Capítulo 23

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Eduarda

Quando aquele homem saiu da sala eu ainda me sentia insegura, me soltei de Fontana e sentei no sofá sentindo minhas pernas trêmulas e pude respirar com um pouco mais de facilidade aquele homem realmente me deixou temerosa até mais que Marcelo me deixou um dia.

-Porra Diego, você só arruma mulher problemática para se envolver! A voz frustrada da mulher corta o ambiente "silencioso" da sala e a encaro vendo que ela realmente está frustrada. -Você sabe que isso vai dar merda, Hakan não é do tipo que leva desaforo para casa, espero que você saiba bem onde está pisando e arrume um jeito de reverter o que sua funcionária fez ou se prepare para a guerra que irá acontecer pelo desrespeito dela! Ela dar um gole na sua bebida sorvendo o líquido quase todo.

-Problematica?.Satirizo a fazendo me olhar com uma sobrancelha arquiada. - Aquele idiota simplesmente ficou com raiva de mim sem ter feito porra nenhuma para ele e ainda me jogou bebida e eu que fui desrespeitosa a vá se fuder! Digo a ela sentindo a raiva borbulhar em meu peito.

-Você o desrespeitou no momento em que entrou olhou para ele e não o comprimentou, você o desafiou assim que o encarou com superioridade e assinou sua sentença no momento em que derramou seu sangue quando o golpeou com a bandeja, agora você é uma pessoa com um alvo nas costas pois ele irá te caçar e matar por seus atos inconsequentes! Ela diz com a voz contida me fazendo tremer na base, e o pior é que não estou preocupada comigo e sim com Clarisse que pode pagar o preço por eu ser uma pessoa estourada e que age sem pensar.

- Droga perdemos um grande negócio hoje! O homem comenta. - E provavelmente ganhamos um grande inimigo, espero que você possa achar uma solução viável para as drogas armazenadas no galpão pois o nosso melhor comprador está puto conosco! Ele diz e sinto meu coração gelar ao ouvir isso, olho para Fontana que me encara com os olhos arregalados.

-O que? Murmuro para ele que suspira.

-Eu sou um traficante Eduarda, forneço drogas sinteticas e semi-sinteticas para traficantes do nosso país como para traficantes de fora também, aquelas pessoas que estava aqui são da máfia turca e aquele homem que você acertou é Hakan Durmaz o líder da máfia turca. Ele estava aqui para negociarmos a troca de drogas por armas! Fontana me confessa e apenas sinto o revirar em meu estômago, realmente não sabia o que pensar diante de sua confissão então apenas saio daquela sala com o ar sufocante demais, vou para o banheiro e acabo vomitando tudo que tinha comido naquele dia, a descoberta sobre Fontana martela sem parar em minha mente.

"Um traficante, um traficante, a porra de um traficante" murmuro diversas vezes ainda sem acreditar, saio para fora da cabine e caminho até a pia jogando um pouco de água em meu rosto vermelho que transmite tensão e espanto.

- Está tudo bem Duda?. Me assusto ao ouvir a voz de Vitória que está parada na porta.

-Estou! Digo com a voz falha.

- O senhor Fontana está te chamando na sala dele! Diz e meu peito da uma pontada.

-Diga a ele que não estou me sentindo muito bem e que fui embora! Digo a ela apressada e vou até o bar pegando minha bolsa e saio da boate, não quero olhar ou falar com Fontana até digerir mais essa história.

Ando as pressas pelas ruas pouco movimentada já que é madrugada e a todo momento olho para trás, quando estou próximo ao ponto de ônibus um carro negro para ao meu lado a porta de trás e aberta e Fontana saí do carro mantendo a porta aberta.

-Entre, vamos conversar! Ele diz com a voz calma e apenas nego.

-Não temos nada para conversar, na verdade eu só quero distância de você nesse momento! Digo a ele que suspira olhando para cima e vem em minha direção, ele segura meus braços fazendo um pouco de pressão para que eu não fuja de seu agarre e me puxa em direção ao carro.

-Me solte eu não quero ir com você! Indago nervosa e ele apenas fingi não escutar. -Estou falando com você, Fontana me SOLTE! Grito o fazendo me olhar quando um grupo de jovens passam por nós e encaram desconfiados .

-Precisa de ajuda moça?. Um dos homens ali no grupo de aproxima.

-Não precisa, ela é apenas uma birrenta que não quer ir para casa!. Fontana diz na maior calma.

-Certo! Ele se afasta e se junta ao grupo e seguem caminho.

- E eu ouvi Eduarda não precisa gritar, eu só quero conversar com você calmamente como pessoas adultas e civilizadas! Me empurra fracamente me fazendo entrar no carro.

Apenas me abstenho de qualquer conversa quando ele entra junto e pude ouvir as portas do carro serem travadas e bufo frustrada cruzando os braços. E por incrível que pareça não tenho medo dele nesse momento apenas sinto raiva por ele ter mentido para mim pois se soubesse desse seu segredo nunca teria permitido que ele se aproximasse tanto de mim e minha irmã.

-Onde está Clarisse?. Ele questiona e o olho receiosa.

-Em um lugar bem segura e longe de você! Digo a ele que resmunga.

-Enzo! Ele fala e o olho rapidamente. -Bem irei mandar alguns dos meus seguranças ficar de olho na casa dele! Ele diz digitando algo em seu celular.

-Você não irá machucar eles, certo?. Questiono receosa pois agora não confio nele.

-Claro que não Eduarda! Ele diz como se estivesse chateado.

-Por que entrou nessa vida?. Pergunto sem encara-lo.

-Dinheiro! Fala. -Eu era jovem e ambicioso, queria uma vida boa sem precisar me matar em trabalhos que pagam um salário que não dar nem para suprir as necessidades básicas que um ser humano precisa!. O encaro. -E também vivíamos em um lar abusivo e não queria mais aquela vida para mim e Maitê, então pedi um trabalho para o dono do morro em que vivíamos e consegui um cargo de fogueteiro, fui dando o meu melhor e fui ganhando a confiança do chefe, fui subindo de cargo até ser seu braço direito no comando do morro, então eu fui responsabilizado para fazer negócios fora do morro já que ele era conhecido e não podia sair de lá sem correr o risco de ser alvejado pela polícia ou por uma facção rival! Responde calmo.

- Mas a que custo Fontana? você não queria trabalhar em um emprego de salário ruim, mas pelo menos você viveria de forma honesta sem precisar colocar sua vida em risco e ainda destruir a vida de outras pessoas como fazem com os viciados e seus familiares!. Digo a ele puta.

-Nem sempre a vida honrada é boa Eduarda e temos muito exemplos disso hoje, é só abrir seus olhos para o que acontece no nosso país, bandidos de colarinho branco que vivem luxuosamente as custa dos esforços de trabalhadores honestos que acordam cedo para trabalhar exaustamente e não ter uma vida confortável o suficiente, muitos deles não tem acesso a saúde, educação e alimentação boa, são pessoas que apenas sobrevivem com o pouco que ganham, pessoas que se afundam em dividas por nunca ter o suficiente para suprir as suas necessidades. Então eu lhe digo nem sempre o justo tem uma vida boa! Diz e apenas me calo. - E se for para escolher entre uma e outra eu prefiro ser uma pessoa ruim aos olhos da sociedade mas com a conta financeira recheada, do que uma pessoa honesta sem um tostão no bolso! Fico o encarando sem ao menos saber o que falar diante as suas palavras.

Nas garras do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora