Nas garras do Chefe

Capítulo 21

Eduarda

Encaro Marcelo com receio enquanto ele segura a caixa de pizza e dou um passo para trás quando ele a estende para mim, ele dar um sorriso com minha reação medrosa.

- Acho que isso é seu! Diz aproximando  ainda mais a caixa grande de mim e com as mãos trêmulas de nervoso a pego sentindo o cheiro e a quentura da pizza. - Soube sobre seu pai e vim aqui presta minhas condolências, foi uma grande perda! Diz e posso sentir o sarcasmo em sua voz, ele apoia o antebraço no portal e coça os lábios com o polegar me olhando de cima a baixo e seus olhos carregados de luxúria pousam no pequeno decote de meu vestido, ele sorrir novamente e seguro a maçaneta da porta com força.

- Obrigada, pode ir agora! Digo e tento fechar a porta, mais sou impedida quando sua mão espalma na madeira.

-Calma vamos conversar quero dizer que minha visita não foi apenas para isso! Ele empurra a porta e entra em casa, olho para o sofá não vendo Fontana ali e me desespero.

-Saia da minha casa! Digo e ele se senta no sofá todo esparramado como se não ligasse para o que eu tinha acabado de falar. -Saia ou chamarei a polícia! Ele sorrir me encarando e descansa um braço no encosto do sofá.

- Sabe Duda...! Ter meu apelido pronunciado por sua voz totalmente maliciosa me dar ânsia causada pelo nojo, pois era assim que ele me chamava toda vez que me assediava quando eu era mais nova. -Seu pai era muito viciado em jogos de azar e para continuar com seu vício ele acabou pegando dinheiro com um agiota como ele não tinha dinheiro para pagar o homem que ele estava devendo ele veio até mim atrás de ajuda financeira para saldar a dívida e claro de bom grado lhe ajudei! Rir sarcástico. - Bom mais pedi algo em troca de minha ajuda!Pronuncia enquanto sorrir e meu corpo todo gela.

-O que você pediu?. Indago sentindo um bolo em minha garganta.

-Você, e ele me entregou sem pensar duas vezes! Minhas pernas fraquejam com sua revelação.

-O- o que, isso não pode ser verdade! Digo abanando a cabeça de um lado a outro enquanto digiro aquela informação.

"Ele não pode ter feito isso, pode?"

- Isso mesmo que ouviu e tenho até um documento assinado por seu pai onde assegura que você me pertence! Diz tirando uma folha de seu bolso e coloca sobre a mesinha de centro me aproximo colocando a caixa de pizza ali encima e pego a folha vendo que se tratava de uma espécie de contrato onde confirma que meu pai realmente me vendeu para aquele homem como se eu fosse uma mera propriedade.

Soluço ao perceber quão monstruoso aquele homem foi, olho para Marcelo que parece está se divertindo com minha situação, ouço um barulho vindo do andar de cima mais não desvio os olhos do homem em minha frente.

- Espero que você tenha um bom advogado senhor, pois a compra e venda de pessoas é um crime grave! Fontana diz descendo as escadas devagar sem tirar seus olhos de mim, sua presença ali me causa um alívio tão grande trazendo consigo a sensação de segurança, vejo que Marcelo ficou tenso com o que Fontana disse. - Tudo bem?. Indaga se aproximando e o abraço forte. -O que você e o pai de Eduarda fizeram se configura a crime de tráfico humano! Diz ao homem que está visivelmente nervoso. -Vai ficar um bons anos atrás das grades ainda mais com denúncia de assédio, ou acha que não sei o que fazia com Eduarda quando vinha visitar o pai dela?. O homem me olha com ódio e me encolho nos braços de Fontana.

-Acha mesmo que serei preso! Marcelo se levanta do sofá e cruza os braços. - Não se esqueça que estamos no Brasil o país da corrupção o país em que o dinheiro que controla inclusive a justiça, achar que serei preso é muita ingenuidade sua! Rir debochado e me encara. -Esperarei você lá fora querida! Diz tentando passar por nós, mas em um piscar de olhos Fontana está apontado a arma que ele sempre carrega consigo em direção a Marcelo e toda a sua pose arrogante se esvai dando lugar ao medo.

-Você tem razão à assuntos que temos que resolver por nossa próprias mãos certo?. Fontana diz e me encara.- Vá para o quarto irei ter um papinho com esse ser desprezível e não quero que você presencie isso! Fala e deixa um beijo em meus cabelos e o modo que ele olha para Marcelo me deixa com medo pois já o vi com raiva muitas vezes, mas nada se compara o brilho perigoso em seus olhos agora e por um momento temo que ele possa matar Marcelo ali mesmo e me lembro de quando Tereza falou que Fontana é um homem perigoso e agora posso ver que ela estava certa.

Subo para o quarto de Clarisse e a vejo dormindo tranquilamente na cama que dividimos por muitos anos, fecho a porta a trancando e ouço um barulho alto vindo lá de baixo e fico nervosa. Alguns minutos se passam e ouço um carro na rua e pelo barulho ele parou próximo de casa, vou até a janela e olho para fora vendo uma van preta estacionada em frente de casa e logo dois homens carregando Marcelo que aparenta está desacordado sai daqui o colocando dentro do carro e vão embora, olho para o carro até sumir de minha vistas ao virar a esquina.
Mil coisas se passam em minha cabeça do que realmente iria acontecer com ele e sinceramente não me importo contanto que ele não venha atrás de mim novamente.

Abro a porta do quarto e coloco somente a cabeça para fora olhando para o corredor vazio, saiu do cômodo fechando a porta devagar para não acordar Clarisse e ao descer as escadas vejo a bagunça na sala, e percebo que o barulho alto que tinha ouvido era da mesa de centro que estava quebrada.

-O que aconteceu aqui?. Olho para a bagunça enquanto Fontana trás uma pá e vassoura e começa a varre o vidro quebrado no chão.

- Ele não quis conversar civilizadamente, então o fiz ouvir tudo o que queria dizer na base da porrada e não se preocupe amor aquele infeliz nunca mais se aproximará de você! Diz  enquanto coloca os cacos de vidro na pá, ele está tão atento com o que estava fazendo que nem percebeu do que me chamou e aquela palavra dita de forma tão natural fez meu coração acelerar.

Obs: Marcelo é o homem que Fontana e Eduarda tinha visto no restaurante(ou lanchonete não lembro mais).