Capítulo 5| Hipnose

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§ Lolite Ophelia §

Ω

Seus olhos não desviavam de mim nem por um segundo, a cada ar que puxa, a cada ar que soltava, tudo ele reparava. Sinto um nó se formar na minha garganta e o suar frio escorrer pelo meu rosto. Eu não sabia do que ele seria capaz de fazer, se me levasse de volta para a mansão, afinal eu tentei fugir. Recuo um passo para trás, e meu medo aumenta quando ele da um passo para frente.

- Eu prometo que não vou falar para a polícia. - engulo em seco. - Só me deixa ir embora, por favor! - digo, quase implorando.

Ele ergue uma das sombrancelha e balança a cabeça em negação, como se tivesse escutado algo ridículo.

- Você acha mesmo que tenho medo da polícia? - olhou diretamente no meu olho, me fazendo estremecer. - Você ainda não me conhece, querida. - deu dois passos largos, ficando próximo de mim, me fazendo erguer a cabeça para conseguir o ver. - Acho que você esqueceu de um pequeno detalhe. - coloca meu cabelo atrás da olheira. - Agora você é minha, Lilith. - disse com a voz firme.

Ele começa a acariciar minha olheira delicadamente, se curvando um pouco para poder olhar meu rosto. Seus olhos verdes ficam vidrados aos meus castanhos, minha mente parece estar ficando em branco, como se estivesse sendo hipnotizada. Eblis vira seu rosto levemente para a esquerda e eu o acompanho virando para o mesmo lado, logo depois vira para a direita e novamente, eu o sigo. Eu não sei porque estou fazendo isso, porém cada movimento seu parece me deixar cada vez mais instigada a acompanhar seus gestos.

Reparo um sorriso se formar em seus lábios, mas esse era diferente dos outros, ele parecia contente com a presa em suas mãos, que estava seguindo seu jogo inconscientemente. Seu rosto se aproxima mais um pouco do meu, fazendo nossos narizes gelados se tocarem, seus olhos verdes ainda estão sobre os meus, até que os vejo mudar de direção, descendo e chegando aos meus lábios. Mais uma vez ele observava meus gestos atentamente, quando minha boca se moveu ao engolir minha saliva, sua língua molhou seus lábios, de modo que parecesse estar se preparando para um beijo. Seu rosto se aproxima mais do meu e por instinto fecho meus olhos.

- Você pode fugir quantas vezes quiser, querida. - começa a sussurrar no meu ouvido e eu abro meus olhos novamente. - Eu não me importo, exceto pelo fato de que irei atrás de você. Uma e outra vez. - reforça. - Esteja na terra, no céu, no espaço e até no inferno, pode fugir para aonde quiser. Porém, sempre irei te achar e te trazer de volta. - seu tom de voz era suave, isso não parecia uma ameaça, apenas um aviso, alertando que não importasse onde eu estivesse ele me buscaria. - Seu lugar é ao meu lado, minha Lilith. - ao terminar ele assopra seu ar quente perto do meu ouvido, me arrepiando.

Sua voz me fez sair daquele transe, voltando a ter consciência das minhas ações e pensamentos. Aproveito que ele está distraido e o empurro, ele mal se move, mas já consigo uma pequena abertura para poder fugir, conseguindo me afastar dele o suficiente para começar a correr. Corro sem olhar para trás, porém minhas pantufas estavam me fazendo resvalar constantemente, até que tropeço em uma pedra no caminho e caio no chão com tudo, ralando o joelho esquerdo e minhas mãos, que usei para não dar de cara no chão.

- Merda! - exclamo alterada, meu coração estava saindo pela boca, literalmente.

Aproveitei o momento e me virei para trás, vendo a alta figura caminhar calmamente em minha direção, em meio ao escuro. Volto a me concentrar na situação, tiro as pantufas e me levanto, voltando a correr, agora descalço. As pequenas pedras da rua estavam machucando meus pés, com certeza teria calos depois dessa noite, mas a dor era algo irrelevante nesse momento. Fico em dúvida de me virar para ver onde ele está, então decido adentrar na floresta do lado esquerdo, para poder despista-lo, sabendo que não poderia entrar ali de carro e que seria difícil de me achar em um lugar cheio de árvores.

Nas mãos de EblisOnde histórias criam vida. Descubra agora