Nothing Like Us

Uncertain Truths

Yan chegou ao escritório alguns minutos atrasado e correu para a sua sala, não era normal não cumprimentar as pessoas e isso gerou alguns cochichos. Ainda sentia um mal-estar pela gripe e queria ficar sozinho, se jogou em sua cadeira, com o copo de café nas mãos e fechou os olhos por uns instantes.

Apesar de febril na noite anterior, se lembrava de tudo: de Emma mexendo em seus cabelos, fazendo carinho em sua cabeça e rosto enquanto viam a série, do beijo na testa, do seu sorriso. Por que não conseguia deixar de gostar dela? O que tinha de tão difícil nisso?

– O que aconteceu? – a voz de Seth o tirou de seu devaneio. – Passou feito um furacão pela recepção e não cumprimentou ninguém. Você não é assim!

– Minha noite foi complicada. – falou cansado e tomou um gole de seu café. – Lembra que te falei que estava me sentindo mal? – o amigo assentiu, abrindo o botão do paletó, se sentando na cadeira estofada em frente à mesa. – Fiquei bem pior depois que sai do escritório e fui a casa do Joonie ver se tinha algum remédio.

– A farmácia lhe atenderia melhor! – ironizou.

– Queria um lugar que pudesse entrar e sair rápido, a farmácia não era uma opção. Enfim, eu só ia pegar os remédios já que tenho a chave do apartamento. – Seth levantou a mão o interrompendo de novo. – O quê?

– Por que tem a chave do apartamento de seu amigo? – Yan levantou uma sobrancelha. – O quê? Isso não é uma coisa normal não.

– Desde a faculdade eu sou o mais responsável, o que bebe menos e entrega o pessoal em casa. Quando Joonie comprou o apartamento e me deu a chave como uma garantia de que se acontecesse algo eu pudesse levar todo mundo para lá sem problemas. É horrível procurar as chaves bêbado.

– Justo! – Seth deu de ombros. – Continua a história, porque sei que tem alguma coisa errada aí.

– Encontrei a Emma e ela me fez ficar para dormir e cuidar de mim. – Seth abriu e fechou a boca algumas vezes. – Eu sei, não devia ter ficado, mas eu estava tão ruim que fiquei.

– E agora está mexido com isso! – ele assentiu, com um pesado suspiro. – Por que não fala com ela sobre seus sentimentos? Você tentou de todas as formas esquecer essa garota, sou prova disso, te acompanhei em vários lugares para que pudesse conhecer outras pessoas ao longo do último ano, mas, mesmo assim, ela não sai da sua cabeça.

– Ela sai com o chefe! – frisou bem suas palavras. – E você já viu aquele cara, não tem como competir com tudo aquilo: o cara é bonito, – começou a contar nos dedos. – se veste bem, é editor e um dos donos da revista que ela trabalha, o sorriso dele parece que vai iluminar o mundo, trata ela como uma princesa e eu não chego nem na metade disso.

– Adoro te ver se humilhando assim! – Seth debochou em negação. – Pare de se comparar com ele, vocês são pessoas diferentes com atrativos diferentes. E fora aquele beijo, eles nunca assumiram nada e nem ficam na frente de vocês.

– E nem precisa né! – estava desgostoso. – Ela dorme na casa dele, acha mesmo que eles não têm nada?

– Acho que devia lutar pelo que quer. Se eles realmente tivessem algo sério, já teriam se assumido. – se levantou. – Mas, vamos deixar esse assunto para outra hora, temos que tratar de outras coisas aqui.

– Ótimo! Preciso mesmo encher a cabeça.

*****

Emma não tocou no assunto pela manhã, mas parecia emburrada e chateada. No almoço, contou a Hanie e Kim sobre o ocorrido e a recusa de Yan em se encontrar com ela para almoçar, isso a magoou mais do que ele sair sem despedir. Os amigos a questionaram sobre seus sentimentos pelo advogado, mas ela não soube definir bem o que sentia, só queria que a amizade deles voltasse a ser como era quando ela chegou em Chicago.

Se encheu de trabalho na parte da tarde, isso estava mantendo sua cabeça ocupada desde que chegou, já que fora de lá, pensava em Yan e em como ele a deixava confusa. As batidas a porta de sua sala a tiraram de seu devaneio.

– Emma! – Julie chamou com seu bonito sorriso no rosto. – Hobin pediu que vá a sala dele.

Emma se dirigiu para lá torcendo para que não fosse nada relacionado a sua conversa com Lewis. A possibilidade de perder o emprego ao tentar ajudar Tom a deixava sem dormir, mas estranhamente, Hobin parecia mais feliz que o normal.

– Queria me ver? – perguntou ao entrar.

– Sim! – fez sinal para que ela fechasse a porta. – A revista recebeu uma indicação na premiação dos veículos de mídia de Chicago pela entrevista com Tom Kim. – Emma sorriu. – Vou levar sua equipe a festa de premiação, e gostaria que fosse minha acompanhante.

– Devia levar outra pessoa como acompanhante! – ele sorriu sem jeito.

– Sabe que infelizmente não posso levar essa pessoa, não ainda. – Hobin rolou o anel em seu dedo anelar. – Vamos, todo mundo já acha que estamos juntos, alimenta a fic mais um pouco. – riu alto.

– Seu bobo! Só meus amigos acham isso e não são todos. – riu também. – Mas tudo bem, te acompanho na festa.

– Você tá legal? – segurou sua mão. – Parece triste...

– Confusa com o de sempre, ele dormiu lá em casa ontem.

– Ah... – Hobin se recostou a cadeira. – Acha que ele se afastou por causa de nós? – apontou o indicador para ela e depois para si mesmo.

– Creio que não, Yan sempre deixou claro que éramos só amigos e não estou confusa por ter esse tipo de sentimento por ele.

– Tem certeza?

– Tenho, é só que ele mudou drasticamente comigo da noite pro dia e não entendi nada. Só queria conversar e sair com ele como antes.

– E se ele tem esse tipo de sentimentos por você? Isso explicaria a mudança dele depois que tecnicamente, – fez aspas com os dedos no ar. – começamos a ficar.

– Não! Tenho certeza que não é isso. – ouviram batidas na porta e Kim colocou a cabeça com seu coque alto no cabelo bicolor para dentro.

– Se não estou atrapalhando, preciso que aprove umas fotos Emma!

– Claro, já estou indo.

– Avise a eles sobre a festa. – Hobin disse, quando ela caminhava para fora da sala.

– Pode deixar.