Fairy Tail - Academia de Verão T3

Capítulo 1 - A notícia

Casa da Lucy, 17h20...

Lucy

Sentei-me junto à minha cama, no chão, enquanto tentava recuperar de mais uma discussão com o meu marido.

Já éramos casados há dois anos. Tudo corria bem, mas agora, talvez por estarmos cansados, as coisas viraram para o torto. O Natsu foi a uma missão sem mim, com o Happy, provavelmente para se distrair dos nossos problemas.

Entretanto, continuava sentada no chão e rodeada de caixas. Caixas que traziam um certo e determinado aparelho dentro de si.

Experimentei de várias marcas e lojas diferentes, mas todas me diziam o mesmo.

– Não acredito que isto aconteceu mesmo... – Deixei escapar e pousei a cabeça para trás, apoiando-a na beira da cama.

Depois de algum tempo assim, suspirei e levantei um pouco a minha camisola.

Fiz uma festinha na minha barriga e olhei para as caixas espalhadas pelo chão.

– É mesmo verdade... – Olhei para a minha barriga.

– Estou mesmo grávida... – Deixei escapar e olhei para a janela.

A minha história com o Natsu começou ha três anos, quando a Fairy Tail criou a Academia de Verão para aperfeiçoarmos a nossa magia.

Foi durante esse tempo que nos apaixonamos, e entretanto casamos. Mas antes de tudo isso acontecer, a nossa relação teve muitos altos e baixos: os ciúmes, o perigo, a desconfiança... Já provamos de tudo um pouco.

– Olá... – Sorri para a minha barriga e acariciei-a. Acho que podia chamar a isto o primeiro contacto entre mãe e filho...

Deitei todos aqueles testes de gravidez ao lixo e resolvi ir dar uma volta, precisava de esquecer tudo isto. Mas foi impossível. Quando recuperei a consciência do que andava a fazer, tinha-me enfiado numa loja de produtos para bebés e andava a ver fatos... Nada disto era seguro, e ainda nem sequer tinha contado ao Natsu, mas sinceramente não sabia se o ia fazer. Não tinha a certeza se queria ter este filho...

Sei que não é apenas uma decisão minha, mas se acabasse com isto de uma vez, o Natsu nunca iria saber de nada... Nem ele, nem ninguém. Seria melhor assim. Além disso, o meu casamento estava por um fio, por isso acho que esta não era a melhor altura para ter um filho...

Peguei em alguns fatos de bebé e escolhi alguns de cores unisexo: um branco, um verde e um amarelo.

– O que raio estou a fazer? – Senti-me corar e observei rapidamente os outros fatos que haviam no corredor da loja. Ao lado dos mesmos, estavam montes de chupetas e bibrons.

Estava a dar em doida com tudo isto!

– Lucy? – A voz do rosado soou e dirigi o meu olhar para o início do corredor onde me encontrava.

– N-Natsu? – Deixei cair os fatos que segurava.

– O que fazes aqui? – Ele deu uma vista de olhos rápida aos produtos nos armários daquele corredor enquanto caminhava até mim.

– Por que é que foste a uma missão sem mim? – Resmunguei para mudar de conversa.

– Porque discutimos, lembras-te? – Ele retrocou num tom irónico.

– Mesmo assim, somos uma equipa! – Levantei o tom de voz.

– Não interessa. Simplesmente quis ir sozinho. – O Happy (que estava em cima do ombro do Natsu) fez uma cara preocupada.

– Tudo bem. Também não quero saber. – Cuspi e apanhei os fatos que tinha deixado cair ao chão.

– Mas o que é que vieste fazer aqui? – Pensei que ele já se tinha esquecido dessa pergunta.

– Não interessa. – Estalei e coloquei os fatos de bebé nas suas respetivas prateleiras. O Natsu deu um murro numa delas e virou costas.

Suspirei com aquele ataque de fúria e apanhei as chupetas que tinham caído ao chão por causa do impacto.

– Lucy, estás bem? – O Happy, que tinha ficado para trás, perguntou-me com uma voz chorona.

– Sim, não te preocupes. – Forcei-me a sorrir e tentei conter algumas lágrimas que começavam a queimar-me os olhos.

– É melhor ires ter com ele. – Fiz uma festa na cabeça do pequeno gato e o mesmo assentiu, saindo da loja.

Voltei a pegar nos três fatos que tinha antes de o Natsu chegar e numa chupeta vermelha e fui pagar a conta. Não me perguntem por que é que comprei tudo aquilo, mas na altura pareceu-me ser algo certo a fazer.

Entrei numa farmácia, dirigi-me à secção de grávidas e peguei num pacote de comprimidos.

– O que faço...? – Deixei escapar, encarando a caixa com várias esferas.

Não sei se quero este filho, mas também não sei se quero comprimidos para o perder para sempre...

– Precisa de ajuda, menina? – A farmacêutica aproximou-me de mim e de seguida olhou atentamente a caixa que eu segurava nas mãos.

– Sei que não é fácil, mas pense sobretudo nele. É uma vida, apesar de ainda ser pequena. – A funcionária apontou para a minha barriga e olhei para aquela mulher.

– Não sei o que fazer... – Limpei uma lágrima que se tinha formado no canto de um dos meus olhos.

– Ele já sabe? – Ela devia estar a falar do Natsu, o pai...

– Não... Só descobri há algumas horas. – Voltei a olhar para a caixa de comprimidos.

– Devia falar com ele. Tenho a certeza de que quando ele souber da novidade, tudo irá melhorar. – Ela sorriu-me.

Apesar de não nos conhecermos, tinha a certeza de que podia confiar nela e nas suas palavras.

Pousei a caixa de comprimidos na prateleira e agradeci-lhe baixo, saindo da loja sem dizer mais nada. No caminho até casa, pensei no que realmente iria fazer, mas, mais importante que isso, pensei em como contar ao Natsu.

Não sei sequer se estou preparada para ter um filho, quanto mais o Natsu. O irresponsável do Natsu... (Que no entanto cresceu muito desde que nos apaixonámos).

Entrei em casa e olhei atentamente para os fatos de bebé que tinha comprado.

O que raio vou fazer...?

Acabei por escondê-los no meu roupeiro e deitei-me no sofá para ler o meu novo romance. Precisava de me distanciar de Magnólia e de me perder no mundo das letras e dos personagens fictícios.