Capítulo 11 | Parte 2

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— Você não quer ser como eu. Eu sou toda errada. — Anahí puxou um lenço cor de pêssego que estava meio escondido entre as almofadas. — Era esse que você procurava?

— Sim! E eu acho você incrível. — Dulce assoou o nariz. — Você é tão independente. Tão forte e firme. Você é inspiradora e corajosa.

Anahí pensou na forma como respondera à sugestão de Alfonso, de ir com ele à Ilha de Puffin.

Você teria que me dopar e me amarrar ao avião.

— Não sou corajosa, Dul. Adoro seu lado geleia. Nunca mude.

As palavras da amiga a fizeram se sentir uma fraude. Anahí sabia que não era inspiração para ninguém. Se fosse tão firme e forte, teria medo de voltar a Puffin? Teria tanto medo de se arriscar com Alfonso?

— Quero mudar meu jeito de ser. Estou cansada de me sentir mal. Estou aceitando conselhos. — Dulce pegou outro lenço — Se quiser me ajudar, é só me distrair. Conte-me sobre sua noite com o Alfonso. Você disse que foi perfeita.

— Caminhamos pelo Central Park. Conversamos. Jantamos. Teve comida e conversa no meio.

— Mas não foi um encontro.

— Não. Com certeza não foi um encontro.

— Então não houve momentos românticos? — Dulce pareceu tão decepcionada que Anahí ficou tentada a inventar algo só para ver a amiga sorrir.

— Ele segurou minha mão algumas vezes.

Dulce pareceu mais feliz.

— Sério?

— Provavelmente para evitar que eu fugisse.

— Por que você sairia fugiria?

— Ele falou sobre Puffin. Poncho quer me levar para passar um fim de semana por lá. —  Anahí tirou os sapatos e se enrolou no sofá ao lado de Dulce . — Ele vai a trabalho e, também, para o casamento de um amigo. — Sabendo que Dulce perguntaria, Anahí disse o nome: — Ryan Cooper.

— Conheço o Ryan. Ele é gostoso.

— E também está fora do mercado, pois vai casar com a namorada, Emily, que está super grávida, em uma cerimônia romântica na praia.

Dulce lançou um olhar vago e sonhador através da sala.

— Eu adoraria organizar um casamento na praia. Você foi convidada? Sorte sua. É isso que quero dizer quando falo de ser uma inspiração. A maioria das pessoas que passou pelo que você passou morreria de medo de voltar. Você também tem medo, mas vai voltar mesmo assim.

Anahí abriu a boca. Não havia a menor chance de ela voltar.

— Na verdade, não...

— Não gaste saliva dizendo que não é corajosa, pois é sim. Sei que você tem medo, mas a definição de coragem é fazer algo mesmo tendo medo.

— Sim, mas eu não...

— É sim! Você é corajosa. E vou pensar nisso sempre que estiver no fundo do poço, pensando na vovó. É difícil, mas vou sobreviver. Já estou me sentindo melhor. — Dulce amassou o lenço que estava usando. — Fico feliz que você vá voltar a Puffin. Eu nunca disse nada, mas me preocupava você permanecer tão distante. E a ilha tem tantas coisas incríveis.

Ah, inferno, como Anahí poderia sair dessa?

A garganta dela estava tão seca que parecia que tinha engolido areia.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora