Eu sinto meu cérebro queimando dentro da minha cabeça, ele cresce e pesa a cada novo traço de pensamento.
Ultimamente eu só me preocupo, o estresse está degradando meus ossos e comendo minha carne.
O dinheiro, eu não posso dar um passo sem ter que pagar por ele, mas ainda assim ando livremente pelas ruas.
As mentiras que eu conto e acredito estão me dissolvendo como ácido.
As mentiras para acalmar sua mente tempestuosa e seu coração chorão estão me devorando.
Não, não está tudo bem, não estou calma e me movendo precisamente como pensa.
Você fez falta durante todo o percurso, não sei das muitas coisas que você não disse, deduzi o que devia fazer por toda minha vida.
Eu não sei, eu não sei, eu nunca soube, eu segui sozinha pelo escuro porque a luz das suas palavras não estavam lá, porque você não estava lá.
Eu não tive um guia, nunca tive um, tive braços para me amparar do jeito mais seco possível, braços feitos de dinheiro, moedas brilhantes que me cegavam.
Hoje meu maior problema é o dinheiro, apesar de não ser tão importante assim, se você olhar de perto meu maior problema é o buraco gigante consumindo minha existência, estou sumindo.
Daqui uns dias não estarei mais aqui, quero fazer, quero tentar, eu quero, juro que quero, quero ir mais fundo, mais fundo em mim e descobrir o porquê, entender como eu vim a ser, mas não consigo.
Eu não sei de nada, nunca sei de nada, danço conforme a música, ou melhor, me movo conforme a música porque não sei dançar, mas se você olhar de longe pareço graciosa, eu só pareço, mas não falo, eu não tenho voz.