Love x Friends

Capítulo 24

Damian corria pelos corredores da escola, sua respiração pesada e os passos ecoando nas paredes. Atrás dele, Emile e Ewen tentavam acompanhá-lo, mas estavam mais interessados em entender a situação do que realmente ajudá-lo.

— Damian! — Emile gritou, tentando alcançá-lo. — O que você fez?

— Sim, o que você falou pra aquela garota dessa vez? — Ewen completou, arfando enquanto corria.

Damian não respondeu. Ele apenas apertou o passo, os olhos fixos à frente, como se cada segundo perdido fosse irreparável.

— Ei! — Emile insistiu, quase esbarrando em uma parede ao virar o corredor.

Damian parou abruptamente, fazendo os dois quase colidirem com ele. Ele se virou para encará-los, os olhos brilhando em raiva.

— Calem a boca! Se vocês não vão me ajudar, então fiquem fora disso!

O silêncio pairou por um momento, os dois amigos chocados pela intensidade do tom de Damian. Ele não esperou por uma resposta; girou nos calcanhares e voltou a correr.

— Ele enlouqueceu — Ewen murmurou, ainda tentando recuperar o fôlego.

— O perdemos de vez.

Damian, agora sozinho, ignorou o burburinho de alunos ao seu redor enquanto continuava sua busca frenética por Anya.

"Onde você está?"

***

Na sala de aula, o ambiente estava mais silencioso, embora ainda carregado de tensão. Becky, com os braços cruzados e encostada em uma mesa, enquanto processava o que Charles tinha lhe contado.

Becky franziu a testa e soltou um suspiro frustrado.

— Então você tá me dizendo que minha amiga tá lá, chorando feito uma boba, porque ela interpretou tudo errado? — murmurou, mais para si mesma do que para Charles.

Ele deu um pequeno sorriso de canto.

— Parece que sim. Damian não fez nada de propósito. Nós nem sabíamos que ela estava ouvindo.

Becky revirou os olhos, ainda relutante em admitir que Damian não tinha culpa dessa vez.

— Tá, tá... — murmurou, descruzando os braços. — Então o Desmond é só um idiota inconsciente.

Com um movimento decidido, ela se afastou da mesa, claramente pronta para resolver tudo de uma vez.

— Onde você pensa que vai? — Charles perguntou, inclinando a cabeça.

— Alguém precisa consertar isso, né? Eu vou atrás da Anya — respondeu Becky, sem olhar para trás.

Antes que pudesse dar mais um passo, Charles segurou delicadamente seu pulso, fazendo-a parar. Becky olhou para ele, surpresa e impaciente.

— Não precisa — disse ele. — Damian vai resolver.

— Resolver? — Becky arqueou uma sobrancelha, incrédula. — Ele é um desastre ambulante quando se trata da Anya! Me pergunto qual dos dois é o mais desastrado.

Charles deu um leve sorriso, um que parecia carregar mais confiança do que qualquer palavra dita.

— Talvez seja o que você falou. Damian pode parecer indeciso, mas quando realmente importa, ele sabe o que fazer. É por isso que você deve deixar os dois lidarem com isso. Eles precisam desse momento.

Becky suspirou, hesitando. Por mais que quisesse intervir, algo na calma de Charles a fazia reconsiderar. Ela cruzou os braços novamente, relutante, mas decidiu dar um voto de confiança.

— Tá bom. Mas se ele estragar tudo, eu mesma resolvo — disse, finalmente soltando seu pulso do aperto de Charles.

— Ele não vai — Charles respondeu, ainda sorrindo.

Becky bufou, mas permaneceu na sala, embora inquieta. Parte dela ainda duvidava, mas outra parte, mesmo que pequena, queria acreditar que fossem capaz de se resolver finalmente.

***

Anya deixou o banheiro lentamente, ainda tentando recuperar a compostura. Ela respirou fundo, mas antes que pudesse dar mais um passo, uma voz familiar ecoou pelo corredor.

— Anya!

Ela congelou no lugar, reconhecendo de imediato o dono daquela voz. Quando olhou, viu Damian, parado ali, ofegante, como se tivesse corrido por toda a Éden para encontrá-la. Ele parecia completamente fora de si, os olhos ansiosos e fixos nela.

— Anya... — Ele começou, sua voz falhando por um momento. Ele deu um passo em sua direção, mas ela recuou instintivamente, erguendo a mão como se quisesse criar uma barreira invisível entre eles.

— Não chega mais perto — disse.

Damian parou imediatamente, surpreso com a reação dela. Ele a olhou por um longo momento, vendo seus olhos vermelhos e aquilo doeu em seu peito, vê-la daquela forma.

— É verdade? — Ele perguntou finalmente, sua voz carregada de urgência. — É verdade que você esteve chorando... por minha causa?