Não Há Lugar Como O Lar.

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Eddie Munson.

Após minha diabólica estadia no Arizona, e após o resultado desastroso do teste de gravidez, tudo o que eu consegui fazer fora juntar forças e voltar para casa na manhã seguinte.

Chrissy estava me evitando, trazendo a certeza sobre a fala do maldito Andrew: era o emprego dos sonhos e não havia nada em Hawkins que realmente a prendesse. E a ideia ilusória de termos um bebê havia me trazido esperanças sobre como ficaríamos juntos. Mas passou... Era apenas um grande nada agora. Nós dois sabíamos disso.

Havia uma sombra em seu olhar que me dizia isso. Ela não queria aquilo como eu quis. Chrissy nunca quis realmente ser mãe, não naquelas condições. Ela tinha um futuro pela frente, ela faria mestrado, ela ensinaria sobre história da arte em outros cantos do mundo. Engravidar de alguém como eu apenas a atrapalharia, assim como atrapalhou Lucy.

Dias se passaram desde que eu havia retornado à Hawkins. E estes mesmos dias foram se tornando semanas. Próximo ao verão, Jimmy estava feliz com a ideia de poder participar de um acampamento de ciências, um que Dustin havia enfiado em sua cabeça em uma de suas ligações, feliz por poder se gabar de ter encontrado a mulher de sua vida em um desses acampamentos de super-nerds. Então, quando Jimmy insistiu em participar daquilo, eu não pude negar. Eu tive minha parcela nerd durante a infância, não podia reprimir isso do meu filho.

Então, nas vésperas da sua viagem, estávamos nós dois, sentados na grama das bordas do Lago dos Namorados, bebericando de suco de uva e beliscando um sanduíche de pasta de amendoim com geleia de framboesa quando eu a vi.

Chrissy Cunningham usava um vestido de verão, vermelho com bolinhas brancas, uma grande toalha no braço e uma grande cesta de piqueniques. Na mão livre carregava suas sandálias rasteiras, deixando seus dedos longos e tortos tocarem a grama. E ela não me viu, ela não viu quando eu a observei sob meus óculos escuros, encostado contra uma árvore, se inclinar para arrumar a toalha xadrez no chão, se inclinando e dando uma boa visão de seus seios. E eu me senti sujo por isso.

Eu tinha que dizer, desde que eu tinha voltado para Hawkins, em nosso episódio no Arizona, eu não tinha ido para a cama com mais ninguém. Eu estive tão absorvido pelos meus problemas com o bar e com os avós de Jimmy que eu nem conseguia pensar nisso mais. Além de não conseguir encontrar nada como ela. Pois não era ela...

Os malditos Larry e Winnie haviam entrado na justiça, pedindo a guarda de Jimmy, de forma definitiva, alegando que eu não tinha condições de cuidar dele, principalmente, quando eu trabalhava a noite, em um bar. Eu havia recorrido com meu advogado sobre o caso, mas doutor Brooke não havia me dado muita esperança. Não quando Larry tinha ainda tanta influência em Hawkins, ainda que morasse em Lafayette e tivesse tido uma vida pública escandalosa. E talvez essa fosse a minha deixa para desmoralizá-lo e fazer com que desistisse desta ideia estúpida de tomar Jimmy.

Então, quando Chrissy sentou-se no lençol, de costas para Jimmy e eu e se espreguiçou como um gato, exatamente como costuma fazer após acordar, eu senti algo borbulhar em meu estômago. Eu sentia tanto a sua falta que o sentimento de não tê-la por perto corroía por dentro. Mas Chrissy era uma das boas razões de eu poder perder meu filho: me envolver sexualmente com sua professora. Isso era um escândalo sem tamanhos.

— Você já pensou na possibilidade de arranjar um namorado e viver em Hawkins? — eu escutei a voz do rapaz ao seu lado. Um rapaz mais novo que Chrissy, tinha cabelos castanhos, ele se sentou ao seu lado, remexendo na cesta de piquenique que ela havia colocado no chão. E, se eu não me enganava, aquele era Erick, seu irmão caçula. E eu me admirei que eles estivessem tendo aquele momento. Principalmente, quando Chrissy parecia tão sozinha em Hawkins desde que chegara.

Um Amor Para ChrissyOnde histórias criam vida. Descubra agora