𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐂𝐄. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.

73.

Raphael Veiga

Todos já tinham ido embora,  deixando eu e Mari sozinhos em casa, como de costume. Eu estava sentado na sala escolhendo um filme, enquanto esperava ela fazer pipoca.

- Já escolheu?

- Você gosta de desenhos?

- Claro, minha criança interior ainda está vivíssima.

Dei uma risada abafada e Mari se sentou ao meu lado.

- Vamos assistir enrolados então.

- Eu amo. Você tem bom gosto amor.

- Lógico né, olha com quem eu vou me casar.

Mari deu uma gargalhada.
Passei meu braço pelo seu pescoço e ela se aconchegou no meu peito.

Mas Mariana estava inquieta, e ao mesmo tempo desligada do filme.

- O que foi amor? Não gostou do filme?

- Eu gosto desse filme, é só que..

Ela se virou pra mim e eu pude perceber seus olhos marejados.

- O que foi amor? Aconteceu alguma coisa?

- Eu estou me sentindo um lixo.

Franzi a testa sem entender.

- Por que?

- Por tudo que a Paula me contou. Eu nunca percebo quando ela tá mal Raphael, eu nunca consigo ajudar ela em nada, eu me sinto uma inútil.

Ela desabou de chorar colocando as mãos no rosto e eu há abraçei.

- Ei, calma. Não pensa assim. Sobre o que vocês conversaram?

Me fiz de sonso, eu já sabia de tudo. Gabriel me ligava todo dia sem saber o que fazer com toda essa situação e pediu para que eu não contasse pra Mariana, porque Paula conversaria com ela.

Mas isso acabou se tornando uma bola de neve gigantesca e eu já não estava aguentando mais ficar calado, ainda bem que Paula decidiu contar.

E agora Mari estava aqui, chorando nos meus braços, se sentindo a pior irmã do mundo, o que é uma mentira.

- Ela me contou sobre sua depressão, e sobre gostar do Gabriel.

- E você se sente mal porque não conseguiu perceber que ela estava mal?

Ela balançou positivamente com a cabeça.

- Amor, a maioria das pessoas que sofrem com depressão, preferem sofrer em silêncio e sem precisar de ajuda. Porque elas acham que aquilo vai passar a qualquer momento e é só uma fase ruim.

- Mas não é assim que funciona, ela não pode pensar assim.

- Mas você não tem controle sobre o que Paula pensa amor.

Ela se soltou dos meus braços e respirava mais calma, enxuguei suas lágrimas.

- E sobre o Gabriel? Está tudo bem?

Perguntei.

Paula estava morrendo de medo da reação de Mariana ao saber sobre ela e o Gabriel estarem se gostando.

Confesso que dei altas gargalhadas quando ele me contou, e eu disse que já desconfiava. Não era normal essa implicância dos dois.

- Fiquei perplexa, mas por mim tudo bem. Se ele não fizer com ela, o que fez o comigo.

- As pessoas mudam Mari.

- Eu sei Raphael, mas é complicado pensar nos dois juntos.

- Então você não está aceitando essa idéia?