𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐂𝐄. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.

47.

Raphael Veiga

- Eu vou ignorar todas as merdas que você acabou de me falar.

- Merdas? Falar a verdade é falar merda agora?

Revirei os olhos, ela não vai conseguir me tirar do sério, vou fingir que são efeitos do remédio.

- Sou um cara compreensivo e entendo que você acabou de passar por uma experiência traumática, não vou cair na sua pilha de nervosismo. Você vai ficar aqui no Rio e pronto.

Respondi dando um beijo em sua bochecha e saindo.

- Acho melhor você ir embora pra São Paulo, pode deixar que meu pai cuida de mim.

Por mais que eu disfarce bem, às coisas que Mariana falavam me deixaram um pouco triste.
Saí do quarto e escorei na porta, suspirando fundo.

- Está tudo bem?

Gabriel me perguntou.
Por um minuto, até me esqueci que ele estava ali fora.

- Mulher é complicado né!?

Comentei com ele, que riu.

- E como são, principalmente essa daí.

Ele respondeu apontando pra porta e eu dei risada.

- Você quer me contar o porque brigaram?

Gabriel estava sendo legal, até estranhei, lhe ofereci o sorriso sem graça e me sentei ao seu lado.

Contei toda a minha conversa com Mariana pra ele, e ele prestava atenção atento, fazendo caras e bocas  que me faziam rir.

- Mariana é impulsiva e está triste, não leve pro coração as coisas que ela fala.

- Ela já fez algo parecido com você?

- Não, eu que fazia com ela.

Ele respondeu dando risada e eu franzi a testa.

- Não estou me gabando, só estou tentando te dizer que ela só está traumatizada com o relacionamento que teve comigo e agora está agindo igual a mim, como se não se importasse com as coisas.

Prestei atenção no que Gabriel me disse e até que fazia sentido.

- Por exemplo, uma vez ela me disse que ia pra São Paulo trabalhar, e eu falei que ela estava me abandonando por que eu estava lesionado na época e não podia satisfaze-lá, com todo respeito.

Gabriel falava e eu dei risada.

- O mesmo que ela fez com você agora. Mas na real eu só falei isso porque eu queria muito que ela ficasse perto de mim, cuidando de mim. Eu tinha medo que ela me abandonasse e encontrasse alguém melhor, porque no fundo, eu sempre soube que Mari era demais pra mim.

- Você tá querendo dizer que Mari age assim contigo, por medo de me perder? Mas isso não faz o menor sentido, eu amo demais essa menina Gabriel, nem eu sei oque ela fez comigo...

- Hmm, sabe sim.

Gabriel falou trombando o ombro em mim, fazendo gracinha e eu dei uma gargalhada.

- Não foi só isso, sei lá, ela não vê só como um rostinho bonito sabe!? Ela é diferente.

- Tá muito na cara que vocês se amam, eu vejo o brilho nos olhos dos dois.

Ri sem graça e abaixei a cabeça.

- Que fase em Gabriel Barbosa, me aconselhando a lidar com sua ex.

- Espero que você lembre disso quando jogar contra o meu Flamengo e erre tudo que tentar.

Gargalhamos juntos e nós abraçamos.

Saí dali um pouco mais leve por causa do conselho que Gabriel me deu, e fiz questão de fazer uma chamada de vídeo e contar tudo o que aconteceu nesses dias pro Scarpinha.

2 semanas depois....

Mariana Lima

Ainda no Rio de janeiro e liberada pela minha terapeuta, eu me preparava para finalmente voltar pra São Paulo.
Lucas e Paula vieram de São Paulo pra ficar comigo assim que eu fui liberada do hospital.

Essas semanas têm sido menos piores por causa deles, eles me faziam rir o tempo todo e me levavam pra passear na praia, mesmo contra minha vontade.

Infelizmente eu tive uma forte depressão pós parto, que me faz beber muito e ficar sem comer por dias, perdi muitos quilos por isso.

E se beber demais já não bastasse, eu vivia tendo crises de pânico, sonhava com minha filha chorando e acordava completamente desnorteada sem saber onde eu estava. Eu também me dopava na tentativa de conseguir dormir uma noite inteira, sem sucesso na maioria das vezes.

Mas graças ao suporte psicológico do hospital, eu consegui parar de beber definitivamente, mas os remédios eu ainda continuava tomando, mesmo que com pouca frequência.

- Puta merda Lucas, você esqueceu meu carregador portátil lá, eu vou te matar.

Paula falava mexendo em sua mochila.

Estávamos no jatinho particular do meu pai indo de volta pra São Paulo.

- Como deve ser bom ser rica.

Lucas comentou se jogando em uma das poltronas, ignorando completamente o que Paula tinha falado sobre seu carregador.

- É ótimo amigo, não vou ser falsa dizendo que não é.

Eu respondi ele e ele riu.

- Você já se resolveu com o Raphael Veiga?

Paula me perguntou.

- Não.

Respondi cabisbaixa.

- Mas, por que vocês brigaram mesmo?

Lucas me perguntou apertando todos os botões de massagem que tinham na poltrona, ele parecia uma criança.

- Talvez eu tenha sido ignorante com ele no hospital e desde então a gente não conversa igual antes, ele só me pergunta se eu estou bem e eu respondo que sim.

- Você sabe que a chance de vocês se trobarem agora são muito maiores né!?

Paula disse e eu dei de ombros.

- Ele até cortou o cabelo, você traumatizou o garoto.

Lucas falou enquanto olhava seu telefone e me mostrou o story de Raphael com o cabelo cortado.

Impressionante como ele fica bonito com tudo.

- Amanhã é aniversário dele.

Eu comentei suspirando fundo, sinto falta dele.

- Vai ter festinha e você vai.

Lucas me respondeu.

- Nem fudendo que eu vou.

- E quem disse que a gente está te dando escolha? Você vai e pronto.

Paula me respondeu e eu cruzei os braços igual uma criança birrenta.

- Não bebo mais, vou fazer o que lá?

- Ver seus amigos palmeirense e se desculpar com o Veiguinha. Facilita minha vida de assessor também né garota, não aguento mais responder os fãs de vocês se terminaram ou não. Porra, nem eu sei.

Eu e Paula gargalhamos da resposta de Lucas.

Por mais que eu sinta muita falta do Raphael, não sei se ele ainda me quer da mesma forma que queria antes, eu sei que sou uma pessoa difícil de lidar e muitas das vezes acabo sendo insuportável por inseguranças minhas.

E o Veiga não merece uma pessoa confusa ao seu lado e cheia de problemas psicológicos, como eu.