Tem dias em que sou tomada por um frio na barriga que não passa, meu coração se agita em meu peito e tenta em vão saltar pela minha boca, ele procura um lugar diferente, ele deseja algo novo, um lugar melhor que esse peito empoeirado e vazio. Eu desejo um lugar claro e fresco, como se as coisas daqui não bastassem, minha mente borbulha e construo mil planos, como vou, quando vou, com quem? Levo só eu, ou levo ela? Tudo muda, eu quero que tudo mude. Sinto minha alma queimando meus ossos, partindo-os, e querendo partir, ir para um outro mundo, voar por um céu limpo, onde ninguém me conhece, ninguém me vê, onde não há ninguém. Mas são só alguns dias, e comparados aos dias cinzas, meus dias límpidos e azul pastel são escassos, eles me jogam pra cima com um sopro de liberdade e esperança mas não consigo evitar ser puxada pra baixo, esse corpo pesa demais, sou um casaco grande, de tecido grosso, encharcado de água, vestido por uma criança pequena demais para suportar meu peso.