Capítulo 12

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HAVIA DUAS FORMAS DE CHEGAR à Ilha de Puffin: uma era pegar a balsa que levava da ilha ao continente e a outra era atravessar a baía em um voo rápido. Como o fim de semana seria longo, Alfonso optou pelo voo.

— Ryan preparou tudo. Ele avisou que o trânsito no litoral vai estar um inferno pois é alta temporada, e ele tem razão. Precisamos chegar a tempo de visitar o jardim.

Anahí não queria saber se viajariam de jumento. Era a o destino final da viagem que a preocupava.Ela caminhou em direção ao pequeno avião, sentindo-se cada vez mais enjoada, pensando se não era tarde demais para mudar de ideia. Ela não se importava mais em ser a inspiração de Dulce. Tudo o que queria naquele momento era não infligir isso contra si mesma.

Apenas uma faixa estreita de água a separava de seu passado. Ela estava tão estressada que até parou de pensar no beijo.

O nome do piloto era Zachary Flynn. Dulce teria observado, em tom malicioso, que ele é "gostoso". Anahí só se importava com o fato de não conhecê-lo. Para ela, esse era o fator crucial.Pelo menos assim era improvável que ele abrisse as portas do avião e
lançasse-a nas águas agitadas da Baía de Penobscot.

Sem conhecê-lo, não havia ressentimentos.

O hidroavião da Cessna era perfeito para voos curtos entre as ilhas e Frankie permaneceu olhando fixamente para a cintilante extensão da baía com seus iates e ilhas repletas de pesqueiros abrigados nos portos. Ela não conseguia ignorar a presença poderosa e real de Alfonso ao seu lado. Em determinado momento, ele esticou o braço e apertou-lhe a mão para tentar trazer segurança, mas, em vez disso, esse gesto fez o estômago de Anahí se revirar de nervosismo.

Ela sabia que Alfonso tinha planos de aprofundar o relacionamento dos dois. Infelizmente, sabia também que, no momento em que encostasse um dedo nela, o relacionamento seria aprofundado até o fundo do poço. Verdade seja dita: o beijo não teve o efeito negativo que ela esperava, mas Anahí não nutria ilusões quanto ao resto. Mas, naquele momento, não havia tempo para pensar nisso, pois já era possível ver a ilha e a pista de pouso.

Enquanto pousavam, Anahí olhou ao redor como se estivesse esperando ver um bando de locais segurando uma faixa com os dizeres "Saia da nossa Ilha", mas havia apenas um funcionário do aeroporto que manobrava os aviões durante a alta temporada.

— O aluguel do carro já está acertado. — Zach entregou a Alfonso um molho de chaves. — É o veículo prata, no final do estacionamento. Cuidado quando estiver dirigindo no último quilômetro antes da minha casa. As áreas do Arraial de Puffin estão cheias de gente, mas vocês vão ficar bem assim que chegarem ao Ninho da Gaivota. O lugar está abastecido, mas se quiser alguma marca específica de cerveja, terá que ir até o mercado.

Anahí tomou a mala no ombro e caminhou com Alfonso até o carro.

— Vamos ficar no Arraial?

— O Zach é dono de uma cabana e a alugou para nós. É de frente para o mar. Pensei que você fosse preferir ficar longe da cidade.

De fato, preferia. Parecia uma boa ideia permanecer distante da cidade e das pessoas que tanto temia encontrar. Anahí ficou comovida com a preocupação de Alfonso.

— Onde o Zach mora, se ele não fica na cabana?

— No Chalé do Náufrago.

Todos nascidos na ilha conheciam o Chalé do Náufrago. Ele ficava na curva perfeita da Baía das Conchas, com vista para a Rocha de Puffin e o selvagem Oceano Atlântico logo abaixo. Anahí perdeu a conta de quantas horas passara sozinha sentada no banco, sonhando em subir numa balsa e fugir daquele lugar.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora