§ Lolite Ophelia §
Ω
Tudo o que passei e senti nesse único dia me fez repensar no desejo de querer mais adrenalina na minha vida, talvez eu deveria só agradecer por ainda estar respirando.
Lúcia adentrou no cômodo com o carrinho que havia levado a comida para a sala de jantar, anteriormente. Nele tinha uma tigela cheia de sopa quente, uma colher e uma panela tampada. Sem falar uma palavra, ela se aproxima da cama e se sentou na beira, pegando a colher, mexendo a sopa para esfriar. Enche uma colherada e assopra, levando em direção a minha boca, fico envergonhada, porém não nego e apenas abro a boca, sentindo o delicioso gosto da sopa que descia em direção ao meu estômago vazio. Enquanto Lúcia me alimentava e o médico se segurava para não cair no sono, Eblis segurava o soro, que já estava pela metade, seus olhos voltaram a sua natureza fria e sua preocupação já tinha se esvaido. Termino a sopa e respiro fundo, pela primeira vez no dia minha barriga não estava querendo roncar.
- Estava delicioso. - olho para ela e sorrio.
Em seguida, Lúcia tira a tampa da panela que estava no carrinho e encheu a tigela outra vez, quando vou lhe dizer que não precisava ela me olha com um sorriso inocente e sou incapaz de negar. Novamente ela me alimentou até que a tigela estivesse limpa. Antes que eu pudesse falar algo a tigela já tinha sido enchida, pela terceira vez, suspiro e abro a boca.
Não lembro quando foi a última vez que repeti, normalmente comia apenas uma vez em cada refeição. Força do hábito.
Quando termino de comer e vejo ela tirar a tampa da panela de novo, seguro seu braço e nego com a cabeça.
- Já estou satisfeita. - toco minha barriga. - Se eu comer mais uma tigela, acho que meu estômago explode. - brinco e meu sorriso se desfaz quando vejo seu rosto sério.
Ela não gostou da brincadeira?!
- Lúcia?
- Não fale assim, senhorita Lolite. - junta as sombrancelhas, triste e cabisbaixa. - Você deve se acostumar a comer no mínimo cinco tigelas dessas, se não vai continuar desmaiando pela fraqueza. - ela segura minhas mãos. - Não se limite a quantidade de comida, aqui poderá comer tudo o que quiser, quando quiser. Você pode e deve comer bem.
Fico sem palavras para dizer algo. Eu sequer falei para Lúcia sobre o meu trauma ou sobre o trastorno alimentar, porém suas palavras me atingiram diretamente, como se estivesse ciente sobre o que passei e a dificuldade que sinto para me alimentar, por me disserem que não tenho o direito de comer mais que uma vez peguei o hábito de não repetir, porém suas palavras pareciam um incentivo indireto, dizendo que sou livre para comer. E ela tem razão, sou livre para comer o quanto e o que eu quiser, não estou mais presa naquela casa infernal, não preciso continuar com esses hábitos que eles me fizeram ter.
Abro um sorriso e a puxo para um abraço apertado, sentindo um pouco de dor no braço que tinha sido perfurado, mas ignoro.
- Obrigada, Lúcia. - agradeço.
- Não sei porque está agradecendo, mas fico contente se minhas palavras te alcançaram. - devolve o abraço.
Ela abriu meus olhos e nem sabe disso. - sorrio.
Nos separamos e ela levantou da cama, encarando Eblis, que levantou a sombrancelha.
- O senhor deveria ser mais consciente sobre a situação da senhorita Lolite. - cruza os braços. - Como que pode por pressão em alguém que não estava com boas condições? - esbraveja.
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Nas mãos de Eblis
Roman d'amourNa noite que Lolite Ophelia completa 20 anos recebe uma caixa que foi mandada em nome de sua falecida mãe, quando ela abre encontra uma carta junto com um velho diário e ao ler a frase na última folha, sem perceber, acaba firmando um contrato com um...