— ENTÃO VOCÊS VÃO JANTAR — disse Dulce com cuidado —, mas não é um encontro?
— Exatamente. Tentei fazê-lo mudar de ideia, mas não consegui, então não tenho escapatória. Eu devia tê-lo beijado de uma vez! Ele teria saído correndo. — Anahí jogou as roupas na cama. Ela estava tremendo de nervosismo. Não conseguia comer nada desde o café da manhã. O que era ridículo, pois era o Poncho. Poncho, que ela conhecia havia uma eternidade. A não ser pelo fato de que a versão do Alfonso que ela conhecia não era aquela com olhos verde oliva maliciosos e sorriso sexy. — O que devo vestir? Você sabe dessas coisas. Use seus superpoderes.
— Preciso de mais informações. Se não é um encontro, então o que é?
— Não sei! Nós dois precisamos comer, só isso. — Anahí só não sabia se conseguiria comer. Ela tinha tantas borboletas no estômago, que não sobrava espaço para nada mais. — Duas pessoas não podem sair para jantar sem esmiuçar seus motivos e motivações?
— Claro que sim — disse Dulce acalmando-a. — Podemos chamar de um... "não encontro".
Um "não encontro".Anahí olhou desesperada para as roupas sobre a mesa.
— Quero ficar bonita. Não quero constrangê-lo. Mas é importante que eu envie a mensagem certa.
— E qual é a mensagem? Estou confusa.
Anahí também estava confusa.
— Que somos apenas amigos. Que não há relacionamento, nem nada do tipo.
— Você e Poncho já têm um relacionamento. Um relacionamento adorável.
— Temos mesmo. — Os joelhos de Anahí tremiam tanto que ela desistiu de ficar em pé e se sentou na cama. Ela estava morrendo de medo, mas, por trás do pânico, havia um traço de algo mais. Algo mais perigoso. Empolgação — Temos, sim, um relacionamento bom, então para que estragar tudo? O que estamos fazendo? — Ela soltou um grunhido e se afundou na pilha de roupas. — Acho que você vai precisar dizer a ele que estou doente.
— Não vou fazer nada disso. Levante-se. Não tenho como ver suas roupas com você deitada nelas. — Dulce puxou a amiga.
— Não tenho nada que preste. Passei minha vida lutando contra a beleza. Quando vou visitar clientes, visto camisa branca e calças pretas. Passo minhas noites de camiseta e moletom.
— Já sabemos que ele gosta de você assim. Que ele gosta de você independentemente das suas roupas.
Anahí sabia que era verdade. Ela vira como Alfonso a olhava. E sua forma de olhar a deixava... a deixava...
— Não tenho como usar moletom e camiseta num jantar.
— Onde ele vai te levar?
— Não sei. Ele não disse. — Ou talvez tenha dito e Anahí bloqueou a informação. Ela não ouviu mais nada depois das palavras Vejo você às sete. Ela tentou dizer não, que não ia rolar, mas quando recuperou a voz, Alfonso já tinha ido embora, James apareceu para pegar mais uma pilha de materiais e não houve outra oportunidade.
— O fato de ele não ter dito não ajuda muito — disse Dulce. — Se você tivesse sido convidada para um encontro, saberíamos o que esperar. — Dulce captou o olhar de Anahí e deu um sorrisinho. — Mas como não é um encontro, as regras não se aplicam. Vista qualquer coisa.
— O que qualquer coisa quer dizer? É por isso que odeio encontros. Se fosse somente algumas horas, eu daria conta, mas o estresse começa horas antes do encontro.
— Acalme-se. É o Poncho. Você não precisa ficar com medo...
— Eu estou com medo! Todo mundo tem medo de algo, não é? Tenho medo de altura? Não. Pode me balançar no topo do Empire State que eu não paro a conversa. Tenho medo de rato? Eu acho fofo, especialmente o rabinho. Tenho medo de aranhas? Pode colocar uma daquelas bem cabeludas na minha mão que, por mim, tudo bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pôr do sol no Central Park
FanfictionAnahí Portilla e suas duas melhores amigas inauguraram um negócio em Manhattan que está sendo um sucesso. Anahí é designer e ama trabalhar com paisagismo de jardins suspensos nos telhados dos arranha-céus da cidade. Entre amizades verdadeiras e um t...