A Bela Adormecida não precisava de um príncipe. Precisava de um café bem forte.
ELA ESTAVA ESPERANDO CORAÇÕES, FLORES e sorrisos. Não lágrimas.
— Crise iminente a duas horas. — Anahí bateu com o dedo no fone de ouvido e escutou a resposta de Dulce.
— Não dá para ser às 2 horas. Já são 3h05.
— Não estou falando das horas, estou falando da posição. Há uma crise iminente à minha frente e à direita.
Houve uma pausa.
— Perto da macieira, você quer dizer.
— Exatamente.
— Então por que não diz simplesmente "perto da macieira"?
— Porque já que você vai me obrigar a usar um fone de ouvido e parecer profissional, eu também quero soar profissional.
— Annie, você está parecendo mais uma agente do FBI do que uma designer de flores. E que crise poderia haver? Tudo está correndo bem. O clima está perfeito, as mesas estão lindas e, modéstia à parte, os bolos estão maravilhosos. Nossa futura noiva está exuberante e as convidadas vão chegar a qualquer momento.
Anahí olha para a mulher toda amarrotada apoiada contra o tronco da árvore.
— Detesto dizer isso, mas, neste exato momento, a futura noiva não está nada exuberante. Ela está aos prantos. Sou a última pessoa a fazer observações psicológicas sobre casamentos e toda essa pompa em torno deles, mas acredito que essa não é a reação esperada. Alguém que chega até o altar deve achar que casar é algo bom, né?
— Você tem certeza de que não são lágrimas de felicidade? E são quantas lágrimas? Para um lenço ou uma caixa inteira?
— O suficiente para faltar lenços nos mercados. Ela está chorando que nem cachoeira depois da tempestade. Isso aqui está mais para chá de chuveiro do que de panela.
— Ah, não! A maquiagem dela vai ficar toda borrada. Você sabe o que aconteceu?
— Talvez esteja pensando que devia ter escolhido o ganache de chocolate em vez do glacê de laranja.
— Anahí...
— Ou quem sabe ela teve bom senso e decidiu que é melhor pular fora agora, enquanto há tempo. Se eu estivesse prestes a me casar, também estaria chorando, bem mais desesperada e escandalosa do que ela.
Um suspiro vibrou em seu ouvido.
— Você prometeu deixar suas fobias de relacionamento de fora.
— E deixei, mas elas devem ter pulado o muro.
— O clima para o evento é de otimismo ensolarado, lembra?
Anahí lançou um olhar para a futura noiva que soluçava embaixo da macieira.
— Daqui de onde estou vendo, não tem nada de ensolarado. Mas foi um verão bem seco. A macieira vai gostar de ser regada.
— Vai lá dar um abraço nela, Annie. Diga que tudo vai ficar bem.
— Ela está prestes a se casar. Como é que as coisas poderiam ficar bem? — O suor brotava na nuca de Anahí. Havia apenas uma coisa que ela odiava mais do que chás de panela e essas coisas: casamentos. — Eu não vou mentir.
— Não é mentira! Muitos casais vivem felizes para sempre.
— Em contos de fadas. Na vida real, as pessoas saem transando por aí até se divorciarem, sempre nessa ordem. — Anahí faz um grande esforço para sufocar seus preconceitos. — Vai lá você. Essa é a sua especialidade. Você sabe que não sou muito boa com esse negócio meio sentimental e delicado.
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Pôr do sol no Central Park
FanfictionAnahí Portilla e suas duas melhores amigas inauguraram um negócio em Manhattan que está sendo um sucesso. Anahí é designer e ama trabalhar com paisagismo de jardins suspensos nos telhados dos arranha-céus da cidade. Entre amizades verdadeiras e um t...