Eu estava no que deveria ser minha quarta caneca de café desde aquela reunião começara. Deus... Eu tinha algumas turmas divididas na semana, o que me fazia ter muito o que conversar com cada um dos pais dos meus pequenos. Mas, principalmente, eu tinha muita coisa a apresentar para eles, o que transformava aquele dia em um dia exaustivo.
E tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho de banheira, alisar meu gato e beber vinho, enquanto eu planejava alguma coisa para o final de semana. Talvez teatro em Marion, onde a população era maior. Onde ninguém me conhecia e eu só podia ser uma apreciadora da arte, sem ser chamada de idiota arrogante, como já tinha visto antes.
Eu terminei de explicar algumas normativas das aulas para alguns pais, aguardando então suas perguntas sobre comportamentos de seus filhos e coleguinhas.
Foi exatamente quando ele entrou na sala.
Eddie Munson usava óculos escuros, seu cabelo estava penteado, de forma minuciosamente bagunçada, para trás. Vestia uma camisa social preta, mangas arregaçadas, dando visibilidade para as tatuagens agora coloridas em vermelho e verde pelo braço. Sua mão coberta por anéis como os que usava na época da escola. Ele vestia uma calça jeans e botas escuras. A barba estava maior, mas agora não parecia uma barba por fazer, havia sido aparada de forma correta. E eu senti a porra do meu coração vacilar.
Ele entrou na sala, de forma cuidadosa, embora chamasse muito a atenção, se sentando no fundo da sala, exatamente no tipo de lugar que costumava se sentar quando estudávamos. E eu observei outros olhares sobre ele. Eu não podia culpar nenhuma das outras mães ali. Eddie agora parecia a porra de um pai sexy, tatuado e que trazia no rosto o que ele sabia fazer com uma mulher em quatro paredes. E eu quase suspirei, se não tivesse tremido a mão e derramado um pouco de café sobre meu vestido branco.
— Mas que porra! — eu xinguei, recebendo um olhar torto de alguns pais, mas dele eu pude ver um pequeno sorriso de canto, divertido pela cena. Como se tivesse me pego espionando e me castigando por aquilo. — Desculpe...
Eu avistei a senhora Clark se aproximar, chamando minha atenção para saber sobre seu filho. Eu lutei para contar-lhe como Brian estava indo na escola, contando sobre sua nota e como seu desenvolvimento em uma matéria como aquela podia fazer bem em casa e nas outras matérias, com os outros professores dele.
Quando o grupo de pais foi se dissipando da sala, eu então o observei se aproximar e um leve farfalhar das folhas lá fora trazerem seu perfume com o vento. Eu levantei meu rosto, para fita-lo. Eddie parecia tão miseravelmente confiante.
— Senhorita Cunningham — ele me cumprimentou e eu não sabia se a forma como ele pronunciou meu nome foi realmente obscena ou eu apenas só conseguia pensar nele naquela maldita forma. Eu engoli em seco, barulhenta. E isso o estava divertindo. O meu desconforto.
— Senhor Munson... — eu retribuí, minha voz falha. Mas eu me mantive o mais profissional que consegui, puxando de dentro da minha pasta as notas de Jimmy e suas avaliações. Eddie as pegou, sem ao menos tocar em mim. Mas nós dois sabíamos que não precisávamos nos tocar. Era nítido para nós dois aquilo, e eu só pedia que para os outros não fosse perceptível. — Aqui estão as notas de James, avaliações e outros desenhos dele...
Eddie analisou o envelope que agora estava em suas mãos. Ele observou algumas páginas, antes de abaixar seus óculos, para que pudesse me olhar por debaixo dos grandes cílios escuros e aquilo me trouxe lembranças de como era ele me olhar debaixo. E eu senti uma coxa enroscar na outra, frustrada.
— Há mais alguma coisa que devo saber sobre ele? — Eddie indagou, ele passou a língua pelos lábios, de forma inconsciente. Mordendo os lábios por dentro em seguida.
— Acredito que nada que já não tenha lhe dito antes — eu disse, de forma despreocupada. — Ele não vinha chegando muito bem pela manhã, mas depois de que eu te disse, nesta semana, ele vem chegado bem e disposto. Então, eu tenho que agradecer por isso...
Eu senti minha mão tocar a sua suavemente, o suficiente para fazer com que uma grande eletricidade surgisse entre nós. Eu puxei minha mão, cuidadosa para que não fosse observado pelos outros pais ali, que passassem pela porta da sala. Afinal, a porta ficava do outro lado, de frente para o quadro negro, onde minha mesa ficava.
— Sinto muito por não ter aparecido durante a semana — ele disse, sua voz era baixa, para que não fossemos surpreendidos. Eu senti meus olhos se alargarem, de surpresa. — Eu não sei se Jimmy te disse, mas eu precisei viajar esta semana. Eu não consegui conversar com você sobre o que aconteceu entre a gente.
Eu levantei minha mão, para pará-lo. Eu não queria falar sobre aquilo, principalmente, ali. Eu tinha muito respeito pelo meu espaço de trabalho para falar sobre isso. Eu sorri, educada.
— Não acredito que este seja o local adequado, Eddie.
— E qual seria, Chrissy? Sua casa ou no bar? — ele indagou, de forma despreocupada. Eu senti as borboletas.
Eu queria dizer que na minha casa seria ótimo, mas eu não queria Eddie acordando novamente em minha cama, falando sobre como aquilo não podia acontecer depois de termos transado. Eu suspirei.
— No bar, talvez. — eu disse, com um pequeno sorriso amigável.
— Espero você, então. — ele se levantou, segurando seu envelope e checando seu relógio. E tudo o que eu queria era ir pra casa e fugir daquilo tudo. — Às vinte e duas no Hideout? É próximo ao meu final de turno, consigo que Gare fique para mim.
Diabos... Eu sabia exatamente como aquilo provavelmente terminaria. Eu conseguia sentir a lembrança vívida dele em minha pele. E de repente, eu só podia seguir os caminhos nada sábios do meu corpo.
— Fechado. — foi tudo o que eu disse. Ele sorriu para mim, me dando as costas então. Não antes de eu chama-lo. — Mas, Eddie?
Ele virou para mim. Ele tirou seus óculos escuros, para me olhar. E eu senti as borboletas voando a ponto de me carregarem junto.
— Isso não é um encontro. — eu disse, de forma séria. Dura.
Mas Eddie sorriu, iniciando com um sorriso torto e se alargando, dando espaço para as covinhas sob a barba. E, diabos, eu de repente só queria que a hora passasse rápido.
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Um Amor Para Chrissy
ChickLitAnos após a conclusão do ensino médio, Chrissy Cunningham retorna à Hawkins como professora do ensino fundamental. Ela sabia que não seria fácil retornar após tantos anos, quando deixou toda sua vida e perspectivas de um futuro perfeito para trás. ...