A decisão é minha, mesmo que digam que está tudo bem ou se estou fazendo tudo errado, sou eu quem decide se vou pular nesse abismo, é uma queda longa e profunda cercada de cores escuras, mas também não é como se estivesse em busca da luz. Com mentiras, medo, hipocrisia ou dor nunca vou reprimir meus impulsos.
Empanturradas de doces e porcarias sentamos no banco do parque próximo ao zoológico, respiro extasiada passando a mão na barriga, ela me imita, solto um riso discreto, procurei por bastante tempo, porém ainda não encontrei essa tal de Liz, chamo-a:
— Narci.
Faz bico e me ignora virando para o outro lado, corrijo-me:
— Grandiosa Narci?
— Sim! — Responde com um sorriso aberto.
— Como é a "Liz"?
Cruzou os braços com uma expressão séria, levantou o dedo indicador e apontou para cima:
— Aha! A Liz se parece com a Liz.
Com meus punhos fechados coloco um de cada lado da cabeça dela e giro apertando suavemente, afasta-se e choraminga dizendo:
— Isso foi maldade, Ainy. — Põe as mãos na cabeça.
— É Aina.
— Gosto mais de Ainy, então vou te chamar de Ainy.
Olho-a irritada com a sobrancelha levemente levantada, amedrontada fala:
— Assustador...
— Como é?
— Aina, Aina eu disse Aina.
Respiro profundamente mirando o céu, talvez seja melhor leva-la para as "autoridades competentes", joga-la dentro de um buraco também funcionaria. Brincadeira. Fico de pé e me espreguiço estralando o pescoço, reparo que ela está mais uma vez balançando as pernas, já que seu pequeno corpo não alcança o solo, parece tão indefesa:
— Aha! — Grita assustando-me.
— O que foi?
Aproxima-se de mim toda alegre puxando a barra do meu shorts e apontando freneticamente para frente, vejo uma mulher empurrando um carrinho de bebê:
— A Liz se parece com aquela moça.
É possível que seja a mãe dela, por que será que a chamaria pelo nome? Tanto faz:
— Narci, acho que vai ser melhor se te levar par... — Viro para onde estava, noto que ela sumiu.
Impossível. Cadê essa menina? Procuro ao redor e nada, apoio o braço na placa de entrada do zoológico para descansar, uma coisa é ser distraída outra é perder a presença de uma criança, esse tipo de coisa acaba com meu orgulho, irei simplesmente esquecer tudo e...
— Quero ir aqui! — Aponta Narci para o...
Narci?
— Filha da mãe. — Pego-a pelo colarinho.
Sorrindo diz:
— Agora você está parecendo com a Leah.
Layla me segura porque senão juro que vou esganar essa pirralha, reparo que tem pessoas em volta, solto-a, tento sair de lá, mas sou impedida pelo guarda que deposita sua mão em mim perguntando:
— Algum problema?
— Sim, essa mão no meu ombro está me causando uma sensação de extremo desconforto, gostaria que retirasse. — Respondo.
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Almas Vazias Corações Contentes
AcciónVocê leria minha história? Talvez ela não seja tão interessante quanto a da Liz... Ah! Você não sabe quem é? Bem... Ela é uma amiga muito querida que eu tentei assassinar, mas não me julgue ainda, eu...