Eduarda
O clima pesaroso recai sobre o ambiente silencioso do cemitério, poucas pessoas vieram para o enterro do meu pai e sei que era por ser uma pessoa tão odiosa que todos ao seu redor simplesmente se mantinham longe, nem mesmo seus amigos de farra vieram se despedir do "amigo" deles. Coloco a mão sobre a madeira escura do caixão em despedida e os funcionários do pequeno cemitério começam a descer o caixão e pela última vez olho para o rosto do meu pai através da janelinha de vidro que havia sobre seu rosto. Pego um punhado de barro e jogo sobre a tampa e logo os outros fizeram o mesmo, suspiro quando o monte de barro se desfazia enquanto preenchia a nova morada do homem que mais nos machucou na vida, pego Clarisse em meus braços e saiu de lá sem ao menos esperar o fim do enterro, sei que Fontana está vindo atrás de nós pois a fragrância fraca do seu perfume nos vento que nos sopra suavemente. Estou triste pela morte dele, mas a sensação de alívio se sobrepõe em meu peito e me sinto mal por isso, afinal ele era meu pai acima de tudo. Ao sair do local pude respirar um pouco mais aliviada já que agora não tem mais olhares curiosos e julgadores sobre mim a todo tempo, já que em nenhum momento durante o velório e enterro derramei uma só lágrima mesmo com a tristeza insistentes em meu peito, andamos até o carro de Fontana que destrava as portas e a abro colocando Clarisse no banco de trás e me acomodo no banco da frente, Fontana entra logo depois e me encara por alguns segundos.
-Você está bem?. Indaga segurando minha mão ainda suja de barro e olho para ele vendo preocupação em seus olhos.
-Estou! Me limito a responde e ele afirma e logo liga o carro nos levando para longe dali. - Eu sou uma pessoa ruim, apesar de está triste pela morte dele, a sensação de alívio insiste em permanecer no meu peito também! Digo baixo.
-Você não é ruim Eduarda, o alívio que você senti é por saber que não precisa mais ter medo do que seu pai pode aprontar a cada minuto, a sensação de alívio e por saber que não será maos uma refém na mão daquele carrasco! Diz descansando a mão em minha coxa e apenas suspiro concordando.
Olho para minha irmã que está quieta sentada no banco, toco seu joelho e ela me encara dando um sorriso leve.
- Nós não vamos morar naquela casa! Digo de repente e Fontana me encara. - Sabe eu queria ir embora o mais rápido possível por pensar que estava incomodando vocês com nossa presença, e por egoísmo meu quase coloquei nossa vida em risco, eu notei que aquele homem me encarava de um jeito estranho e apenas deixei para lá mesmo minha consciência gritando perigo a cada vez que o via! Digo entrelaçando meus dedos em nervosismo. -Então terá que nos aguentar por mais um tempinho em sua casa! Digo e ele sorri.
-O tempo que precisar! Diz sem tirar o sorriso do rosto e apenas aceno olhando para a estrada. Sinto um toque suave em meu braço e olho para Clarisse.
- Não vamos embora?. Gesticula em libras e apenas nego a fazendo abrir um sorriso mostrando sua covinha.
Ao chegar na casa de Fontana somos recebidas com abraços reconfortante e depois subimos para o quarto e tomo banho junto a Clarisse. A chuva engrossa lá fora nos fazendo vestir uma roupa mais quente por conta do frio, descemos para a sala pois Clarisse reclama de fome, vejo Fontana sentado no sofá e ao seu lado está um homem com o corpo todo tatuado, e junto a ele uma mulher de pele negra e cabelos trançados em um tom verde e azul, e a olhando bem lembro que já a ví na boate de Fontana e chegamos até discutir o que me rendeu uma arma apontada para minha cabeça, ao me ver ela acena minimamente ao qual retribuo e vou para a cozinha lhes dando privacidade em suas conversas, pego alguns ingredientes no armário e preparo duas massas de bolo, uma de chocolate e a outra de laranja, as despejo dentro da forma e coloco no forno para assar. Sento me ao lado de Clarisse e começo a assistir junto a ela. Olho para minha irmã e sinto meus olhos lacrimejarem.
"Será só nos duas agora pequena" penso ao passar a mão em seus cabelos.
Alguns minutos depois Fontana entra na cozinha e vejo que ele está nervoso, me aproximo dele me escorando ao seu lado no balcão e toco seu braço.
-Esta tudo bem?. Indago baixo a ele que me encara e me puxa para seus braços me apertando em um abraço de urso, seu perfume amadeirado me entorpece e sinto seu nariz tocando a pele exposta do meu ombro arrepiando meus pêlos da nuca, ele me aperta ainda mais e confesso que esse foi o momento que senti mas proteção e conforto desde ontem. Ficamos assim por alguns minutos e via minha irmã nos espiando e logo desviando o olhar. -Me solte ou irá comer bolo queimado! Digo batendo em seu braço e ele me abraça forte e me solta, vou até o forno e vejo que o bolo já está bom e retiro dali o deixando sobre o balcão para esfriar.
...Dias depois...
Entro na casa que morei por tanto tempo e vejo que está completamente reformada e bonita, as paredes antes com tinta descascadas e com infiltrações, agora estão lisas e pintadas com uma cor cinza claro deixando o ambiente confortável, o piso queimado de antes deu lugar a cerâmicas cor de creme e as instalações elétricas antes a mostras não são mais vistas, uma verdadeira reforma, vejo Clarisse entrando na casa depois de muitos dias e seus olhos antes medrosos se encontra com um brilho bonito ao perceber que todas as lembranças ruins que tinha dessa casa agora foram todas camufladas em um visual bonito e confortável.
Alguns dias depois da morte de meu pai um advogado me procurou falando que a casa era a herança que minha mãe tinha deixado para nós antes de falecer, meu pai por maldade escondeu esse informação da gente e soube que ele tentou vender a casa várias vezes, mas como a casa estava legalmente em nosso nome ele não conseguiu e agora eu sabia o motivo dele tentar destrui-la sempre que podia.
Fontana não ficou muito feliz quando disse que iria morar em minha casa novamente e tentou me persuadir a continuar em sua casa o que não deu certo e acabamos por brigar, mas depois de um arranca rabo de Maitê ele veio me pedir desculpas e agora se encontra aqui parado na sala de minha casa com os braços cruzados e um bico chateado em seus lábios.
Sorrio dele e o empurro até o sofá e ficamos ali esperando a pizza chegar.
-Ficou bonita, você tem um bom gosto para decoração! Diz olhando ao redor.
- Eu sei, arquitetura era minha segunda opção de faculdade, mas finanças sempre foi minha favorita! Digo e o vejo assentir, ouvimos a campainha tocar e me levanto para atender. -O que está fazendo aqui?. Exclamo em surpresa e medo.
Quem será?.
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Nas garras do Chefe
Ficción GeneralEduarda Lima uma bartender de 23 anos leva uma rotina diária cansativa ao cursar faculdade, trabalhar , e cuidar de sua irmã mais nova, ainda ter que aguentar os abusos de um pai viciado e violento. Diego Fontana dono da grande boate Luxury em que E...