Quando eu acordei na manhã seguinte, eu apenas conseguia sentir minha cabeça pesada pelo vinho. E acordar na cama que não era a minha me trazia uma sensação estranha.Quando me virei para o lado, Eddie ainda dormia, de forma confortável, seu peito subindo e descendo calmo. E eu senti meu coração palpitar mais pela cena.
Que porra estava acontecendo comigo?
Eu me levantei, notando então que eu vestia shorts de dormir com uma camiseta do AC/DC surrada pelo tempo e uso. Mas eu não podia julgar... era confortável. Logo, a lembrança de acordar de madrugada e trocar de roupa retornou para mim. E eu não tinha feito nada com Eddie, além de assistir Poderoso Chefão e dormir em seu colo.
Eu fiz as higienes matinais, grata por sempre carregar comigo escova de dentes na bolsa e quando saí do banheiro encontrei um Eddie sonolento na cozinha. Eu sorri para ele, me aproximando e depositando um beijo em suas costas.
— Bom dia, baby... — ele sussurrou, afagando meu cabelo e retornando sua atenção ao café, servindo as canecas em seguida. Ele tinha o cheiro de banho, indicando que havia acordado antes de mim para sua higiene matinal. Ele bebericou o seu café, beliscando uma torrada enquanto se sentava na mesa, ainda sonolento, mas ainda assim, a preocupação veio. — Dormiu bem?
Eu beberiquei do café, me sentando de pernas cruzadas na mesa, ao seu lado. Saboreando.
— Na verdade, dormir é um conceito bondoso. Eu apenas apaguei, a ponto de não lembrar quando troquei de roupa ou como fui parar na cama — contei, Eddie sorriu.
— Você se surpreenderia com o dom da paternidade, baby... — ele riu, deixando claro a forma como eu fui parar na cama. — Mas não se preocupe... você se vestiu sozinha.
— Eu me recordo, na realidade — admiti, comendo em seguida e não evitando observar a forma como a luz invadia a janela, iluminando os cantos daquele lugar. E era lindo. Eu quase poderia imaginar como Vincenzzo adoraria se deitar na fresta de luz que invadia a janela, tomando seu banho de sol. E de repente, eu senti a necessidade de fugir daquilo, olhando para meu relógio de pulso, acusando que eu estava espionando a hora.
— Você não precisa ir embora, Chrissy... — eu o escute dizer, levantei meus olhos para encontrar o mar castanho à minha frente. Eddie sorriu, cúmplice. — Eu sei que fizemos mal na última vez de só fugir e dizer aquilo, mas eu espero que entenda minha condição sobre Jimmy...
— Qual condição? — indaguei, curiosa. Eu entendia que ele estava apenas querendo proteger seu filho e esconder deste que andava dormindo com Deus e o mundo. E eu não o julgava. Adultos tinham necessidades diferentes.
— Eu não me envolvo com ninguém por causa dele. Sempre fomos nós dois desde que a mãe dele partiu... E vê-lo se apegar a alguém que pode ir embora a qualquer instante fode tudo o que eu planejei até aqui, sabe? — ele contou, sua voz embargada de pesar. — Jimmy já perdeu muita gente, no fim, só temos um ao outro. E eu não gostaria de fazê-lo sofrer por mais ninguém.
Eu suspirei, entendendo então.
— Não é sua responsabilidade dizer quem seu filho vai se apegar ou não, Eddie. Imagine quantas garotas legais você poderia ter estado e não ficou por causa dessa sensação de abandono? — perguntei, observando a forma como a careta se formava em seu rosto. — Eu não estou dizendo que quero entrar para a sua vida e ser a mulher da sua vida. Não é minha intenção... Mas eu já faço parte da vida dele, eu vou embora eventualmente, ou talvez me case e more aqui em Hawkins, ou me mude para outra cidade. Eu não sei... Mas criar Jimmy em uma bolha sem sentimentos só vai fazer mal a ele no futuro.
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Um Amor Para Chrissy
Literatura FemininaAnos após a conclusão do ensino médio, Chrissy Cunningham retorna à Hawkins como professora do ensino fundamental. Ela sabia que não seria fácil retornar após tantos anos, quando deixou toda sua vida e perspectivas de um futuro perfeito para trás. ...