Capítulo 9

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— ENTÃO VOCÊS VÃO JANTAR — disse Dulce com cuidado —, mas não é um encontro?

— Exatamente. Tentei fazê-lo mudar de ideia, mas não consegui, então não tenho escapatória. Eu devia tê-lo beijado de uma vez! Ele teria saído correndo. — Anahí jogou as roupas na cama. Ela estava tremendo de nervosismo. Não conseguia comer nada desde o café da manhã. O que era ridículo, pois era o Poncho. Poncho, que ela conhecia havia uma eternidade. A não ser pelo fato de que a versão do Alfonso que ela conhecia não era aquela com olhos verde oliva maliciosos e sorriso sexy. — O que devo vestir? Você sabe dessas coisas. Use seus superpoderes.

— Preciso de mais informações. Se não é um encontro, então o que é?

Não sei! Nós dois precisamos comer, só isso. — Anahí só não sabia se conseguiria comer. Ela tinha tantas borboletas no estômago, que não sobrava espaço para nada mais. — Duas pessoas não podem sair para jantar sem esmiuçar seus motivos e motivações?

— Claro que sim — disse Dulce acalmando-a. — Podemos chamar de um... "não encontro".
Um "não encontro".

Anahí olhou desesperada para as roupas sobre a mesa.

— Quero ficar bonita. Não quero constrangê-lo. Mas é importante que eu envie a mensagem certa.

— E qual é a mensagem? Estou confusa.

Anahí também estava confusa.

— Que somos apenas amigos. Que não há relacionamento, nem nada do tipo.

— Você e Poncho já têm um relacionamento. Um relacionamento adorável.

— Temos mesmo. — Os joelhos de Anahí tremiam tanto que ela desistiu de ficar em pé e se sentou na cama. Ela estava morrendo de medo, mas, por trás do pânico, havia um traço de algo mais. Algo mais perigoso. Empolgação — Temos, sim, um relacionamento bom, então para que estragar tudo? O que estamos fazendo? — Ela soltou um grunhido e se afundou na pilha de roupas. — Acho que você vai precisar dizer a ele que estou doente.

— Não vou fazer nada disso. Levante-se. Não tenho como ver suas roupas com você deitada nelas. — Dulce puxou a amiga.

— Não tenho nada que preste. Passei minha vida lutando contra a beleza. Quando vou visitar clientes, visto camisa branca e calças pretas. Passo minhas noites de camiseta e moletom.

— Já sabemos que ele gosta de você assim. Que ele gosta de você independentemente das suas roupas.

Anahí sabia que era verdade. Ela vira como Alfonso a olhava. E sua forma de olhar a deixava... a deixava...

— Não tenho como usar moletom e camiseta num jantar.

— Onde ele vai te levar?

— Não sei. Ele não disse. — Ou talvez tenha dito e Anahí bloqueou a informação. Ela não ouviu mais nada depois das palavras Vejo você às sete. Ela tentou dizer não, que não ia rolar, mas quando recuperou a voz, Alfonso já tinha ido embora, James apareceu para pegar mais uma pilha de materiais e não houve outra oportunidade.

— O fato de ele não ter dito não ajuda muito — disse Dulce. — Se você tivesse sido convidada para um encontro, saberíamos o que esperar. — Dulce captou o olhar de Anahí e deu um sorrisinho. — Mas como não é um encontro, as regras não se aplicam. Vista qualquer coisa.

— O que qualquer coisa quer dizer? É por isso que odeio encontros. Se fosse somente algumas horas, eu daria conta, mas o estresse começa horas antes do encontro.

— Acalme-se. É o Poncho. Você não precisa ficar com medo...

— Eu estou com medo! Todo mundo tem medo de algo, não é? Tenho medo de altura? Não. Pode me balançar no topo do Empire State que eu não paro a conversa. Tenho medo de rato? Eu acho fofo, especialmente o rabinho. Tenho medo de aranhas? Pode colocar uma daquelas bem cabeludas na minha mão que, por mim, tudo bem.

Pôr do sol no Central ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora