Parte V

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Yeosang está em seu lugar habitual no escritório quando Hongjoong chega na manhã seguinte, folheando casualmente uma revista como se já não o tivesse demitido três vezes mês passado.

- Ainda está aqui? - comenta - Engraçado. Pensei ter lhe dito para empacotar suas coisas.

Yeosang acena com a cabeça vagamente sem se preocupar em olhar para cima.

- Absolutamente hilário, senhor.

- Me traz um café. Duas colheres de açúcar.

Yeosang murmura, a atenção ainda fixada em uma foto.

- Primeiro de tudo, acho que um mosquito mordeu seu pescoço.

Hongjoong olha através do espelho decorativo mais próximo e encontra uma mancha vermelha perto de sua clavícula. Reajusta rapidamente o cachecol, tentando parecer indiferente.

- Não entendo vocês dois - Yeosang diz, finalmente sentando-se ereto e o estudando através de seu reflexo.

O que ele não sabe é que Hongjoong também não.


- Yeosannie~

- Nunca mais me chame assim.

- Por que?

- É assustador.

Hongjoong então joga uma pilha de papéis na frente do nariz de Yeosang. Seonghwa, ao seu lado, pula tão forte com o barulho que quase cai do banquinho. Em uma sala do outro lado, dois estagiários lhe olham e riem um para o outro.

Yeosang rapidamente faz uma careta, tentando persuadir seu chefe a deixá-lo fazer apenas metade do trabalho.

- Está ouvindo Girls Generation no meio do expediente. Isso anula qualquer súplica do universo. - diz Seonghwa.

Yeosang está ocupado ficando vermelho por ter sido delatado quando Hongjoong se vira em sua defesa.

- Estranho, não havia um cara dançando Girls Generation no banheiro público outro dia?

O sorriso de Seonghwa diminui com a vergonha.

- Não-

- Começou o shade - Yeosang diz, presunçoso.

Hongjoong acaricia o cabelo de Seonghwa sem pressa, com uma pitada de ironia, apesar das tentativas do maior de se livrar dele.

- Eu apenas o tolero. Metade dele.

- Porque ele está loucamente apaixonado pela outra metade. - diz Seonghwa, e Hongjoong chuta o banquinho debaixo dele fazendo-o cair. Do corredor, San enfia a cabeça pela soleira da porta e quase perde o ar de tanto rir como se estivesse pronto para morrer a qualquer minuto, pulando, batendo na porta e tudo mais.

Hongjoong observa essa cena em nostalgia. Pouca coisa mudou nesses anos em que se conheceram. Ainda são os quatro; Yeosang sempre pronto para cair na mão com Seonghwa, e Seonghwa sempre terá sua mão enganchada preguiçosamente no bolso de Hongjoong. San, por outro lado, está sempre tentando aumentar seus pontos de amizade indiscriminadamente se mantendo atualizado e rindo de tudo que escuta.

- Não se iluda - Yeosang corrige - Alguma pobre garota já colocou um anel em seu dedo.

Então o sorriso congela no rosto de Seonghwa e a risada de San morre em um eco. De repente sente tudo mudando. Como uma leve rachadura após um grande terremoto.

- Como assim? - Seonghwa diz. E tudo desmorona.

- Ah - Yeosang diz, olhando para Hongjoong. O sangue parece ser drenado de seu rosto em um piscar de olhos. - Não, meu deus, hah, eu quis dizer...

A primeira vez que convidou Seonghwa para seu apartamento foi provavelmente a única vez que Hongjoong tomou a iniciativa. Havia diagnosticado erroneamente o exterior quieto de Seonghwa como racional; ele havia sido um recluso, uma celebridade local, o melhor de sua classe, e Hongjoong pensou que ter um conhecido como ele iria beneficiá-lo a longo prazo. Afinal, se as coisas desmoronassem, ele sempre poderia ir embora. E estava errado.

- Quem? - Seonghwa bate na cintura de Hongjoong, talvez um pouco forte demais.

- É brincadeira - San interrompe, muito rapidamente - Yeosang estava brincando.

Naquele dia a Coréia jogava no Japão na TV. Hongjoong estava sentado no sofá com uma cerveja e Seonghwa empoleirado em um cadeira giratória perto do balcão ao lado de seu cereal.

Eventualmente acabou trocando sua cerveja pelo cereal do maior, porque honestamente nunca gostou de cerveja e Seonghwa era barulhento demais mastigando aqueles pequenos pedaços crocantes. Dividiram uma tigela e uma colher já que Hongjoong só tinha talheres para um: Uma tigela. Um prato. Um garfo. Uma cadeira. Seonghwa apoiou a cabeça entre a curvatura do pescoço e ombro de Hongjoong entre a reprise da primeira e segunda temporada, descongelando em uma massa de ossos e letargia, um peso surpreendente do qual pensou poder se acostumar. Talvez. Por volta dessa época, pensou, foi quando ele começou realmente a querer-

- Um anel, uh - Seonghwa diz, sua voz ficando mais baixa. Um sorriso está começando a se estender em seus lábios novamente.

- Espera, pelo amor, Seonghwa, não foi isso que eu disse! - Yeosang grita com as duas mãos para cima, como se estivesse se rendendo.

Não foi perceptível, mas ele abaixou o braço e pousou no pulso de Hongjoong, como um pedido mudo para que negasse o mais rápido possível.

- Joong, você quase me enganou. - Seonghwa se vira para Hongjoong, rindo de repente.

Ele parece tão malditamente desesperado.

Hongjoong dá um passo para trás. Não consegue se ouvir respirando. Vê os estagiários na sala dos fundos, a equipe regular no estacionamento discutindo o jantar e a decoração, vê a neve se acumulando no chão como se estivesse prestes a sufocar a vida de qualquer coisa em seu caminho. Tudo está tão fodidamente frio de repente.

Mas ele pode consertar isso. Pode rir disso. Pode lutar contra Seonghwa e não resistir.

Ou não.

- Não, é verdade, eu estava saindo com uma mulher antes de você voltar. E agora estou noivo.

Hongjoong não percebeu que estava prendendo a respiração até seus pulmões arderem.

𝐀𝐁𝐘𝐒𝐒 | seongjoongOnde histórias criam vida. Descubra agora