Parte XV - Fim

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Oito em ponto Hongjoong volta para a galeria. Uma semana se passou e tudo ainda está onde costumava estar, até o velho copo da Starbucks que havia esquecido em sua mesa lateral. San, sem surpresa alguma, está em uma emboscada com mais uma bagunça para ser limpa, e o punhado de estagiários corre impotente atrás de Hongjoong como de costume.

No meio do caminho com San constantemente tentando inserir uma palavra aqui e ali, Hongjoong vê uma mancha verde na bancada de trabalho no final do corredor. Seu estômago revira.

- Seu cabelo está horrível - Yeosang diz casualmente, bebendo do líquido verde não identificado.

Hongjoong franze os lábios.

- Se bem me lembro, você se demitiu.

- Estou me recontratando, então. - Yeosang responde, limpo como um alfinete.

- Não, Yeosang - Hongjoong explica, tão zangado que não consegue realmente começar a processar o quão bravo está - Você não pode largar um emprego e depois se auto contratar, assim como você não é deveria consumir esse líquido verde sem rótulo...

- Sim, mas ainda estou vivo. A vida nos prega cada peça, né?

- E o mais importante - San finalmente intercepta mais de uma frase pela primeira vez - Wooyoung e eu temos seis lugares reservados no Midnight Tofu's. O que me diz?

- Vou precisar de uma carona para casa - responde Yunho, enfiando a cabeça por cima do banco.

- Não seja espertinho. Ninguém te convidou - Yeosang diz. Yunho murcha e recua.

- Então? Quem topa?

Hongjoong pensa sobre isso. Ele nega. Há trabalho a ser feito. Sempre há trabalho a fazer. Pilhas e pilhas em sua mesa. Formulários a serem preenchidos, memorandos a serem lidos, perguntas a serem respondidas.

Embora San não esconda sua decepção, ele também não insiste. Eventualmente, o escritório de Hongjoong fica livre de intrusos e ele se senta à mesa, começando a trabalhar em um lote de documentos atrasados.

Não ergueu os olhos novamente até que o ponteiro das horas chegasse a seis e, é claro, encontra Seonghwa com o rosto colado na janela. Reprime uma risada.

Acenando com entusiasmo, Seonghwa imita algum tipo de gesto sobre se apressar. Sua respiração embaça o vidro. À distância, San pisca os faróis de seu carro. De alguma forma Hongjoong sabia que San iria usar Seonghwa como forma de o convencer.

- Ah...só dessa vez vai. - murmura para si mesmo deixando todos os papéis intocados, não lidos e incompletos sobre a mesa para vestir sua jaqueta e cachecol.

No estacionamento, os primeiros flocos de neve voam pelo ar como algodões, cada um ao som de uma melodia em escalas cromáticas, um átomo de uma polifonia crescente. Vai derretendo no murmúrio silencioso do branco sobre as estradas, os carros, os prédios, os ombros de Seonghwa, o cabelo de Seonghwa, os cílios de Seonghwa. Seonghwa está todo agasalhado e tremendo em seu velho casaco surrado, e é engraçado como metade da vida de Hongjoong está parada ali, com a mão estendida esperando por ele.

Acelerando sua caminhada, quase corre em direção a Seonghwa, feliz e zangado, solitário e apavorado. Com toda a miséria, arrependimentos e esperanças decepcionadas enterradas e queimadas em seu coração.

Em algum lugar lá fora um mundo alheio a esse está acabando em lamúrias e estrondos. Este também irá como todos outros, mas não ainda, não enquanto Seonghwa estende sua mão para Hongjoong, não quando lhe direciona o sorriso mais brilhante já antes visto e sela a promessa silenciosa de nunca mais ir embora pelo resto de suas vidas.

Desta vez, eles não olham para trás.

𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora