Capítulo 1 | Parte 2

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Anahí adorava escolher a flor certa para cada evento; divertia-se criando arranjos de plantas, mas, acima de tudo, amava cultivá-las, observando as estações mudarem. Do florescimento espumante e extravagante da primavera aos elegantes tons avermelhados de ferrugem do outono, cada estação trazia suas dádivas características.

— Essas flores são muito bonitas. — Dulce observava um grupo de flores cuidadosamente arranjado em um jarro. — Que lindo. Que flor é essa?

— É uma rosa.

— Não, aquela acinzentada.

Centaurea cineraria.

Dulce lançou um olhar à amiga.

— E como as pessoas normais a chamam?

— Centáurea-veludo.

— É linda. E você também usou ervilha-de-cheiro. — Sua amiga percorreu a flor melancolicamente com o dedo. — Era a predileta da minha avó. Eu costumava deixar várias ao lado da cama. Elas a faziam se lembrar de seu casamento. Adorei a forma como você dispôs todas elas. Você é muito talentosa.

Anahí ouviu a voz da amiga oscilar. Dulce adorava a avó. Sua morte, no ano passado, foi devastadora. Annie sabia da saudade que a amiga sentia. Ela também sabia que Dulce não gostaria de se sentir assim durante o trabalho.

— Você sabia que a ervilha-de-cheiro foi descoberta por um monge siciliano há duzentos anos?

Dulce engoliu seco.

— Não. Você sabe tanto sobre flores.

— Esse é meu trabalho. O que você acha dessa aqui? É uma cenoura selvagem — disse Anahí rapidamente. — Você vai gostar. É perfeita para noivas. Perfeita para você.

— Sim. — Dulce tentou se recompor. — Quando eu me casar, vou querer que esteja no buquê. Você faria isso por mim?

— Claro. Vou fazer o buquê mais lindo da história dos casamentos. Só não chore. Você fica péssima quando chora.

Dulce esfregou o rosto com a mão.

— Você ficaria feliz por mim? Mesmo não acreditando no amor?

— Se há uma pessoa que pode provar que estou enganada, essa pessoa é você. Você merece um grande amor. Torço para que o Príncipe Encantado apareça num cavalo branco para levar você.

— Seria a maior confusão na Quinta Avenida. — Dulce assoou o nariz. — E eu sou alérgica a cavalos.

Anahí tentou não sorrir.

— Com você sempre há um "porém".

— Obrigada.

— Por quê?

— Por me fazer rir ao invés de chorar. Você é a melhor.

— Sei... Bem, você pode retribuir meu favor cuidando dessa situação. — Anahí viu Maite entregar mais um lenço a Robyn. — Ele deu o fora nela, não foi?

— Não há como saber. Podem ser várias coisas. Ou nada. Talvez tenha entrado um cisco no olho dela.

Incrédula, Anahí olhou para a amiga.

— Depois dessa você vai dizer que acredita em Papai Noel e na Fada dos Dentes.

— E no Coelhinho da Páscoa. — Recomposta, Dulce puxou um espelhinho de dentro da bolsa e conferiu a maquiagem. — Nunca se esqueça do Coelhinho da Páscoa.

— Como é viver no Planeta Dulce?

— É ótimo. E não se atreva a contaminar meu mundinho com suas visões cínicas. Há poucos instantes você estava falando no Príncipe Encantado.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora