Prólogo

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Depois de três tentativas frustradas de aborto minha mãe decidiu me dar à luz, a mim e a ela. Não precisou de muito mais para saber o quão desnecessária é minha existência, mas ainda assim fui criada como uma autêntica Amorielly, a Família que tem como hobbie assassinato e tortura, você já ouviu falar da máfia? Não somos tão bonzinhos, estamos mais para sádicos, insanos e maníacos por poder.

Aos sete anos recusei-me a matar a décima quinta pessoa e como resultado fui severamente punida e trancada em um quarto escuro. Passava tanto tempo lá que já havia encontrado varias maneiras de escapar, só que mesmo fugindo não tinha um lugar seguro para onde pudesse ir, então passava toda a noite acordada tentando impedir que as lágrimas escorressem pelas nas minhas feridas.

Nesse mesmo ano no dia 7 de julho sai da nossa mansão que ficava ao leste de Lukan, o lugar em que morávamos, caminhando pela rua olhava por todos lados e tudo parecia igual podia sentir o desprezo e o ódio que exalavam de seus corpos ao olharem pra mim...

Passei por uma máquina de doces e vi que tinha o meu preferido, marshmallow, enfiei a mão no bolso, tirei uma moeda e coloquei, fez um barulho engraçado e no momento em que ia apertar o botão percebi que ao lado dos marshmallows tinha uma barra "Maçã com Canela" a preferida dela e como hoje era um dia especial então pressionei o botão.

— Crianças saudáveis deveriam comer chocolate. — Sussurrava para mim mesma.

A barra não caiu e comecei a chutar até perceber que o dinheiro não era o suficiente, sacudi outra vez meus bolsos e não tinha mais nada, me virei e vi uma moeda no chão, hoje era mesmo um dia especial.

Voltando para casa passei na frente de um... Bom... Não sei muito bem o que parecia, mas diferente do resto da cidade que era feita só de concreto e piche, lá o chão era de terra e tinha algumas caixas estranhas cheias de areia, além pedaços de tábuas suspensas por correntes, sentei-me em um deles e meus pés deixaram de tocar o chão o vento me fez começar a balançar, fiquei enjoada e desci.

Foi nesse momento que senti um cheiro familiar e muito comum, sangue. Mais adiante notei que três garotos estavam jogando pedras e pedaços de pau num gato:

— Ei! O que vocês pensam que estão fazendo? — Corri e parei entre eles e o pobre gatinho com os braços estendidos.

— Sai da frente, foi ele quem começou. — Disse o garoto maior com raiva.

Fiquei irritada e gritei ainda mais alto:

— Como um gato pode começar uma briga?

— Não é dá sua conta. — Disse o garoto com boné de tamanho médio.

Levei um soco e cai sentada, quando tentaram avançar para cima do animal me debrucei sobre ele e entre chutes e pontapés os fundamentos da Família Amorielly surgiam na minha mente como flashes. Há pelo menos 5 maneiras de mata-los e 3 delas não derramariam uma gota de sangue:

— Mate-os. — Repetia sem parar a voz em minha mente. — Então levantei derrubei com força os dois menores, o maior ficou de joelhos e coloquei a mão direita no seu pescoço comecei a apertar enquanto o olhava fixamente dentro de seus olhos.

Aos poucos as imagens desapareceram e a tela ficou branca...

"O que vale é a habilidade de se impor sobre os outros"...

"Mate ou seja morto, mas nunca volte pra casa como um fracassado"...

"Os fracos nascem para servir de degraus para os fortes se tornarem mais fortes"...

De repente o meu corpo foi ficando gelado e quando percebi estava chovendo, soltei o pescoço do garoto já inconsciente e sai correndo de lá, as gotas não paravam de cair, estava tão forte que mal enxergava à frente, me escondi debaixo de uma árvore, sentei e coloquei a cabeça entre as pernas:

— Odeio a chuva...

Devo ter passado algumas horas daquele jeito:

— Você esta bem? — Olhei pra cima e encarei uma garota de cabelo castanho segurando uma bola provavelmente com a mesma idade que eu e respondi.

— Nunca me fizeram esse tipo de pergunta antes, então não sei como responder.

Ela estava olhando para o sangue escorrendo pela minha barriga:

— Cicatrizes e essa cor de cabelo. — Nada poderia me entregar mais que a estranha cor de cabelo com a qual nasci. — Você é do clã de assassinos, a Família Amorielly, meus pais me advertiram para nunca me aproximar...

Eles não estão errados. Disse:

— Sim, pode fazer como os outros e até cuspir em mim se quiser, eu não me importo.

A chuva parou. Estiquei as pernas peguei e segurei com os braços colado ao corpo o animal que não consegui proteger e comecei a caminhar dando de costas para aquela menina, estava escorregadio, tropecei e cai de frente o cadáver do gato escorregou de meus braços e deslizou pela lama, suas entranhas começaram a sair por um dos ferimentos, tirei minha camisa e o enrolei deixando minhas cicatrizes a mostra, estava muito frio e de repente foi ficando quente:

— O meu nome é Nia. — Ela havia tirado o seu casaco e colocado em mim, não estava me olhando com medo, ódio ou desprezo, porém tampouco reconheci o que aquele olhar poderia significar, de maneira alguma saberia classificar aquele momento.

— Eu sou Aina. — Apresentei-me.

Enterramos o gato perto de um pequeno riacho, começou a escurecer e Nia falou:

— Tenho que ir pra casa, mas fique com isso. — Entregou-me uma bola.

— Não sei o que fazer com isso. — Peguei-a.

Ela simplesmente sorriu e disse:

— Dá próxima vez vamos brincar.

— Você esta me dando? — Perguntei confusa.

— Não, é só uma garantia pra nos encontrarmos de novo.

— Eu vou pegar pra mim... — Comecei a girar a bola na ponta do dedo.

Nia me interrompeu irritada:

— Você não escutou o que eu disse!

Não sei ao certo... Eu apenas respondi instintivamente:

— Afinal hoje é meu aniversário...

Dali em diante nós três nos divertimos muito até o dia em que aconteceu...

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SINOPSE CAPÍTULO .01

Nascida numa família onde assassinato, extorsão e tortura são apenas alguns de seus hobbies, Aina vai tentar ser livre de seu destino sem importar quais sejam as consequências, mas talvez não estivesse pronta para pagar o preço e agora ela...

Descubra No Próximo Capítulo!!


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