Capítulo XXXV - Desestruturado

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A humanidade se ajusta lentamente ao vício, pressionando-se a suportar toda injustiça e cada dia um fragmento de sua alma apodrece frente a desejos egoístas. Como a força invisível que nos puxa para as promessas vazias que nunca irão se cumprir. A nossa verdade.

Vidros fumê excessivamente foscos e cheiro de perfume barato guiavam minha viagem, esforçava-me para não cair no sono depois daquele voo estressante. Por que seres humanos já não nasceram com asas?

"Seria inconsistente para com a evolução, mas não nego que as guerras anteriores seriam mais interessantes de se ler"

Por que você transforma tudo em aula de história?

"Tecnicamente é biologia"

Estou começando a ver a razão dos meus zeros consecutivos.

"Tocando nesse assunto, você não me falou como foram as provas de recuperação"

Bom... É porque não tenho certeza do que aconteceu, é mais uma coisa para discutir com a Lizzy, em breve devem sair às notas.

A estrada de pedras e terra que adentramos faz o carro sacolejar aumentando meu enjoo, já tive ressacas melhores. Sem paciência nem estômago para aguentar salto do veículo, poucos segundos após recuperar o equilíbrio sou cercada, quase emiti minhas chamas visando me defender de um ataque:

— Está louca? — Grita o de óculos escuro e cabelo lambido.

— Se tivessem o meu organismo entenderiam.

— Se tivéssemos um organismo como o seu você não estaria aqui.

— Que calor receptivo.

— Acalme-se Roan, — diz a si mesmo — lembre das suas ordens. — Respira profundamente. — Dá pra fazer o resto do caminho a pé. Siga-me.

— É uma instrução um tanto óbvia considerando que me trouxeram até esse encruzilhada sem falar nada.

— Paciência, apesar da petulância ela ainda é uma criança mimada.

— Acho que isso deveria transformar isso em um monólogo interno.

Dava para se ver que o tal Roan pertencia à elite, apesar de segui-lo de perto quase não sentia nenhuma presença ou ouvia seus passos. Todavia o smoking é exagerado.

Ah... esses mafiosos milionários... sempre escolhendo castelos escuros no meio de montanhas e "florestas encantadas", como será que fazem para entregar pizzas aqui?

Que droga. Essa atmosfera está começando a me lembrar da minha família.

O local não tem nada que me impressione, se bem que depois de ver algumas das posses de Mayra e das humildes casas Amore meu senso de valor do dinheiro deve ter sido distorcido.

O leve cheiro de ferrugem combinava com a decoração de detalhes medievais, a luz estava mais para o espectro rosa que branco e isso por algum motivo parecia afetar minha noção de espaço fazendo-me tropicar varias vezes, as altas escadas não facilitavam nada.

Apoiando-me no corrimão e depois nas paredes consigo chegar aonde devia, acho. Roan para frente à porta de madeira com maçanetas de mármore e resmunga:

— Não tente nada suspeito, diferente do nosso chefe não tenho tanta consideração, principalmente com crianças que não sabem controlar seus hormônios.

— Sua adolescência foi tão ruim assim?

Vira-se rispidamente, ato que respondeu a minha pergunta melhor do que esperava. Logo após ser anunciada entro na sala do Chefe da Viniche, mal coloco os pés e já sou questionada sobre um assunto aleatório:

Almas Vazias Corações ContentesOnde histórias criam vida. Descubra agora