Capítulo 10

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Eles caíram e caíram, até que atingiram uma rede mal feita e suja, feita de uma corda áspera e grosseira, cheia de nós, que cheirava carne podre. Eis que saltaram os orcs, grandes orcs, enormes orcs feiosos, antes que você conseguisse dizer "rochas e tochas". Havia seis para cada anão, pelo menos, e dois só para Bilbo e para Lira. Todos foram agarrados, carregados e empurrados por um caminho feito com madeira para mais fundo dentro da montanha, antes que você conseguisse dizer "fio e pavio".

Era um lugar fundo e escuro de tal modo que só os orcs que se acostumaram a viver no coração das montanhas conseguiriam enxergar. As passagens eram encruzilhadas e enroladas em todas as direções, mas os orcs conheciam o caminho tão bem quanto você conhece sua própria casa. E o caminho descia e descia, não parava de descer, era o mais horrivelmente abafado possível. O ar escapava pelos pulmões da companhia, o cheiro pútrido de seus sequestradores revirava o estomago de todos. Eles acabaram de chegar na cidadela orc sob a montanha.

Os orcs foram muito grossos, beliscavam suas vítimas sem misericórdia, gargalhavam, e riam com suas horríveis vozes pedregosas

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Os orcs foram muito grossos, beliscavam suas vítimas sem misericórdia, gargalhavam, e riam com suas horríveis vozes pedregosas. O que ninguém havia percebido até aquele instante era a falta de um membro da comitiva, Bilbo havia sumido. Bom, não sumido necessariamente, ele caiu no poço sem fim com um orc em seu encalço, e lá no fundo, no chão da montanha, descobriu uma criatura bem peculiar, uma criatura que acabara de perder um artefato muito precioso – O Anel. Mas, essa história contarei mais tarde.

Então, conforme iam penetrando a montanha, surgiu uma luz vermelha mais forte que as demais diante deles. Os orcs começaram a cantar, ou grasnar, marcando o ritmo com a batida de seus pés chatos na pedra e chacoalhando seus prisioneiros também. Uma voz mais grossa e desafinada que já ouvi antes se sobressaia sobre as outras. Era a voz do líder orc.

Bate! Late! a terra parte!

Pega, aperta! A cara acerta!

Fundo, fundo, ao nosso mundo

Cê vai, rapaz!

Tromba, arromba! Joga a bomba!

Sempre a malhar! Gongo a soar!

Martela a fundo o submundo!

Ho, ho! rapaz!

Manda o chute! Olha o açoite!

Esmurra e espanca! Berro arranca!

Rala, rala! Nem mesmo fala,

Pra orcs rir e escarnir

Ao nauseabundo submundo

Desceu, rapaz!

Aquilo soava verdadeiramente aterrorizante. A cidade ecoavam com o "bate, late!", e com o "tromba, arromba!", com o riso feioso do "ho, ho! rapaz!" deles. O sentido geral da canção estava claro até demais, pois os orcs tinham pegado chicotes e batido neles com um "olha o açoite!", fazendo-os correr tão rápido quanto conseguiam na frente. Já estavam arrancando muitos berros de mais de um dos anãos e de Lira, que gritava de forma desesperada, quando entraram tropeçando num local mais aberto, uma caverna com teto abobadado, as paredes da caverna estavam repletos de orcs, como se fosse um estádio de futebol. Estava iluminada por um grande fogo vermelho bem no meio, e por tochas ao longo das paredes. Todos eles riram, bateram os pés e aplaudiram quando os anãos e Lira entraram correndo, enquanto os condutores gritavam e estalavam seus chicotes (A coitada de nossa jovem recebeu mais chicotadas do que os demais anões por causa de sua posição, ela era a última da fila). Lá estavam todas as bagagens e todos os pacotes jogados no chão, abertos e sendo vasculhados por imundos orcs de cabeças chatas.

O Chamado Da Terra Média - Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora