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Raphael Veiga

Já com as malas prontas e dentro do carro, eu a Mariana voltávamos pra nossa casa depois da expulsão, por simplesmente transar e ser feliz.

Assim que saímos do SPA as pessoas da recepção nos olhavam torto e Mariana quase se enfiou no chão de vergonha.

- Eu nunca mais venho pra Santos. Meu Deus, vão falar de mim pro resto da vida.

Gargalhei.

- Vão nada amor. Eles vão esquecer.

- Puta que pariu, se isso sair no Leo Dias.

Gargalhei mais uma vez e Mari me deu um tapa no braço.

- Para de rir Raphael.

- É engraçado ver seu desespero. Já te falei que todo mundo transa Mariana, às pessoas fingem ser conservadoras.

Ela respirou fundo e deitou no meu ombro.

Seguimos até uma "viagem" aparentemente tranquila. Quando chegamos quase perto da casa dos meus pais pra buscar o Bernardo, o telefone de Mariana tocou.

- Alô... Oi pique..

Ela parou de falar e sua expressão mudou totalmente.

- O que? Piquerez calma...

Eu olhava pra Mari esperando uma explicação, mas ela nem prestou atenção em mim.

- Qual hospital?... Maternidade Santa Joana? Tá bom Piquerez, tenta ficar calmo, a gente tá indo.

Com uma cara de preocupação, eu olhava pra Mariana esperando uma explicação, ela desligou o telefone e olhou pra mim.

- A bolsa de Paula estourou. Piquerez tá desesperado indo pro hospital.

- Vamos pra lá né. Dá uma força pro meu amigo.

Ela acentiu com a cabeça e eu dei meia volta com o carro.

Mariana Lima

Chegamos no hospital rápido graças ao milagre de Raphael, que saiu cortando todas as ruas com engarrafamento.

- Moça, Paula Lima por favor, acabou de entrar aqui, em trabalho de parto.

A recepcionista me olhou na maior calma do mundo.

- Você é o que dela?

- Irmã.

Ela digitou alguma coisa no computador.

- Pode subir pro terceiro andar e ficar na sala de espera. Ela já está sendo devidamente atendida.

Ela respondeu me oferecendo um sorriso simpático e eu retribui.

Puxei Raphael pelo braço e subimos pelo elevador.

- Daqui uns meses vai ser eu.

- E se Deus quiser vai dar tudo certo. Né amor!?

Veiga me abraçou por trás e beijou meu pescoço.

- Já deu morena.

Toda essa história de gravidez ainda me deixava muito aflita. É complicado pra mim lidar com a perca da minha filha, e eu morro de medo que isso aconteça de novo.

Por mais que eu esteja muito feliz de ter conseguido engravidar com muita facilidade mesmo depois de tudo, é inevitável ter esse sentimento horrível de culpa.

Sim, eu me culpava pela perda da minha filha, me culpava muito. Por ter me desligado do meu próprio corpo e não perceber que tive mudanças, por ter escondido Gabriel a gravidez e ter causado toda aquela revolta nele, por ter envolvido o Raphael nisso e fazer ele sofrer por algo que não era de sua responsabilidade.

𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐂𝐄. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora