Capítulo 3 | Parte 1

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Quer amor incondicional? Adote um cachorro.

— A MEGA PRINT LIGOU. Lembram deles? A gente fez a festa da firma deles no mês passado. — Maite conferiu os pedidos que chegaram de um dia para o outro. — O vice-presidente de vendas quer contratar passeios regulares com o cachorro. A gente dá conta?

— Pode deixar comigo. Cuido de tudo o que for canino. — Dulce deslizou na cadeira e tirou o tênis esportivo. — O Poncho recomendou uma empresa ótima de passeadores de cães no Upper East Side chamada Os Guardiões do Latido e, até o momento, nossos clientes ficaram bem impressionados. As donas são gêmeas, Fliss e Harry. Meu novo jogo favorito é tentar diferenciar uma da outra.

— Os donos, né? Você não consegue diferenciar um homem de uma mulher? — Donas... Harry é apelido de Harriet. Vou ligar para elas.

Maite franziu a testa.

— O Poncho que recomendou? Ele tem uma gata. Por que precisaria de um passeador de cão?

— As gêmeas têm outro irmão que é cliente dele. Eles jogam pôquer de vez em quando. Acho que se chama Daniel Knight.

— O advogado? Eu o conheci. Ele é brilhante em todos os aspectos, com menção honrosa para o charme e a desenvoltura.

— É solteiro?

Maite deu risada.

— Bastante. Perigoso ao extremo. Definitivamente não é um companheiro para a vida inteira.

Dulce suspirou.

— Então não faz meu tipo. Vou continuar procurando. — Ela se animou ao conferir os compromissos do dia. — Eu costumava detestar segundas-feiras quando trabalhávamos na Estrela Eventos, mas agora eu adoro. — Por meio das janelas que iam do chão ao teto atrás dela, Manhattan se regozijava em uma piscina de luz solar. A Gênio Urbano operava a partir do prédio da empresa de Mane. Ele era dono de uma empresa de marketing digital e generosamente as deixou usar uma de suas salas até que começassem a dar certo.

— Adoro administrar meu próprio negócio. O número de seguidores do meu blog triplicou repentinamente. Minha vida profissional está perfeita. O que significa, é claro, que minha vida amorosa está uma bela porcaria, pois todo mundo sabe que quando uma vai bem, a outra vai mal.

— Você precisa me ensinar a flertar. — Essas palavras foram pronunciadas antes que Anahí pudesse fazer algo. Dulce olhou fixamente para a amiga.

— Como é que é?

— Flertar. Você sabe. Aquele lance que você faz com os homens sem nem perceber.

— Hum... É verdade que eu flerto quando conheço um homem interessante, mas a última vez que encontrei alguém já faz tanto tempo que provavelmente esqueci como se faz. — Eva caiu na cadeira. — Tem tantos caras em Manhattan. Eles estão por toda parte. E não consigo um encontro sequer. Minha vida é um deserto sem homem ou sexo. E a camis...

— A camisinha na sua bolsa passou da validade. A gente sabe. Você sempre diz isso. — Maite lançou um olhar exasperado à amiga. — Essa história já encheu o saco, Dul!

— É uma tragédia, isso sim. Cá estou eu, uma mulher calorosa e cheia de boa vontade e ninguém me quer. E você não tem permissão para comentar, Maite, pois você tem transado regularmente.

— Vou comprar uma camisinha nova para você.

— Não se preocupe com isso — disse Dulce em tom pessimista. — Ela vai passar da validade de novo e vou me sentir culpada por sua existência ter sido em vão. Enfim, voltando ao tema do flerte, posso quebrar a cabeça e tentar me lembrar de como se faz se isso for ajudar. Você está planejando flertar com quem?

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora