Capítulo 18

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Mesmo tomando cuidado para não entregar sua localização para aqueles monstros, cada passo que dava fazia a teia estremecer, provocando uma onda sonora que atraia a atenção das aranhas. Elas sempre olhavam para trás a fim de descobrir o que causava aquela perturbação, mas nada encontravam, apenas a escuridão profunda daquela floresta amaldiçoada.

Andavam e andavam sobre as teias, ao que parecia, por milhas a fim. Como seria possível o ar ficar cada vez mais pesado e sombrio? Perguntava Lira, extremamente cansada. Se caminhar no chão por longas distancias já é uma tarefa difícil, imagine caminhar em um local instável, gosmento, a uma altura imensa do chão com criaturas a sua frente, que a qualquer momento poderia ver sua presença. As  pernas da jovem pesavam a cada passo. Mas, para sua sorte ou para seu mais puro pânico, as aranhas chegaram ao seu covil.

Era um lugar horrendo, tinha teias em todas as direções que cobriam a pouca luz do Sol que se arriscavam a passar pela pouca abertura entre as folhas das arvores; o ar era ainda mais pesado naquela região, deveras abafado, como uma sauna aquecida ao máximo; e parecia que consumia todo seu ser com a energia negra que emanava das criaturas bestiais, habitantes daquele lugar, não se sentia nem uma única brisa possível pois até a brisa do vento tinha medo de chegar ali; além disso o cheiro pútrido de carne apodrecendo era extremamente sufocante.

As aranhas penduraram todos os anões como cachos de uvas esperando amadurecerem para serem colidas, de cabeça para baixo. Quando foram colocar o último embrulho pendurado, o ser que estava em seu interior começou a se debater desesperadamente, lutando para se livrar daquela prisão gosmenta. Com o susto, as aranhas derrubaram o embrulho na teia que servia de chão o que provocou um enorme tremor por toda a sua extensão, fazendo a jovem desequilibrar e cair na mesma. Então, de dentro do embrulho, surgiu uma lâmina cortante emanando uma luz prateada forte. Era Bilbo. 

O pequeno Hobbit lutava com todas as suas forças para desvencilhar daquele grude que prendia seu corpo. Lira sem perder tempo e aproveitando que a atenção das aranhas estava em Bilbo, levantou em um salto e avançou com sua espada em punho. Sua lâmina impetuosa, cortava tudo que via pela frente, tentando matar o maior número de bestas possíveis e cortar a maior parte das teias que impediam seu movimento. O barulho de sua lâmina contra a carne das aranhas era extremamente arrepiante, pois parecia que ao invés de ser carne, era pedra contra a espada - lembra-me do barulho causado quando se afia uma faca de cozinha -. A cada investida, ela se aproximava de seu objetivo, os embrulhos de teias onde estavam seus queridos amigos. Bilbo que conseguira enfim desvencilhar das teias não perdeu tempo e colocou o anel em seu dedo, ficando totalmente invisível. O que ele não esperava era conseguir ouvir claramente a voz das aranhas, como elas tivessem aprendido seu dialeto ou ele tivesse aprendido o delas. Foi muito assustador para o pequeno Hobbit, mas, não se deixou abater, balançou a cabeça para espantar o medo e assombro, empunhou sua espada com a sua força restante e foi ajudar Lira a derrubar os monstros.

As aranhas estupefatas e assustadas pelo que estava acontecendo – pois elas não conseguiam enxergar de onde vinham as lâminas que cortavam suas pernas, barrigadas e suas teias – não tinham reação alguma, apenas ficaram olhando de um lado para o outro. Elas gritavam "Onde esta?" ou "Maldição!", por não conseguirem localizar seus inimigos e os matar.

Lira, foi em direção aos seus amigos e cortou o pedaço de teia que os prendia na parte superior do covil. Um por um caia delicadamente até o chão da floresta, assim que pousavam no chão, os anões começavam a se debater para sair daquele embrulho sombrio, assim como Bilbo tinha feito. Aquela teia tinha consistência de gosma de marcar com cola, por isso meus amigos podem ter uma ideia do quão difícil estava sendo essa escapada dos anões. Vendo que suas presas deliciosas estavam escapando desceram rapidamente até o chão a fim de matar um por um.

O Chamado Da Terra Média - Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora