Capítulo 16| Maldição

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§ Eblis §

Ω

Respiro fundo e ando em direção a janela, observando o lado de fora, sentindo o vento. A conversa com András não aconteceu em um bom momento, estou sem paciência alguma e ele me vem falar abobrinhas.

Porém, sei que estou irritado porque suas palavras podem estar certas, provavelmente Lolite nunca vai me amar pelo o que eu sou, um demônio que reina nas chamas do inferno, afinal quem iria querer amar alguém assim?

Rio, pelos meus pensamentos ridículos. Já que não tenho outra escolha, além de fazê-la me amar, de um jeito ou de outro. Quando soube que sua mãe estava grávida de si e que era uma Lilith, senti que podia matar dois coelhos com um tiro só, enquanto recarregava meus poderes podiam fazê-la me amar, assim me livrando dessa merda de maldição, que ganhei a oitocentos anos atrás.

Coloco a mão no peito e estralo a língua.

Ω

§ 816 anos atrás §

Ω

As chamas vermelhas de todo o inferno se tornaram azuis e todos os demônios sabiam que estava na hora de escolher o próximo dono do trono. A Lilith do anterior tinha morrido a uma semana atrás e agora tinha chegado a hora do rei, sem sua Lilith ele não poderia viver mais. Apartir desse momento, nove demônios iriam ser escolhidos pelas próprias chamas do Helvíti, para então lutarem entre si e o vencedor se tornar o novo rei, acedendo as chamas vermelhas outra vez.

Os demônios foram se reunindo todos no mesmo lugar, aonde tinha um enorme pilar, com a única chama vermelha de todo o mundo infernal, ali é onde aparecerá o nome dos nove escolhidos. Os nomes foram sendo escritos e anunciados aos nove cantos do inferno. Os oito primeiros nomes foram de nobres demônios conhecidos, que a maioria apoiavam para ser o novo rei, já o nono ninguém sequer tinha escutado. Eisheth Naberius, o nono nome escrito e anunciado, ninguém o conhecia, estavam todos curiosos para saber quem era.

- Hã? - resmunguei, com a sombrancelha erguida.

Eisheth Naberius, o último nome da lista, quem ninguém conhecia, esse era eu a oitocentos anos atrás.

Balancei a cabeça em negação, provavelmente tinham outro alguém com o meu nome. Voltei minha atenção ao meu trabalho, balançando novamente meu chicote cheio de espinha, que acertava nas costas dos humanos que carregavam uma enorme pedra sobre suas cabeças, gritavam e gritavam de dor e arrependimento. Ajudar nas punições faz com que eu tenha livre acesso ao mundo mundano, assim podendo reabastecer minhas energias. Larguei o chicote e suspirei, cansado desse cotidiano, sai do purgatório indo direto para os enormes portões, que nos conectava ao mundo dos humanos.

Me apresentei ao guardião do portão, Cerberus, e logo tive acesso. Atravessei o enorme portão e cheguei em terras mundanas, olhando em volta, procurando uma presa. O sol já havia ido embora e a lua reinava, e em um local menos iluminado, num beco, estava eu e um corpo jogado no chão.

Passo a língua nos lábios, terminando a refeição. Olho para baixo, vendo o corpo da mulher ali largado, estralo a língua, limpando minha roupa, onde ela antes havia tocado. Humanos, seres imundos e gananciosos, por mais que ter relação sexual seja mais fácil conseguir energia, eu jamais mesclei meu corpo com o deles, é repugnante. Sou um demônio puro, mesmo que de baixa classe, não irei me rebaixar a ponto de deixar os humanos me tocarem, jamais.

Nas mãos de EblisOnde histórias criam vida. Descubra agora