Lolite Ophelia
《》
- Me diga tudo o que aconteceu. Sem esconder detalhes. - seu tom dizia que isso não foi um pedido, foi uma ordem.
Engoli em seco, vendo minhas mãos começarem a tremer, senti meus olhos se encherem de lágrimas que ameaçavam a querer correr pelo meu rosto.
- Por quê? - perguntei, virando o rosto para o lado, fugindo de seu olhar. - Mesmo se eu te contasse nada mudaria. É passado.
Escutei um suspiro dele.
- Eu quero saber, Lolite. - respondeu, segurando meu queixo com a mão direita e suavemente virando meu rosto para ele.
Estranhamente, ele parecia carinhoso.
- Saber o quê? - perguntei, ainda sem olhar para sua cara.
- Quantos machucados te fizeram, as dores que sentiu, quanto medo teve. - acariciou meu rosto. Ele estava sendo tão atencioso, como se estivesse tocando um objeto de vidro que quebraria a qualquer toque errado. - Quero saber o que sofreu durante o tempo que não estava ao meu lado. - se aproximou mais e ergueu meu queixo para vê-lo.
Eu estava relutante. Nunca falei sobre nada que me aconteceu naquela casa para ninguém. Era meu maior segredo, trauma e vergonha. Vergonha por ter sido incapaz de me defender direito. Puxei o ar e mordi meu lábio, sendo parada por seu dedo, que separou meu dente da minha boca.
Olhei em seus olhos fixamente, encarando aquela cor verde fascinante e apaixonante. Então faço minha decisão. Concordo com a cabeça, confirmando que lhe contarei tudo, com o máximo de detalhes que conseguir falar.
- Eu direi.
Vejo um sorriso pequeno se formar em seus lábios. Uma visão rara.
- Feche seus olhos e conte tudo. - falou acariciando minha bochecha. - Calmamente.
Não sabia o porque dessa insistência de saber o que aconteceu, mas respirei fundo e fechei meus olhos, me concentrando na escuridão da minha mente, preparando meu psicológico.
Estou falando sozinha. Estou falando sozinha... - repetia para mim mesma, tentando me desfazer do nervosismo e do desespero de falar sobre o assunto.
Demorei alguns minutos para começar a contar meu passado traumático e desesperador. Comecei sobre a primeira vez que me trancaram no armário sujo, pequeno e escuro, após ter sido acusada de roubo falsamente, pela minha madrasta.
- Era tudo tão assustador. - disse com a voz trêmula. - Eu estava sozinha. Ninguém escutava minhas rezas por mais que orasse. Todos haviam me abandonado. - terminei, tentando acalmar minha respiração.
- Um. - escutei sua voz rouca ressoar no quarto.
Ameacei a abrir os olhos para vê-lo, mas sua enorme mão cobriu meus olhos me impedindo.
- Não abra. Continue falando apenas. - falou, retirando a mão após eu concordar com a cabeça.
Logo falei sobre como me faziam comer como um animal e sobre o impedimento de me alimentar direito, já que segundo eles eu não merecia comer aquela boa comida deles. E isso tudo resultou me fazendo ganhar distúrbio alimentar. De como me chamavam de rata imunda e se não comesse o lixo que me davam eu iria ser punida fisicamente.
- Meu estômago embrulhava pela fome e quando eu comia acabava vomitando tudo. - mordi levemente meu lábio. - Eu sentia fome, mas era incapaz de comer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nas mãos de Eblis
RomanceNa noite que Lolite Ophelia completa 20 anos recebe uma caixa que foi mandada em nome de sua falecida mãe, quando ela abre encontra uma carta junto com um velho diário e ao ler a frase na última folha, sem perceber, acaba firmando um contrato com um...