Hongjoong percorre a galeria. Estando sozinho, é difícil evitar refletir sobre o desperdício cômico de espaço e eletricidade. Consegue imaginar Yeosang indo para casa todos os dias e criando capítulos infinitos sobre seu chefe idiota: o elitismo, o esnobismo, a ganância, o verdadeiro devasso revelado, com entrevistas individuais com seu melhor amigo igualmente idiota, Choi San, cavaleiro do Vale do Silício.
E sinceramente não julgaria. Mesmo agora, esse tipo de dinheiro Hongjoong também não entende de certa forma, se essa é que essa seja a palavra certa. Claro que usufrui do luxo como um sapatinho de cristal com o qual nasceu, mas a realidade é que sua família nunca foi próspera. Os domingos sempre foram passados ajudando sua mãe a varrer o salão de cabeleireiro.
Hongjoong vagueia sem rumo, olhando para as telas, algumas pela primeira vez. Ninguém está por perto. O zelador já havia ido embora e desligado o aquecimento nos escritórios adjacentes. O lugar está surpreendentemente frio quando tira sua jaqueta, ar rígido em seus pulmões.
Já é inverno há muito tempo, ele percebe. Lá fora há neve nublando a cidade como uma explosão de fino amianto.
Desabotoa os punhos da camisa, enrola-os e pega uma vassoura e uma pá no armário do zelador.
O café de Seonghwa tem um sabor amargo que gruda teimosamente em seu paladar.
Começa pelo final, a entrada de seu escritório, e segue seu caminho de volta. Passando pela porta do curador, as salas da equipe regular e a mesa de Yeosang bem no outro extremo.
As coisas de Yeosang ainda estão desempacotadas em seu banco em números ridículos de caixas orgânicas de matcha latte alinhadas na parede e embalagens de doces espalhadas pelo chão, uma demonstração imprópria de desafio. Parece que não vai deixar Hongjoong demiti-lo, e claro, claro que ele não vai. Essa foi provavelmente a razão pela qual o escolheu em um grupo de cem, ele e sua ridícula falta de educação e tendência de juntar todas as coisas erradas.
- Joong!
Hongjoong quase deixa cair sua vassoura no chão quando se levanta e encontra Seonghwa com o rosto colado contra a janela da galeria. O sorriso de orelha a orelha demonstra satisfação consigo mesmo. Uma fina camada de neve está se acumulando em sua jaqueta. Segura uma sacola de compras vazia e bate com os nós dos dedos no vidro.
- Não vou conseguir carregar tudo. Sério.
Hongjoong olha de relance para o monte de lixo na pá e para o pequeno e esperançoso sorriso de Seonghwa, pendurado ao acaso em seu rosto.
E aqui está a verdade: embora possam não estar em um relacionamento, Hongjoong sempre permitiu que Seonghwa o arrastasse para onde quisesse, simplesmente não aprendeu a deixá-lo ir. Ainda não.
Então o segue. Desta vez para o supermercado.
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𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoong
Fanfiction"Gostaria de alcançar seu coração febril. Te esperar até viver uma pura fantasia. Gostaria de parar de sentir sua falta, fingir não me importar e acumular loucura. Quero te segurar firme em meus braços, sentindo a oportunidade de te amar finalmente...