Capítulo XVII - Cicatrizes Inapagáveis

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O pecado que atormenta o mais sombrio dos pesadelos, não vou conseguir me perdoar pelo que fiz, essa ferida em meu peito nunca irá sumir, por mais que tente deixar pra lá, ainda lembro do trauma que me impossibilita de liberar meus verdadeiros poderes. Algumas coisas nunca irão voltar a ser o que eram, outras não devem, mas uma coisa é certa, o passado está sempre presente.

Ultimamente tenho dado de cara com muitas mansões, cada uma com suas peculiaridades, apenas fico pensando em quantas cidades caberiam dentro, mas a casa a qual estou olhando agora, povoada de cores claras, com certeza cabem três países, um tanque de guerra e vários exércitos, olho para os lados, de fato, tem alguns soldados por aqui, todavia ninguém veio me receber, acho melhor começar a tapar os ouvidos quando a Lizzy estiver por perto, a maldita sabe como me convencer, será que abro essa porta?

"Já que veio até aqui"

Tem razão, tive que vir de avião até Eunar, meu estômago ainda está embrulhado e minha cabeça girando.

"3...2...1"

Empurrei a porta, um brilho refletiu em minhas vistas cegando-me momentaneamente, era um boneco cheio de pedaços de lata, essa imagem me deixou confusa, afim de recuperar a visão pisco varias vezes e a imagem se torna nítida, é, na verdade, um homem alto, forte com sobretudo e de roupa preta por baixo, as coisas radiantes revelaram-se ser medalhas, aproximou-se de mim, dirigiu seu olhar ao meu, a franja levemente partida combinada a cor negra de seus cabelos o fazia parecer ainda mais sério, encarando-me disse:

— Que bom que você chegou, pode começar limpando os móveis.

Fiquei estática, antes que pudesse alinhar meus pensamentos ouvi uma voz falando:

— Não ligue pra isso. Ele tá brincando, pra falar a verdade Ashi passou horas pensando em como quebrar o gelo quando você chegasse.

Isso não aliviou nenhum pouco a tensão que sinto, ela está vestindo um kimono branco florido, não parecia ser japonesa, porém harmonizava de certa forma com seu estilo, seu cabelo castanho tinha um leve tom de verde quase imperceptível que destacava sua maquiagem suave. Ashi fez um comentário sutil:

— Megu passou as últimas 5 horas se arrumando e só conseguiu essa coisa estranha, sinto muito por ter que ver isso.

Megu lançou um olhar de insatisfação mantendo o sorriso nos lábios, eles aparentam ter um bom relacionamento, por enquanto só pensava em uma coisa que sem querer deixei se me escapar:

— Parem de falar como se eu fosse uma encomenda.

Responderam-me com sorrisos, logo falaram:

— Entre.

Só então percebi que meus pés não haviam cruzado a linha que separava o interior da casa do ambiente selvagem que era o lado de fora, transpassei, por um momento o tempo se tornou mais lento, talvez tenha sido apenas impressão, o barulho da porta batendo liberou-me desses pensamentos inúteis:

— Eu sou Ashi pode me chamar de papa. — Afirmou revelando um sorriso bobo.

— Eu sou Megu pode me chamar da maneira que lhe for mais confortável. — Apresentou-se com uma expressão serena.

Em seguida disseram juntos:

— Nós somos o casal Amore, bem vinda a nossa família.

Continuei em silêncio, analisarei melhor as coisas depois, o celular de Ashi tocou, Megu o encarou irritada dizendo:

— Desligue.

— Desculpe, — desligou — eles que esperem.

— O voo deve ter sido cansativo, sente fome? — Perguntou-me ela.

Almas Vazias Corações ContentesOnde histórias criam vida. Descubra agora