto falar comigo, eu preciso entender o que tem de errado.

Emma: Está tudo errado, mas prometo te explicar, tá? Já estou saindo e chego aí daqui a pouco.

Hobin: Não vem correndo e vamos conversar com calma, tá legal?

Emma: Ok!

Não disse mais nada, não conseguiria. Peguei minha bolsa e saí do quarto, Joonie terminava de tomar café na cozinha e não olhou para mim quando entrei e peguei uma xícara de café.

– Então, – a voz dele soou grave. – você está mesmo tendo um caso com o seu chefe?

– Não é bem um caso, a gente só fica às vezes. – tomei meu café. – Acha que tem problema nisso?

– Claro que não! – ele riu. – Cada um decide como levar a vida. – parecia debochado.

– Pois é! – coloquei a xícara na pia. – Tim mandou um abraço para você. Preciso ir!

Aquele tom de voz debochado era o mesmo que ele usava comigo quando éramos novos e não gostava de algum garoto com quem eu saia, mas precisava manter Joonie longe e talvez essa fosse a única maneira.

Cheguei ao escritório sentindo as primeiras pontadas de uma dor de cabeça, cumprimentei Julie quase sem prestar atenção, passei direto pela minha sala e bati a porta da sala de Hobin, ele a abriu com um sorriso e deu espaço para que eu entrasse. Eu não conseguia o encarar, então me sentei e encarei minhas próprias mãos até perceber que ele se sentou ao meu lado.

– Emma? – me chamou, mas mesmo assim não conseguia fita-lo. – Se não olhar para mim vai ficar difícil conversarmos.

– Ainda estou com vergonha do que aconteceu ontem.

– Foi só um beijo, não foi nada demais. – finalmente consegui erguer a cabeça e olhar em seus olhos. – Só quero saber porque recorreu a isso, beijar seu chefe.

– Joonie não saia do meu pé, ele tem uma pseudo namorada – fiz aspas com os dedos. – e mesmo assim a atração entre nós não se aplaca, eu só precisava parar isso. Então eu te beijei e... – o encarei séria. – Você me beijou de volta.

– Eu só entrei na brincadeira, eu entendi que queria que ele visse o beijo e acredite, meu bem, ele não acreditaria que era sério se não visse o beijo. – ajeitou os punhos de sua camisa sob o terno. – Mas não se preocupe, só fiz aquilo para te ajudar mesmo.

– Isso é ótimo! – cruzei meus braços, depois de colocar a bolsa sobre sua mesa. – Eu não sei mais como lidar com essa situação, e para piorar tudo, hoje ele perguntou se tínhamos algo.

Hobin franziu o cenho e me encarou com os olhos semicerrados antes de apontar com o indicador entre mim e ele e assenti. Sua boca se abriu um pouco percebendo a gravidade do assunto.

– Você disse que sim?

– Eu não disse nem que sim, nem que não. Não tinha como voltar atrás na mentira. – tentei me justificar quando ele se levantou. – Desculpa. Eu prometo não te envolver tanto nisso, vou dar um jeito.

– Meu bem, isso vai ser bem difícil, porque ele vai acreditar que estamos juntos e agora você precisa manter. – ele cruzou os braços e me encarou. – Pelo menos por enquanto não poderemos desfazer a mentira.

– Vai me ajudar com essa loucura? – eu não conseguia acreditar, ele assentiu e se sentou de novo, mexendo no celular.

– Só precisamos acertar umas coisas antes, tá bem? – passou a mão pelos cabelos e eu assenti, esperando que ele falasse. – Eu sou seu amigo e não vamos passar disso, mas ele vai acreditar no contrário. – sorriu travesso.

Hobin não existia e eu era muito sortuda por conhece-lo.

Nothing Like UsOnde histórias criam vida. Descubra agora