Estremeci

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Você ecoa nas cordas dentro de mim, as cordas que repousam por trás de minhas costelas, cada vez que você fala sinto cócegas, meu esqueleto inteiro treme dentro de mim. As bochechas e a área atrás do meu joelho esquentam, minha pele arrepia apesar de não fazer frio, o pingo solitário de suor que escorregava lentamente pela trilha da minha espinha para por um segundo e eu me torno completamente consciente da minha existencia, de como estou sentada, de como você me olha, e da sensação que as cordas de aço dão ao encostar nos meus ossos. De repente tudo em mim granula e por uns instantes eu sou uma tv sem sinal, sinto aquela coceira por debaixo da pele, aquela coceira de açúcar, ela se faz tão presente que é difícil acreditar que não existe. Quando me dou por mim já se passaram três milésimos de segundos e o pensamento fugiu, o vento sempre leva embora o que pode ser usado para racionalizar o sentimento, sentir e sentido não se combinam. Me sobram só os vestígios do que foi, às sensações estranhas e sem nome que me desdobro para traduzir em algo real no papel. Estremeci, tua voz me estremece a alma, e que bom que é ser sacudida pelo amor.

Cenas escritas no caféOnde histórias criam vida. Descubra agora