Capítulo 6 |Parte 2

131 22 1
                                    

Anahí não costumava lutar tanto para se concentrar em algo, por isso era irritante encontrar pensamentos indesejados rastejando por sua mente. Era como caminhar por uma floresta e ser atacada por insetos e mosquitos. Ela queria afastá-los ou matá-los com um inseticida.

— Annie? — O chamado gentil de Alfonso a fez lembrar que estavam no meio de uma conversa. Ela torceu para ele não ter percebido o lapso.

— Eu ficaria com uma paleta de cores simples e manteria o aspecto mais natural possível. A ideia é cobrir o terraço para dar privacidade, mas sem bloquear a vista da cidade.

— O prédio tem uma restrição de um metro e oitenta para a altura das plantas.

— Eu gosto de perenifólias, as folhas pequenas são perfeitas para coberturas. Folhas muito largas se soltam mais facilmente com o vento. — Ela olhou ao redor e observou o horizonte, aliviada por ter uma desculpa para olhar para outro lugar que não fosse ele. — Estamos muito expostos àquele prédio residencial ali, então precisamos pensar em como manter a privacidade.

— Pensamos em uma tela barata de bambu.

— Deve funcionar. — Anos de experiência ajudavam Anahí a imaginar como ficaria. — Você cogitou plantar uma magnólia perene naquele canto?

Ele seguiu o olhar dela.

— Não tinha cogitado, mas é uma boa ideia. Algo mais?

Ela passeou pela extensão da cobertura. Conforme se afastava de Alfonso, sua respiração voltava ao normal.

— Um buxo inglês. Quem sabe uma trepadeira. Não queremos perder a vista desse lado aqui.

— A vista é a melhor coisa.

— É um cartão-postal de Nova York. — Anahí recuou. — Precisamos pensar na corrente de ar. — Ela fez uma lista mental de opções. — Me conte um pouco mais dessa pérgula que você pensou. E dos seus projetos para irrigação. Alfonso falou sobre o assunto enquanto Anahí mantinha o foco na vista e
tentava se lembrar de respirar.

— Vou trabalhar nisso hoje à noite. — Ela fez algumas anotações num bloquinho. Ainda preferia trabalhar com lápis e papel. Seu bloquinho era cheio de esboços e ideias.

— Não perca a noite por minha causa. — Ele enrolou a planta do projeto. — Agradeço pela ajuda, sei que estamos em cima do prazo, mas não quero que você se sacrifique por isso.

— Não é um sacrifício. Vai ser divertido.

— Passar a noite fazendo projetos de botânica é divertido?

— Vai rolar um vinho junto. Não tenho uma noite livre desde que começamos a Gênio Urbano. — Anahí parou de falar quando uma pessoa da equipe apareceu com um documento para Alfonso assinar.

Ele rabiscou a assinatura com tinta preta.

— Você conferiu as informações, Roxy?

— Sim, chefe. — A moça deu uma risadinha e fez um gesto em continência.

— Aprendi a lição depois da última vez.

Alfonso observou Roxy se afastar:

— É sexta à noite. Quando foi a última vez que você teve um encontro?

Anahí manteve os olhos na moça, imaginando como ela conseguia se agachar dentro de um jeans tão apertado.

— Acho que ela não te ouviu.

— Eu não estava falando com ela. Eu estava falando com você.

Comigo? Ah... — Anahí hesitou, sabendo que sua resposta não ia pintar um grande retrato de sofisticação urbana. — Bem... sei lá... ando meio ocupada... e não costumo sair muito em encontros — Para que mentir se ele já sabe que ela não é uma baladeira de marca maior? — Quando vou a um encontro, quase sempre me arrependo, então prefiro passar minhas noites pensando em plantas.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora