Capítulo VI - Magi-Magia

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Com um lado negro ou um lado puro lute para que seus desejos se transformem em asas e assim voe pelos céus, não tenha medo, vai encontrar a resposta para sua pergunta atrás daquela porta, apenas cale a boca e deixe queimar.

Sentia em minha língua o gosto de sangue e terra, o vento soprava levantando ligeiramente do chão meus cabelos que ficavam ainda mais brancos à luz do sol, enquanto o tédio me consumia, fui obrigada a ficar imóvel pelos próximos dias após o acidente, mas agora finalmente consigo mexer as pontas dos dedos, talvez agora possa colocar o resto dos ossos no lugar.

Usando de muito esforço giro e fico de bruços para o chão, coloco as palmas da mão contra o solo, tento me levantar, mas falho muitas vezes voltando a cair, decido tentar mais uma vez pressionando com o que me sobrou de energia arranhando a superfície e sujando as unhas com poeira, cambaleante consigo ficar de pé, daí com muita força volto a me jogar no chão.

Pronto. Consegui. Alinhei as vértebras.

Rastejo alguns metros até conseguir levantar, braços e pernas, parece que agora posso movê-los, pulo e faço movimentos leves socando o ar, ainda tropeçando começo andar, no meio do caminho roubo uma blusa preta com capuz de um cara, a uso para cobrir as manchas de sangue e parte do rosto, chego a um cruzamento com sinal vermelho para pedestre, paro, olho para frente esperando ficar verde diferente da ação tomada pela garota do outro lado da rua com a cara enfiada num livro, seu ritmo é o mesmo que o do carro que esta prestes a atropela-la, se pensei em fazer alguma coisa? Não.

No momento do impacto ela se reclinou para trás como o pêndulo de um relógio, o veiculo transpassou rapidamente fazendo muito barulho com a buzina, não ligou, continuou e atravessou a faixa, quando nos cruzamos tive a impressão que o ar ficou mais denso e difícil de respirar, mas também pode ser pela costela que perfurou o meu pulmão, o sinal abre.

Chego em casa, com meus músculos tremendo empurro a porta, chamo:

— No...shi. — Desmaio.

Recupero a consciência com a visão envolta em nuvens, coloco as mãos sobre o rosto e deslizo-as, tudo é branco, tenho a sensação de estar suspensa, conforme o tempo passa as coisas se aclaram e percebo que na verdade estou deitada em uma cama de hospital com agulhas enfiadas em meus braços. Retiro-as.

Tento ficar de pé, mas perco o equilíbrio, bato em algo com um cheiro maravilhoso:

— Não se mexa. — Diz Noshi segurando-me em seus braços.

Viro a cabeça para o lado e vejo meu reflexo em um espelhinho ao lado da cama:

— Roupas... Você trocou minhas roupas? — Encaro-o e pergunto.

Ele responde erguendo as sobrancelhas:

— Pra ser justo eu te dei é um banho.

Não me importo com isso, mas custava escolher algo com mais estilo? Sinto minhas energias voltarem, acho que estou quase 100%, logo entra no quarto um homem com um jaleco e de prancheta na mão ao aproximar-se vejo que é extremadamente gostoso, alto, robusto com olhos amendoados de cabelo castanho como um ator de cinema, Noshi revira os olhos e eu sinto vontade de gritar "Doutor":

— E ai como ela tá? — Pergunta ele sendo grosso e evitando mira-lo.

O médico sorri é tão reluzente que alguma coisa dentro de mim começa a derreter:

— Não se preocupe, a sua namorada vai ficar bem. — Afirma.

Noshi dá de ombros, Bry, de acordo com o crachá, fita-me:

Almas Vazias Corações ContentesOnde histórias criam vida. Descubra agora