No momento em que o alarme das cinco e meia toca, Hongjoong já havia contado todas as ovelhas possíveis duas vezes. Seonghwa roncava levemente à sua direita, enrolado em si mesmo exceto por uma mão minuciosamente em volta do mindinho de Hongjoong, relaxado com o sono.
Seu travesseiro está caindo da cama. Hongjoong automaticamente o coloca de volta embaixo de sua cabeça antes de decidir de fato se levantar. Por alguns segundos não faz nada e apenas fica sentado, estudando o contorno do rosto delicado a sua frente. Às vezes, o maior possui essa proeza de parecer uma criança de cinco anos usando um rosto duas décadas mais velha, além de ser exatamente o tipo que lê mangá sob as cobertas em dias frios e come ovos cozidos feitos no microondas. Tem um talento especial para fugir, uma certa transparência da adolescência amontoada em uma noção idealista de propósito.
Hongjoong passa os dedos levemente pelo cabelo bagunçado do maior, imaginando brevemente quanto tempo levará até que desapareça novamente.
Já deveria saber a essa altura, mas nunca perguntou. Quando Seonghwa desaparece, Hongjoong não tem ideia para onde ele foi ou por quanto tempo planeja ficar. A primeira vez que Seonghwa se foi, ele voltou em uma semana. A última vez que Seonghwa se foi, foi há dois anos atrás.
Se Hongjoong se propusesse a tirar qualquer tipo de projeção a partir disso, não seria algo que queira pensar, não com o jeito nômade que Seonghwa vive. Não leva nada além das roupas do corpo junto àquela mochila cheia de latas de tinta e uma velha, amassada e desbotada foto de seu primeiro encontro - o qual Hongjoong prefere pensar que está lá não intencionalmente, mas porque Seonghwa se esqueceu de jogá-la fora.
Suspirando, Seonghwa rola para longe. Hongjoong o solta e pega seu telefone na escrivaninha.
O e-mail de Yeosang é o primeiro de uma longa lista reunida em seu celular. Passa por eles entre o meio tempo de se lavar e se trocar. Os classifica em pastas e os prioriza por cor, respondendo a alguns de forma desajeitada com uma das mãos. Encontra uma mensagem da mulher dizendo que havia esquecido o relógio e a apaga. Seonghwa se mexe levemente enquanto Hongjoong desliza para dentro do seu terno de três peças cinza. Ele não acorda.
Antes de ir trabalhar, acaba cozinhando para uma família inteira; faz meses desde que preparou um café da manhã descente. O cabo da panela parece estranho em sua mão, embora não de todo ruim. No apartamento há silêncio e há o calor da manhã.
Dixa para Seonghwa duas porções de ovo Benedict embrulhadas e centralizadas na mesa de jantar.
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𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoong
Fanfiction"Gostaria de alcançar seu coração febril. Te esperar até viver uma pura fantasia. Gostaria de parar de sentir sua falta, fingir não me importar e acumular loucura. Quero te segurar firme em meus braços, sentindo a oportunidade de te amar finalmente...