Parte II

88 21 0
                                    

Sem Seonghwa, a vida faz mais sentido.  Hongjoong trabalha, dorme. O tempo beija suas palmas e sai pelas pontas de seus dedos. Suas gravatas estão perfeitamente enroladas em seu armário, seus relógios alinhados paralelamente nas gavetas.  Seus pratos e utensílios estão onde Seonghwa os empilhou na última vez que se aventurou a lavar a louça. Hongjoong os deixa onde estão. O inverno parece derreter como nunca antes.

Sua mãe o liga em uma noite calma. Fala sobre seu pai, a casa deles, o clima. Diz a ela que sente sua falta. Diz que vai visitar em breve. E ela responde esperar ser verdade, pois não voltava para casa há quatro anos e meio.

Em um piscar de olhos, Yunho já havia escoltado Wooyoung do aeroporto para o hotel e do hotel para a sala de conferências. Hongjoong come, bebe e faz amizade com ele, mesmo que apenas superficialmente. 

Wooyoung é barulhento e escandaloso quando ri, pensa enquanto senta o pintor em seu escritório, arquitetando mil e uma formas de ensiná-lo a não sorrir com toda a sua boca aberta. Caso contrário poderá assustar os compradores.

- O que você acha? - Wooyoung pergunta, uma faísca abita seus olhos do qual Hongjoong não estranha. Há dois trabalhos em seu portfólio.

Sorrindo brandamente, Hongjoong recita:

- Acho que as qualidades subaquáticas dos motivos contextualizam espacialmente a exploração dos elementos da montagem.

- Ei, nós dois fizemos trabalhos demais na faculdade de artes - Wooyoung diz - Não me venha com essa bobagem acadêmica.

Curiosamente, se lembra de ter ouvido algo semelhante de Seonghwa uma vez. 

Estuda as etiquetas de preço vazias na pintura de Wooyoung, passa o dedo na borda do telefone e se lembra de que Seonghwa se foi. Adeus.

𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora