Parte IV

91 22 0
                                    

Dentro de dois meses Hongjoong abre todas as portas para Wooyoung. Linhas são desenhadas a 500.000₩, podendo ocorrer acréscimos com base na recepção projetada. Hongjoong e um casal acertam e finalizam os números entre si. Tudo está definido até Wooyoung decidir que não concorda com tais números.

- Isso é apenas tinta e tela.

- Certo - Hongjoong ecoa, quase revirando os olhos.

Wooyoung franze a testa, confuso.

- Mas as fiz com minhas próprias mãos. Sei o quanto valem, não quero que sejam arrastadas para essa coisa ridícula.

Hongjoong sente uma dor aguda em sua têmpora. Coloca o telefone na mesa e diz a Yeosang para buscar um café preto, bem quente.

- Tudo bem, você está certo. - responde baixo, passando o polegar em uma mancha na lateral de sua mão. - Mas então quanto valem? Cem? Mil? Ou talvez não tenha preço e pertença facilmente aos depósitos esquecidos de uma garagem empoeirada?

Sabe que não deveria, mas a imagem de Seonghwa dispara em sua mente. O sarcasmo escorre de seus lábios.

- Se a expressão humana não tem preço, então o que seria de Van Gogh em seu mais profundo desespero, ou o primeiro mergulho alegre do pincel de Picasso na tinta; você está nesse patamar, Wooyoung? Sua verdadeira arte, isenta de nossa ganância e vaidade, alienantes, primitivas.Woah! Eu não sabia que estava diante de alguém tão a frente de seu tempo! Então quer saber? Você vai cancelar esta exposição e revender tudo por um centavo a aficionados puros. Só assim as pessoas reconhecerão o verdadeiro valor de suas obras conforme você as vê. Eles vão comprar sua arte e apreciá-la pelo que ela é em sua essência, não pelo que eu os digo.

Yeosang retorna com uma xícara de café fumegante em mãos, sentindo o peso da atmosfera cair inteiramente em seus ombros nos poucos segundos que permaneceu ali.

Hongjoong o espera sair para voltar a falar.

- Ah, claro, e todos aqueles intelectuais de classe média que devoram aqueles falsos Warhols por estarem tão tocados pela integridade artística do homem, e aqueles críticos culturais que se reúnem em massa bajulando Koff porque não poderem negar sua vocação interior, eles também ficarão maravilhados com o seu talento mesmo sem todas essas 'coisas ridículas'. Nas esquinas de Londres, esses príncipes encantados vão pegar sua pintura barata e vão separá-la do lixo de alguma solteirona sem talento espalhada ao lado da sua e vão pensar...uau! Isso que é arte de verdade. Uma expressão impagável.

Hongjoong toca a lateral da pintura e cantarola baixinho.

- Vamos, faça isso. Desista. Salve-se desse absurdo e talvez você também possa pintar prédios e trens com spray como forma de ganhar a vida.

O lábio inferior de Wooyoung treme. 

- Pensei que fôssemos amigos. - ele diz.

𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora