Capítulo 21 - Mais problemas

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Cidade de Crocus, terceiro dia dos Grandes Jogos Mágicos, 23h10...

Natsu

Acordei com algumas dores no meu corpo e estava enjoado. Acho que fiquei a andar naquele carrinho de ferro demasiado tempo (embora eu não tivesse como sair dele).

O circuito acabou e atirei-me para fora daquele monstro invencível. Sinceramente não sei o que é pior: um transporte, ou a Lucy bêbeda...

Reparei que tinha vindo parar a um lugar familiar, também com um cheiro familiar...

– Este cheiro... Já não o sentia há algum tempo... – Comentei enquanto me levantava, ainda meio enjoado depois daquela longa viagem.

Comecei a andar sem rumo e fiz aparecer uma pequena chama na minha mão para conseguir iluminar parte da caverna.

À medida que ía avançando no meu caminho, o cheiro começava a aproximar-se cada vez mais, até que encontrei ovos por todo o lado.

– Mas que...? – Estava sem reação. Aquilo eram ovos de...

– O que é isto? – Deixei escapar assim que olhei para o chão e vi um porta-chaves.

Nele, haviam cinco chaves com um tom negro. Bastante negro. Nos seus cantos, haviam gravuras diferentes: a primeira tinha um tom avermelhado; a segunda um tom cinza, que mais parecia metal; a terceira chave tinha um tom meio esverdeado; quarta tinha uma cor branca; e por último, a gravura da quinta chave era de um tom meio acinzentado (um pouco mais escuro que o tom da segunda chave).

– Mas que raio...? Estas chaves são parecidas com as da Lucy... – Abaixei-me e observei melhor as chaves.

Foi então que me lembrei daquele contratempo numa das aulas práticas da Academia da Guilda. Numa das nossas aulas, um Dragão igual ao Igneel apareceu misteriosamente. Era idêntico ao verdadeiro Igneel, mas no final das contas esse mesmo Dragão era apenas uma ilusão que a Yukino conseguiu eliminar.

Ela tinha-nos explicado que alguém andava a criar chaves negras e que conseguiam abrir portais através de ilusões. Mas ela também tinha chaves azuis claras, e quando utilizou, uma dessas mesmas chaves conseguiu fechar o portão do suposto Igneel, acabando assim com a ilusão.

– Não pode ser... – Mexi bem nas chaves. Estas chaves deviam abrir portões de ilusões como aquela.

– Entendi. Com que então só precisamos de mais três dias... – Ouvi uma voz familiar dizer e apressei-me a esconder-me atrás de uma grande pedra que havia lá.

Uma rapariga com uma capa negra com capuz surgiu com uma chave negra na mão, igual às outras que eu tinha encontrado. A mesma pegou no porta-chaves que eu tinha encontrado e foi-se embora. Isto era estranho...

Do nada, ela tirou o capuz e as minhas suspeitas mais profundas confirmaram-se.

Era a Midori.

Mas porquê?

Foi então que percebi tudo: era ela quem andava a criar as chaves de ilusões, e agora, mais do que nunca, tinha a certeza de que ela estava a planear qualquer coisa contra a Fairy Tail. Só não conseguia entender o quê...

Tive vontade de acabar com ela naquele preciso momento, mas controlei-me. A verdade é que ela tem chaves que podem fazer surgir Dragões, e sei bem que não sou capaz de derrotar um Dragão, tal como pude ver depois dos Jogos Mágicos de há três anos, quando vieram vários Dragões vindos do futuro...

Sempre soube que a Midori tinha interesse por magia Celestial. Ela sempre se mostrou muito interessada nas chaves da Lucy, quando se infiltrou na nossa Guilda, mas nunca pensei que conseguisse chegar ao ponto de criar chaves com tamanha energia mágica...

Não vi a gravura que havia na chave dela, mas sabia que tinha de descobrir que tipo de portal abria aquela chave. Por alguma razão, aquela chave chamava-me mais à atenção do que qualquer uma das outras...

Depois de esperar uns dez minutos, saí daquela gruta e dirigi-me ao bar onde a nossa Guilda costumava passar o tempo. Na rua, todos olhavam para mim. Afinal, ainda andava só de calças porque a Lucy tinha ficado com o meu casaco, na batalha desta tarde...

Não acredito que o Sting me venceu de forma tão vergonhosa, já para não falar das figuras tristes que a Erza fez ao entrar na nossa batalha... E também não gostei nada de ver a Lucy em roupinhas interiores. Ela deve achar que não vi os homens da plateia, babados a olhar para ela...

Soltei um grunhido com todos estes pensamentos e abri a porta do bar. Já tinha chegado e nem me tinha apercebido disso...

– Malta, precisamos de falar. – Disse assim que entrei.

– O problema é o seguinte: esta tarde vi algo muito... – Fui interrompido por uma loira.

– Natsu! – Ela gritou enquanto se atirava para abraçar o meu pescoço.

– Por que é que demoraste tanto tempo a voltar? Fiquei preocupada... – Ela olhou para mim, preocupada.

Fiquei algum tempo a olhar para ela enquanto decidia o que fazer: berrar com ela por causa das figuras tristes desta tarde, ou simplesmente ignorá-la. Escolhi a segunda opção.

– Esta tarde acabei enfiado debaixo da arena dos Jogos Mágicos e encontrei lá ovos... Ovos de Dragão. – Hesitei em falar, e de todos os que estavam a olhar para mim, o Gajeel e a Wendy foram aqueles que mais se exaltaram, vindo ter comigo assim que dei aquela informação.

– Ovos de Dragão? – A Wendy repetiu.

– Sim, e não só... Mas preciso que venham comigo para vos mostrar. – Não ia referir a parte das chaves, nem da Midori. Não por agora. Se o fizesse, teria que falar com a Lucy, visto que é ela a entendida em chaves... E se falássemos um com o outro, o mais provável era acabar-mos a discutir, como acontece sempre...

– Não podemos deixar que aconteça o mesmo que aconteceu há três anos. Preciso que os Mestres de Dragões vão lá. – O Mestre disse-nos e ambos assentimos com a cabeça.

– Venho já. – Disse sem olhar para a Lucy e afastei-a de mim.

Fui até à cozinha do bar e peguei na comida que havia por lá. Estava faminto... Aproveitei e também comi algumas das chamas que saíam do fugão a lenha. Precisava de recarregar as minhas energias ao máximo.

– Hey, Natsu... – Ouvi a voz da Lucy chamar-me mas ignorei-a, continuando assim a comer as chamas que haviam no fugão.

– Bem, só te queria dar isto... – Ela veio até mim e entregou-me o meu colete. Não era o casaco que eu tinha usado esta tarde, mas era antes o meu colete.

– Não te trouxe o casaco porque a noite de hoje está quente e... E porque também pus o casaco para lavar. Estava um pouco sujo... – Ela entrelaçou as suas mãos uma na outra e desviou o olhar. Ela já tinha percebido que eu estava chateado com ela, e por isso estava a dizer muitas coisas e a dar muitas explicações só para poder falar comigo, claramente nervosa.

Numa situação normal, ela entregava-me o colete e dizia que eu só me metia em lutas, e que por isso o casaco estava sujo...

– Obrigado... – Vesti o colete e ela voltou a desviar o olhar.

– D-Depois também tens um bolo. Deixei-o na hospedaria para ti, não tinha nada para fazer depois dos Jogos e por isso acabei por fazer... Um bolo... – Ela parou para respirar a meio da frase.

– Tudo bem, obrigado. – Virei costas e fui-me embora. Não queria tocar no assunto desta tarde tão cedo...

– Prontos? – Perguntei ao Gajeel e à Wendy assim que voltei para a zona de serviço do bar.

– Sim, vamos. – A Wendy e o Gajeel levantaram-se ao mesmo tempo.

– Certo. – Caminhei com eles em direção à porta de saída.

Fairy Tail - Academia de Verão T3Onde histórias criam vida. Descubra agora