Parte IV

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Voltam para casa juntos. Seonghwa não quer pegar o carro então Hongjoong o deixa estacionado na calçada. A neve ficou mais pesada, flocos gigantes flutuando como bolas de algodão. Hongjoong os observa pousar no cabelo de Seonghwa enquanto este pisa em um pedaço de gelo e desliza para o lado, uma mão enfiada nos bolsos da calça e a outra balançando uma sacola de supermercado para se equilibrar. Parece enganosamente infantil, de uma forma que nunca pareceu antes.

Este espera Hongjoong alcançá-lo. Quando ele o faz, caminham lado a lado, os ombros se esbarrando. Ao lado de Seonghwa, Hongjoong sente uma diferença de idade muito maior do que apenas um ano. Quando tinham dezenove, comemoravam seu aniversário juntos - e naquela época sentia como se Seonghwa fosse um ancião. Mas agora, aos vinte e quatro, anos depois do maior abandonar a faculdade poucos dias antes da formatura, Seonghwa parece permanecer com seus dezenove anos, imprudente, assustado e jovem.

- É engraçado, não consigo lembrar quantos anos você tem.

- Isso é porque eu sou imortal - responde, satisfeito consigo mesmo.

Hongjoong dá uma cotovelada em Seonghwa.

- Quer dizer, eu nunca vou ser tão velho quanto você, vovô - Seonghwa diz enquanto faz uma careta. Hongjoong prontamente deixa cair suas sucolas e pega um punhado de neve e enfia em sua camisa, rindo enquanto ele grita e o ataca de volta.

Duas horas depois, seus casacos estão úmido e os sapatos encharcados. Enquanto Hongjoong vai ao banheiro buscar toalhas, Seonghwa o segue cegamente enquanto despenteia a água de seu cabelo com as duas mãos.

- Seu cabelo ficou comprido de novo. - Hongjoong observa.

Seonghwa está parado na janela novamente, sua camisa fora do corpo e seus pés descalços. Uma pequena poça se forma sob ele, a água encharcando a borda de sua calça jeans. Ele olha para Hongjoong e sorri preguiçosamente.

- Você poderia cortar para mim.

- Ou você pode ir a um cabeleireiro.

Seonghwa espera até que Hongjoong esteja ao seu lado antes de falar.

- Mas eu prefiro quando é você quem faz.

Lá fora está Seul, a metrópole em geral, quilômetros e quilômetros de arranha-céus no céu e um gigantesco tsunami de cimento. Mais perto, logo abaixo, jovens carvalhos se alinham na rua, cada um ocupando um pequeno quarteirão da calçada. Estão nus, com a pele rachada e descascando. Pontas de cigarro e panfletos soltos, enterrados sob a neve enegrecida, povoam esparsamente as ruas de pedestres ao lado das massas anônimas. Todas as lâmpadas da rua piscam. As cafeterias brilham nas escuras esquinas.

Hongjoong pega uma mecha do cabelo de Seonghwa na palma da mão. O espalha entre os dedos. É úmido, escorregadio e áspero. O ar está quente em seus pulmões, seu coração como um pequeno grão de areia. Lentamente, a mão de Seonghwa envolve seu pulso, primeiro o polegar e o indicador, depois a palma achatando-se contra a pele. Hongjoong o observa levar suas mão aos lábios, observa a boca pressionando os nós de seus dedos, as costas da mão, a dobra do pulso voltada para baixo, a parte interna do antebraço, o osso de seu ombro. Ele estremece, mas não resiste.

Seonghwa apoia o queixo em seu ombro. Hongjoong estuda seus lábios, a borda de seus dentes e língua na penumbra da luz do corredor. Os olhos de Seonghwa estão pesados e em súplica, sabe o que está esperando, pode ouvi-lo respirar, sente seu batimento cardíaco, seus dedos inflexíveis em torno de seu pulso.

- Me beija, Joong. - Seonghwa sussurra.

Sem pensar, Hongjoong se inclina, totalmente cego mesmo que seus olhos estejam bem abertos.

Beija o lábio inferior de Seonghwa primeiro, casto, fazendo o mesmo com seu lábio superior. Então passa o polegar sobre a boca alheia, persuadindo-a a abrir. Seonghwa não perde tempo ao adentra-lo por seus lábios, afunda as bochechas em torno de seu dedo e lambe todas as suas extremidades. Seonghwa o empurra para trás até a parede mais próxima, de alguma forma, já desabotoou sua calça e está respirando pesadamente enquanto cai entre suas pernas, um braço segurando-o contra a parede, e a outra empurrando sua cueca para baixo.

O chupa exatamente assim, suas calças ásperas sobre suas coxas, palmas molhadas e pegajosas e quentes na parte de trás da cabeça de Seonghwa, um gemido estrangulado preso em sua garganta.

Não chegam até a cama. Em vez disso, Hongjoong o fode em uma cadeira na sala de jantar, as pernas de metal raspando, batendo e derrapando contra o chão, as luzes apagadas, as mãos como pedras em volta de sua coxa. O som de suas roupas friccionando, respirações aceleradas, corpos se amassando enchem os corredores até a borda. Hongjoong goza dentro dele com a mão em volta de seu pênis e os lábios colados em sua testa.

Seonghwa deixa suas mãos deslizarem pelas costas de Hongjoong. Enquanto o ar sai do seu interior, se pergunta se deveria contar a Seonghwa, sabe que deveria.

- Senti sua falta - diz Seonghwa.

E assim Hongjoong não consegue emitir um único som.

𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora