Capítulo 55

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Any analisava através da janela do trailer como Sabina estava há quase uma hora deitada entre o matagal, admirando o céu. Ela só pôde identificar pois ela havia deitado com as pernas para fora.

Any não queria ir até lá, afinal Sabina queria ficar sozinha, mas a menor sentia que parte de sua vida era sugada a cada segundo que estavam naquele clima ruim, então ela decidiu que iria até lá sim e, caso Sabina não quisesse falar com ela, então ela esperaria.

Abriu a porta do trailer e caminhou até ela, parando em sua frente com uma expressão triste em seu rosto.

-- Posso falar rapidinho com você? -- Any perguntou e Sabina a fitou. -- Eu vou ser rápida e prometo ir embora assim que eu falar.

-- Como assim ir embora? -- Sabina perguntou rapidamente.

-- Para o trailer. -- Any esclareceu e Sabina
suspirou aliviada.

-- O que foi? -- Sabina indagou se sentando e Any se jogou ao lado dela, empurrando matos compridos com o corpo ao se sentar.

-- Preciso que acredite que eu não fiz de propósito.
Eu sei que você não quer filhos agora, mas preciso que saiba que se você estiver grávida, nem que eu trabalhe dias seguidos, você vai ter uma gravidez segura.

-- Não é que eu não queira um filho agora. -- Sabina disse e Any segurou sua mão.

-- Nos tempos antigos seria estranho ter filho com tão pouco tempo estando juntas. -- Any disse e
Sabina mordeu seu lábio inferior. -- Você quer se certificar de que dará certo, não é? O transplante de cromossomo.

-- Em um mês vai ser a primeira tentativa. E se der errado e eu estiver grávida? Não vou ter tempo de trabalhar tanto com uma criança.

-- Suas amigas nos ajudarão nisso e, bem, eu vou estar lá. Não é como se você estivesse sozinha nisso. -- Any disse e Sabina encostou sua cabeça no ombro da menor. -- Mas pense por outro lado, talvez você não esteja grávida. Sua menstruação acabou antes de ontem, os óvulos estão apenas amadurecendo ainda. Temos mais chances do que se estivesse no período fértil.

-- Mas mesmo assim, a gente transou muito.
Conheço a porcentagem de chance de estar grávida.
-- Sabina disse e Any a olhou.

-- Desculpe. -- Sabina negou com a cabeça.

-- Eu que peço desculpas, não deveria ter falado daquele jeito com você. -- Sabina disse e Any passou um braço pela cintura da maior. -- E se tivermos um bebê ele será bem-vindo.

-- E se estiver, bem, faltarão só quatorze. -- Sabina
riu e se aconchegou nos braços de Any.

-- Não teremos quinze filhos, esqueça esse sonho. -
- Sabina disse e Any riu.

-- Está bem. -- Any disse sorrindo.

-- E se eu estiver grávida, o vírus voltar e nosso bebê for menino? -- Sabina perguntou baixinho, deixando sua respiração tocar o pescoço de Any.
Da outra vez morreram mesmo na barriga das grávidas, Any.

-- Não vai acontecer. O babaca do Reid morreu.
Não teremos outra catástrofe dessas.

-- Eu tenho medo. -- Sabina confessou e Any a abraçou mais forte. -- Se essa merda voltar pode me tirar você.

-- Eu não vou a lugar nenhum. -- Any disse acariciando as costas de Sabina.

-- Obrigada. -- Sabina sussurrou, sentindo um beijo em sua testa antes do silêncio se instaurar.

-- Amor, estamos no mato. Podemos dar uma aqui para nos despedir com estilo. -- Any disse e Sabina riu.

-- Você não sossega esse pinto.

-- Confessa que você gosta dele que eu sei. Ele é charmoso e bonitinho. -- Any disse.

-- Ele é lindo. -- Sabina disse rindo. -- Mas vou ficar com ciúmes desse amor incondicional todo que você nutre por ele.

-- Amor só por você. -- Any disse e Sabina ergueu a cabeça apressadamente.

-- O que disse?

-- Que amor só por você. -- Any disse, esboçando um sorriso singelo. -- Não sei quando virou amor, mas eu te amo. -- O coração de Sabina acelerou e ela ficou sem expressão por algum tempo, até que finalmente sorriu abertamente. -- Por isso vim me desculpar, levei semanas para voltar a te beijar, não quero te perder de novo.

-- Está dizendo isso só para transarmos aqui? --
Sabina perguntou brincando.

-- Sabina, não pode levar tudo na brincadeira o tempo inteiro. -- Any disse o que Sabina havia lhe dito uma vez e a menor riu.

-- Eu tenho duas coisas para te falar. -- Sabina disse antes de depositar um beijo nos lábios de Any. --
Uma é que eu também te amo.

-- E a outra?

-- Não iremos transar no mato. -- Any olhou para o meio de suas pernas e suspirou.

-- Ele é perversa, viu só, meninão? Deu a notícia boa para logo tacar gelo no meu rabo.

-- Para de falar com ele como se ele fosse uma pessoa, Any. -- Sabina disse e Any negou.

-- O meninão é da família, Sabina. Eu sei, as meninas sabem e você também. -- Any disse naturalmente.

-- Você está louca. -- Sabina disse se levantando.

-- Ele foi meu único companheiro por anos. Não me critique. -- Any disse se levantando também. --É tipo onde o náufrago fala com uma bola, mas no meu caso são duas.

-- Fica quietinha, meu amor. -- Sabina disse rindo, entrelaçando seus dedos nos da maior. -- Agora vem, é hora de irmos embora. Adeus meio do nada e olá grande cidade.

-- Sabe que vou precisar me esconder lá, não é?

-- Só por esse mês, estou apostando no transplante e aí todo mundo vai poder ter filho e vão deixar minha namorada gostosa em paz. -- Sabina disse sorrindo e Any assentiu.

-- Se me pegarem e decidirem assassinar a dona do último pênis, peça para cortarem ele fora, não quero morrer. -- Any disse e Sabina riu, começando a caminhar de mãos dadas com a maior de volta para o trailer.

-- Estou ouvindo ele reclamar dizendo que isso é traição, porque ele diz que é da família. -- Sabina disse e Any assentiu.

-- Ele é, mas tenho chances de ser mãe, prefiro viver sem pinto do que não conhecer meu bebê. --
Sabina se virou para ela e sorriu encantada.

-- Ele ajudou nesse processo. -- Sabina disse.

-- Mas minha namorada é cientista e encontraria um jeito de ainda usar meus cromossomos Y
mesmo sem o meninão. -- Any disse orgulhosa.
E ainda quero conhecer meu bebê.

-- Sabe que ouvindo você falar assim dá até vontade de torcer para dar positivo? -- Sabina perguntou fitando as orbes verdes.

-- Então vamos voltar para o mato e foder o resto do mês todo lá que esse positivo sai. -- Sabina
negou e selou os lábios de Any.

-- Não iremos transar.

-- Droga. -- Ela disse, deixando seus ombros caírem.

-- Droga, comprei um binóculo a toa. -- Heyoon gritou da janela do trailer ao lado e Sabina a fuzilou com os olhos.

-- Heyoon!

-- O quê? Eu queria ver ele em ação.

-- Veja pornô.

-- Gosto de viver perigosamente, dá licença. -- Ela disse entrando e Sabina negou com a cabeça.

Estava cercada de loucas.

O Último pênis- Sabiany/ LarinasOnde histórias criam vida. Descubra agora