Lull

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Yan abriu a porta do apartamento, ainda abraçando Emma. Seu choro diminuiu, mas ainda via algumas lágrimas caindo vez ou outra. Não sabia se ela explicaria o que aconteceu, também não perguntaria, deixaria que ela fizesse as coisas em seu próprio tempo.

– Você quer tomar um banho, algo para comer... – ela negou com um aceno. – Emma, você comeu alguma coisa? – ela negou de novo. – Então precisa comer. Eu vou fazer alguma coisa.

Yan a sentou no sofá da sala e colocou a bolsa dela no chão ao lado do estofado. Emma ficou ali, quietinha, enxugando algumas lágrimas, que insistiam em cair, com o dorso da mão. Estava muito chateada com o que aconteceu, Joonie era uma das pessoas em quem mais confiava e isso parecia quebrado agora.

Pegou o celular na bolsa e viu a sequência de ligações e mensagens dele, não ia retornar, responder ou atender. Precisava pensar um pouco. Desligou o aparelho e enxugou mais lágrimas, respirando fundo antes de se levantar e ir até a cozinha e observar Yan cozinhando.

Ele não percebeu sua presença e continuava envolvido com as panelas, ela pigarreou e ele olhou para trás e abrindo um sorriso, parou o que estava fazendo e veio até ela, parando a sua frente enquanto limpava as mãos no pano de prato.

– Você está bem? – ela assentiu. – Estou fazendo uma comida rápida, é um risoto, não sei se você come.

– Como sim! O cheiro está delicioso.

– Quer conversar sobre o que houve? – voltou para as panelas.

– Foi o que eu te disse: Ele e Thabata brigaram, eu tentei ajudar e percebi que o Joonie me usou como um escape das frustrações com ela. – suspirou, encostando a cabeça na parede. – Cara, eu me senti um lixo.

– É uma situação chata mesmo, mas não acho que Joonie quis te usar. Vocês têm uma história, ele deve se basear nisso, talvez um refúgio.

– Refúgio? Você beijaria sua melhor amiga por estar com raiva da sua namorada? – ele balançou a cabeça em negativa. – Tá vendo? – chegou mais perto, vendo o conteúdo da panela. – Agora percebi que estou com fome.

Yan tirou a panela do fogo, e colocou o risoto em dois pratos sobre o balcão, jogou a panela na pia e levou os pratos para mesa.

– Pega o vinho para mim, as taças estão no armário em cima da sua cabeça.

– Vinho no meio da semana? – ela estranhou, abrindo o armário, pegou as taças e levou junto com a garrafa para a mesa.

– Risoto pede vinho e uma taça apenas não faz mal algum.

Ela sorriu e os dois se deliciaram com a comida, Yan era realmente bom na cozinha e era a segunda vez que ela comia ali. Depois que terminaram, ele voltou a cozinha para lavar a louça e Emma decidiu tomar um banho.

O banheiro dele era todo preto e Emma adorou os detalhes de decoração, tinha uma banheira e sais de banho e como disse que ela poderia usar, aproveitou o momento. Saiu dali tão relaxada que os olhos até se fechavam de sono. Caminhou devagar até a sala e viu Yan sentado no sofá com o notebook sobre as pernas que estavam sobre os assentos, ao vê-la, se endireitou e sorriu.

– Gostou do banho?

– Nunca tomei banho de banheira antes, é tão gostoso e relaxante.

– Eu sei, me ajuda a aliviar a tensão! Sabia que meus visitantes gostariam de ter a mesma sensação que eu adoro, aí pedi para colocarem banheira no banheiro social também. – Emma se sentou ao seu lado e deu um beijo em seu rosto, colocando a cabeça em seu ombro.

– Obrigada por me acudir, não sei como chegaria à casa do Hobin naquele estado.

– Você não chegaria, era melhor não arriscar. – bagunçou um pouco seus cabelos soltos. – O quarto é no final do corredor, levei sua bolsa para lá, se quiser dormir; parece com sono. – colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – Eu preciso trabalhar um pouco.

– Tá legal! Não quero te atrapalhar. Boa noite, Yan!

– Durma bem, Emma.

Assim que ela saiu da sala, ele voltou ao trabalho. Escrevia o acordo de separação de Donna e Martin. Ele e Seth conversavam por mensagem enquanto redigia, mas sua cabeça estava no quarto de hóspedes da sua casa. Emma estava ali, e ele sabia o quanto gostava dela. Inutilmente é claro, já que ela estava com outra pessoa, mas, ainda assim, gostava dela, gostava muito. Balançou a cabeça, se livrando dos pensamentos, era inútil imaginar qualquer coisa.

Emma se enrolou no cobertor macio e quente que Yan deixou para ela, o perfume dele tomava o tecido. E sua cabeça ia a mil, confusa sobre o que sentia por ele. Sentia falta do amigo, mas às vezes, se pegava com saudades de quando se beijaram. Yan era calmo, transmitia tranquilidade e ela precisava disso em sua vida. Era uma das coisas que seu irmão mais dizia. Emma era agitada demais e precisava de seu extremo oposto.

Ela não precisava se preocupar em como agir perto dele e isso era confortável, mas os sentimentos por Joonie a atingiam como um soco no peito, era tão confuso estar perto dele. Eram amigos, tiveram benefícios na adolescência e alguns agora e isso a fez reviver aqueles sentimentos de menina que teve por ele. Normal se apaixonar pelo melhor amigo do irmão, não é mesmo? Mas isso passou, e agora era complicado estar perto dele, não tinha um só dia em que não brigassem e isso se dava por não conseguirem definir bem a relação deles.

E tinha Yan.... E o que sentia por ele estava além de uma simples amizade, mas não sabia definir o que era.

– Ai Emma, em que bela encrenca se meteu! – disse a si mesma enquanto pegava no sono.

Acordou com batidas suaves na porta, estava tão sonolenta que só conseguiu se sentar na cama e dizer que podia entrar. A cabeça loira de Yan apareceu e ele abriu a porta devagar, vestia uma camisa vinho de mangas compridas e uma gravata preta, além da calça social. Ela esfregou os olhos e se deitou de novo, pouco depois sentiu uma mão carinhosa em seus cabelos.

– Emma...

– Uhn...

– Estou indo trabalhar, deixei uma vitamina para você e pedi uma torta de limão no Peks, vão entregar em meia hora. – ela assentiu, abrindo um pouco os olhos. – Pode dormir até a hora que quiser e ficar o tempo que precisar.

– Se eu quiser ir embora o que faço com as chaves? – se mexeu um pouco, olhando para ele.

– Deixa com o porteiro. – beijou sua testa. – Fica à vontade! – acariciou sua cabeça. – Não precisa ter pressa.

– Se eu for embora, te aviso.

– Tá! – ele saiu e ela se aconchegou mais as cobertas, precisava dormir mais um pouquinho.

Nothing Like UsOnde histórias criam vida. Descubra agora