Capítulo 1 | Parte 3

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As três amigas chegaram em casa mais ou menos uma hora antes do sol se pôr. Suada, irritada e perturbada com os eventos do dia, Anahí vasculhou a bolsa em busca das chaves.

— Se eu não conseguir entrar em casa nos próximos cinco segundos, vou derreter aqui mesmo.

Maite parou diante da porta:

— Apesar dos pesares, tudo correu bem.

— Ele deu um fora nela — murmurou Dulce.

Maite franziu a testa.

— Eu sei. Eu estava falando do evento. Tudo correu bem. A gente deveria comemorar. Mane está vindo para cá. Por que não vamos todos ao terraço para tomar um drinque?

Anahí não estava muito a fim de comemorar.

— Hoje não. Tenho um encontro marcado com um bom livro. — Ela não ia pensar em como Robyn Rose estava se sentindo. Ela não ia se preocupar se Robyn estava bem, ou se teria a coragem de amar de novo um dia. Isso não era problema dela.

Atrapalhando-se, deixou cair o molho de chaves e viu Dulce trocar um olhar com Maite.

— Está tudo bem com você?

— Claro que sim. Só estou cansada. Foi um dia longo no calor. — E parte do calor veio de ficar exposta ao caldeirão fervente de suas emoções. Anahí pegou as chaves e secou a testa com a palma da mão.

— Você deveria usar saia — disse Dulce. — É mais fresco.

— Você sabe que eu nunca uso saia.

— Mas deveria. Suas pernas são lindas.

Anahí deu um golpe cego com a chave na porta, mas ela não abriu.

— Vejo vocês amanhã.

— Certo, mas pensamos que você fosse precisar de uma distração depois do chá de panela, por isso compramos algo. — Maite enterrou a mão na bolsa na qual ela carregava de tudo, desde produtos de limpeza até fita isolante. — Aqui está. — Ela entregou um embrulho e Anahí aceitou, comovida com o gesto das amigas.

— Vocês compraram um livro para mim? — Ela abriu e sentiu um rompante de alegria. Seu mau humor evaporou. — É o novo do Lucas Blade! Só vai ser lançado no mês que vem. Como vocês conseguiram? — Praticamente salivando, ela segurou o volume contra o peito.

Anahí queria se sentar e começar a ler imediatamente.

— Dulce tem bons contatos.

As covinhas das bochechas de Dulce formaram um sorriso:
— Comentei com minha querida Mitzy que você adora o trabalho de Lucas Blade e ela usou seus poderes de avó para forçá-lo a autografar uma cópia. O porquê de você querer ler um livro chamado A morte retorna ainda é um mistério para mim. Eu passaria a noite inteira gritando. A única coisa boa nesse livro é a foto dele na contracapa. O cara é insanamente gostoso. A Mitzy quer me apresentá-lo, mas não sei muito bem se quero conhecer um cara que ganha a vida escrevendo sobre assassinatos. Acho que não temos muito em comum.

— O livro tem dedicatória? — Dulce abriu o livro e viu seu nome grafado em caligrafia preta. — Isso é tão legal. Eu tinha pensado em comprar na pré- venda, mas o preço é chocante, tamanha a fama dele. Não acredito que vocês fizeram isso por mim.

— Para você a ideia de terror é enfrentar um chá de panela ou um casamento, e mesmo assim você conseguiu — disse Dulce —, por isso quisemos recompensá- la hoje à noite. É nosso agradecimento. Se ficar com medo e quiser companhia, é só bater à nossa porta.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora