Capítulo XIX - Mau Presságio

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Existem muitas armadilhas dentro desse mundo repleto de confusão, acabamos enrolados pelo que alguns chamam de destino, outros de acaso e buscamos como escapar, a única maneira é estender a mão e aceitar a verdade, de olhos fechados enxergo um caminho pelo qual não devo seguir.

Estar aqui, baixo a estes restos de luz nunca foi tão confortável, independente dos ingredientes consigo preparar os mais diversos pratos, a experiência de viajar por todo lugar aliada a meu desejo de sobreviver me fizeram assim. Ouço uma voz fina e sonolenta se aproximar:

— Bom dia.

Viro para trás e dada a nossa relação a cumprimento amigavelmente:

— Ainda aqui? Mayra.

— Só fui buscar uma coisa.

Os outros aparecem em seguida, os garotos com shorts e as garotas vestidas com pijamas de verão, o que não aconteceria se pudéssemos usar o ar-condicionado, e daí que as crianças podem ficar doentes? Coloque-as para dormir do lado de fora, simples. Apesar de ser indiferente para alguém com um corpo como o meu, é incomodo acordar pingando água.

Zane ameaça saudar a Mayra, ela bufa e olha para o outro lado, sentam-se a mesa, falta Lizzy, fim de semana ela costuma ser bem ocupada, entre frutas e pães, ao observar as reações daquele casal, Take ressalta:

— Acho que rolou um clima entre eles.

— Tem razão. — Afirma G.

Não é algo de seu feitio então o encaramos surpresos, até que ele se esclarece:

— Um clima... Um clima de ódio.

Rimos em voz alta, Zane ficou bem desconcertado e Mayra desgostosa com a situação, confesso que estava entusiasmada para vê-la responder a altura, o que não aconteceu, creio que seu código de conduta não a permita ser descortês em situações como está.

Fartos de uma boa comida feita pelas minhas mãos, cada um deles se divide para cumprir suas tarefas matinais, limpeza e outras coisas, provavelmente deixarão para curtir seus hobbies à tarde, quanta responsabilidade, só de pensar nisso já fico cansada, de repente, me dou conta de que alguém está me seguindo. Suspiro profundamente:

— Sabe... Você é o tipo de personagem que só deve aparecer de vez em quando senão perde a graça.

— Andou assistindo porcarias, de novo. Vadia. — Retalia-me Mayra.

— Pelo menos eu não finjo ser virgem.

— Aina, — puxa minha bochecha, — vai se ferrar.

Fala de um modo tão educado que não tem como me sentir ofendida. Levo-a até o lugar pretendido e a deixo frente a frente com Lizzy, que insiste em se manter com essas roupas que parecem que foram atingidas com balas de canhões, esses buracos revelam mais do que quero ver, viro de costas e retiro-me descontente, cesso os passos ao escutar:

— Por favor, assine com o pseudônimo de Alexys Rhol.

Observo discretamente Mayra lhe dar um livro, curiosa reviro e encaro seus olhos brilhantes, como os de uma criança que acabará de ganhar um doce, resolvo perguntar:

— Do que se trata?

— É o volume especial da série Luz: Doce Encanto. — Replica extasiada.

— Fico muito feliz quando alguém aprecia o meu trabalho. — Falou Lizzy com um grande sorriso.

— Estou ansiosa pelo lançamento de O Nascimento das Trevas.

Com milhares de dúvidas pairando sobre minha cabeça, começo a discutir com ela:

Almas Vazias Corações ContentesOnde histórias criam vida. Descubra agora