A Caçada da Senhorita Cunningham

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Chrissy Cunningham.

O som alto de I Wanna Be Somebody tocava a todos pulmões naquela manhã de sexta-feira. Alguns dias haviam se passado desde meu pequeno encontro pós aula com Eddie e Jimmy. E eu me senti grata por não ter precisado evitar Eddie.

Não me leve a mal, mas eu não sabia como fazer aquilo. Não depois de ter sonhos eróticos com ele durante toda uma semana. E, de repente, eu estava pronta para ter um breve relacionamento com alguém, ir para a cama de alguém e esquecer o pai de um dos meus alunos.

Não que fosse fácil, mas eu precisava. E uma sexta-feira parecia o dia perfeito para dormir e acordar em um sábado na cama de um completo estranho. Então, eu fiz o que qualquer garota desesperada faria: eu fui para o Hideout em plena sexta-feira torcendo para que Eddie estivesse ocupado demais para me ver esgueirando nos cantos atrás de alguém interessante.

Não que um bar fosse o local ideal para aquilo, mas era melhor do que uma missa, disso podíamos ter certeza.

Eu apanhei um vestido preto, justo, até um pouco abaixo do joelho, com um salto fino e um casaco claro. Eu apliquei um pouco de maquiagem sobre o rosto e deixei meu cabelo solto. Eu estava, definitivamente, pronta para uma caçada.

Passava de um pouco mais das vinte e uma horas quando cheguei no estabelecimento, recebendo alguns olhares. E eu quase me questionei se eu tinha me vestido de forma muito vulgar.

Eu me sentei no bar, pronta para puxar assunto com qualquer pessoa enquanto bebia o suficiente para aceitar uma cantada de qualquer homem mediano. Mas, para a minha surpresa, não era Eddie quem estava no bar esta noite. Era o alto rapaz negro que o havia anunciado no último show, no domingo passado.

— Chrissy Cunningham... — eu o escutei dizer, de forma satisfatória. Eu sorri, tentando me lembrar de onde nos conhecíamos.

— A própria... — eu disse, bebericando meu Negroni. — Me desculpe, mas acredito que não lembro seu nome.

E eu me senti envergonhada por aquilo, mas o rapaz não. Ele sorriu, de forma satisfeita.

— Jeff — ele disse, estendendo uma mão para mim. Eu a apertei, de forma cordial.

Jeff do Hellfire, sim... O rapaz fazia parte do grupo de RPG de Eddie durante a adolescência.

— Oh — eu soltei, em reconhecimento. — É um prazer revê-lo, Jeff...

— O que devemos sua visita esta noite, tomando um Negroni e vestida como...

— Uma prostituta? — indaguei, completando sua fala. Jeff, por outro lado, desmanchou seu sorriso. Não parecia ser aquilo que ele queria dizer.

— Vestida como se estivesse pronta para matar qualquer um em uma missão — ele corrigiu, fingindo que meu comentário não significava nada. Eu sorri.

— Estou em uma sexta-feira em Hawkins... Eu escutei alguns colegas dizerem que aqui é um bom lugar para garotas solteiras como eu estarem em uma sexta-feira além de trancada em meu apartamento com meu gato enquanto assistimos Gatinhas e Gatões na TV. — eu contei, recebendo uma gargalhada carregada do rapaz.

— Não posso julgar — ele admitiu. — Eu não vou mentir que eu adoraria estar em casa com a Katy para assistirmos isso, enquanto eu reclamo do conteúdo.

— Aposto que assistir O Poderoso Chefão te satisfaz muito mais — eu ri, me lembrando como Andrew adorava assistir.

— Você sabe, senhorita Cunningham: aquele que depende de outras pessoas, depende de sobras... — ele soou, imitando o som mafioso de Don Corleone. Eu sorri, reconhecendo sua fala e o peso dela. Eu sabia que a interpretação era pesada e parecida com o que eu mostrava agora e aquilo parecia minha deixa.

Um Amor Para ChrissyOnde histórias criam vida. Descubra agora